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Ondas de interiorização do profissionalismo médico e o desenvolvimento em São CarlosAlmeida, Fabio de Oliveira 06 June 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-06-06 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) / Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) / This research analyzed, in the local power of São Carlos (SP), the connections
between medical professionalism, urban and industrial development and the political
centralization of the Brazilian nation state, which conditioned specific waves of
interiorization of medical professionalism, as well as particular professional rip current.
The focus is oriented to the period of 1889 to 1988, when have occurred three waves of
interiorization of medical professionalism and two professional rip currents. The first
wave (1889-1930) happened at the beginning of the Republic, in the context of a
decentralized political system (coronelismo) and of a parallel growth of the São Carlos’
coffee production. This allowed the first impulse of the local urban economy, the
emergence of some new public health and medical assistance services and the
establishment of an initial but effective medical market. Some new physicians arrived in
the locality, whose specialization was commonly in general practice. Very soon, these
professionals were integrated into the local social stratification, working as liberal
professionals and in the Santa Casa de Misericórdia de São Carlos. The second wave
(1948-1966) was characterized by the local effects of the political centralization of the
state and its new role in the Brazilian urban and industrial development as well as in the
organization of a national health system. The preview alliance between physicians and
the São Carlos’ coffee elite became less important than in the past. The central state
became more powerful and begun to compete with the local elites in the countryside of
Brazil. This is the moment of the medical reaction to the socialization of medicine, when
local physicians create the Sociedade Médica de São Carlos. In this period, there was an
important historical trend of young local citizens (born in São Carlos), who went out to
study medicine, but returning back later to work as physicians. As their antecessors,
these young professional worked in the general practice. Otherwise, the third wave
(1970-1988) arose since the reaction of physicians against some problems with the
medical assistance of the state pension system. Indeed, the period also verified the
organization of a new hospital, Casa de Saúde e Maternidade São Carlos, as well as the
construction of a new building for Santa Casa de Misericórdia. São Carlos observed a
relevant urban and industrial growth, paralleled by the increase of groups of industrial
workers and urban middle classes. Aside the interiorization of medical faculties,
professionals who have studied in these new faculties arrived São Carlos, not to act in
general practice, but as specialists. Since a tied and smaller medical market as well as
the condition of exporter of patients, São Carlos became polo of attraction for
professionals and patients from other localities. This favored the creation and expansion
of the UNIMED São Carlos, which responded to the higher demand for local medical
services, the crisis in the medical assistance of the pension system and new obstacles
from the market of private medical group sector. Both UFSCar and USP São Carlos
intertwined with the growth of the locality, as well as with physicians, in order to
increase the hospital services of São Carlos. As professional rip currents, between the
first and the second waves, and between this one and the third wave, some reverse social
processes acted historically in an opposite way in relation to each mentioned wave,
favoring the occurrence of the next one. At the end of this period, emerged a
combination of historical factors, such as: increase of the medical group sector (specially
the UNIMED); the worst of the state medical assistance; political movements of
physicians; emergence of the collective health; different role of industries in the
Brazilian development; democratization; and decentralization of the national health
system, which led to the creation of SUS. / Este trabalho analisou, no contexto do poder local de São Carlos (SP), as
conexões entre o profissionalismo médico, o desenvolvimento urbano-industrial e a
centralização política de Estado brasileiro, o que condicionou específicas ondas de
interiorização do profissionalismo médico, assim como certas correntes profissionais de
retorno. O foco do trabalho dirigiu-se para a investigação dessas questões no período de
1889 e 1988, quando se verificaram três ondas de interiorização do profissionalismo
médico e duas correntes profissionais de retorno. A primeira onda (1889-1930)
aconteceu em meio ao início da República, à relativa descentralização política do
coronelismo e ao paralelo crescimento da economia cafeeira paulista e, em particular,
por sua pujança em São Carlos, que provocou o primeiro impulso da economia urbana
local, a criação dos primeiros serviços de saúde pública e assistência médica e pelo
estabelecimento de um inicial, mas efetivo mercado médico local. Houve a chegada dos
primeiros médicos a localidade, com perfil generalista e que logo se inseriram na
estratificação social local. Neste caso, predominou a atividade médica liberal e junto à
Santa Casa de Misericórdia. A segunda onda (1948-1966) foi caracterizada pela
centralização política do Estado, seu papel no desenvolvimento urbano-industrial e no
sistema de saúde nacional. Diante dessas mudanças, as anteriores relações de aliança dos
médicos com, especialmente, a elite agrária local, deixam de ser tão decisivas, já que o
Estado central passou a rivalizar com o poder das elites locais. Este é o momento de uma
reação médica à socialização da medicina, a partir da criação da Sociedade Médica de
São Carlos. Houve um movimento importante de filhos de famílias são-carlenses que
saíram do município para estudar medicina, voltando a São Carlos para desenvolver suas
carreiras. Os profissionais ainda apresentam o predomínio do perfil generalista. Já a
terceira onda (1970-1988) decorreu, em parte, da reação médica frente aos problemas da
assistência médica previdenciária. Este período foi marcado pelo surgimento da Casa de
Saúde e Maternidade São Carlos, assim como pela ampliação da Santa Casa de
Misericórdia, em meio a um maior desenvolvimento industrial e urbano local, com
ampliação de setores operários e de classes médias urbanas. Favorecido ainda pela
interiorização de cursos de medicina, este período verifica a chegada de novos
profissionais especialistas formados em cursos mais novos. De um mercado menor,
fechado e exportador de pacientes, São Carlos tornou-se polo de atração de profissionais
e pacientes de outras localidades. Isso impulsionou a criação e expansão da UNIMED
São Carlos, em resposta a maior demanda por serviços médicos locais, à crescente crise
da assistência médica previdenciária e às pressões de certos setores de convênios
médicos privados. No período, a UFSCar e a USP São Carlos se articularam ao
crescimento do município, envolvendo-se com outros grupos locais e médicos e em
melhorias no sistema hospitalar são-carlense. Como correntes profissionais de retorno,
entre a primeira e a segunda ondas, e entre a segunda e a terceira, observou-se a
ocorrência de fatores sociais que, enquanto contra processos sociais, arrefeceram,
relativamente, cada prévio movimento de onda de interiorização, favorecendo a
emergência, em cada caso, de uma nova ondas de interiorização. No final do período
analisado, ainda se nota o crescimento dos convênios médicos, em especial da UNIMED
São Carlos, bem como piora na assistência médica estatal, movimentos médicos de
reinvindicação trabalhista e movimentos de grupos envolvidos com a ascensão da saúde
coletiva, que buscavam a reforma do sistema nacional de saúde, já no contexto de crise
do desenvolvimento urbano-industrial, de redemocratização do país pós-ditadura militar
e de ações descentralizadoras da área da saúde, que desembocaram na emergência do
SUS.
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