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Comportamentos e práticas familiares nos domicílios escravistas de Castro(1824-1835)segundo as listas nominativas de habitantes

Melo, Kátia Andréia Vieira de 03 April 2012 (has links)
RESUMO O presente trabalho de pesquisa empreende um estudo sobre o comportamento e as práticas familiares dos escravos de Castro nas primeiras décadas do século XIX. Utiliza como fonte principal as Listas Nominativas de Habitantes de 1824, 1829 e 1835, documentos estes que contém uma variedade de informações sobre a estrutura dos domicílios de Castro e de sua população escrava. Como complemento, fizemos uso ainda de alguns dados contidos nos Registros de Casamentos (1800-1824) e nas Fichas de Batismo (1801-1820) que trazem algumas pistas acerca das sociabilidades dos escravos castrenses no início do século; as cópias transcritas destes documentos encontram-se arquivadas na Casa da Cultura em Castro. Nossos resultados destinam-se a contribuir para o novo enfoque da historiografia sobre famílias escravas no Brasil que sustenta que, apesar dos obstáculos colocados pelo tráfico e pela escravidão, os escravos formavam família no cativeiro. Não compunham uma massa de desregrados cujas uniões eram instáveis e sem normas de convívio. Até mesmo nas regiões agroexportadoras da economia brasileira, cujo intenso ritmo de trabalho comprometia a integridade física e social dos escravos, pesquisas recentes demonstram elevados índices de casamentos entre a massa cativa. Organizando os dados de nossas fontes por meio de gráficos e tabelas capazes de manifestar comportamentos e práticas familiares entre escravos, pretende-se comprovar que a conformação de famílias se efetivou em Castro mesmo num período de mudanças na escravidão do Paraná operadas sobretudo pelo tráfico negreiro. Enfatiza-se, ainda, que a condição não exportadora da economia paranaense combinada com a estabilidade atingida pelas maiores posses da região (que coincidia com a maturidade etária dos senhores) configuravam-se determinantes para a durabilidade das famílias no decurso dos anos. Os escravos, nestas condições, não apenas casavam-se mais tendiam a manter suas famílias unidas por longo período de tempo. Neste mercado matrimonial uma série de variáveis, com destaque a cor, idade, sexo, procedência e condição jurídica dos nubentes, combinavam-se à realidade do cativeiro ora facilitando e ora escasseando as oportunidades conjugáis dos escravos. O cativeiro pode ter comportado um conjunto de regras e normas sociais reconhecidas e valorizadas pela comunidade. Diferente do que sustenta a tradicional historiografia, este estudo é mais um dos exemplos de que a instabilidade e a promiscuidade não imperaram como normas durante a escravidão. A família era valorizada e respeitada no interior das escravarias. Tudo indica que tanto os senhores quanto os cativos, cada um a seu modo, estavam convencidos da relevância das famílias escravas. A própria sobrevivência da escravidão pode ter dependido fortemente deste consenso. Palavras-chave: escravidão; família escrava; Castro;

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