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Quando o bem entrelaça gerações : patrimônio cultural imaterial e relacionalidade a partir da economia civil

Braun Neto, Jorge 05 December 2014 (has links)
Made available in DSpace on 2016-12-01T19:11:34Z (GMT). No. of bitstreams: 1 121532.pdf: 2292179 bytes, checksum: 257dfecba7225159c419468a557e1c61 (MD5) Previous issue date: 2014-12-05 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / The purpose of this study is to understand in which way the intangible cultural heritage can be considered intergenerational intergerational relational good from the civil economy approach. This study makes use of three theoretical categories: intangible cultural heritage, relational goods and civil economy. Cultural heritage comes from the UNESCO declaration on the Protection of the World Cultural and Natural Heritage 1972, which recognizes for the first time in history the existence of a common heritage to humanity. In 2003 UNESCO approves a specific Convention for the Safeguarding of the Intangible Cultural Heritage. The usual view on the protection and promotion of these goods puts to one side the state (public good) as largely responsible for safeguarding and on the other, the market (private good). However, by their nature, such intangible cultural heritage are established before private or public, as relational goods. Relational goods are those in which your enjoyment (utility) depend on establishing relationships with others, through reciprocity as gift. They both need a relationship to be enjoyed as improves the cohesion of those relations, also strengthening community relationships promoting the public happiness. Relational goods and public happiness are concepts used by the Italian approach to civilian economy, which arises in the so called Italian Civil Humanism, and has a broader understanding of the relationship between state and market, seeking first to understand how the three structuring logics of social order can coexist: reciprocity, redistribution and exchange, in the quest for the establishment of civil happiness. Therefore, this study uses eminently theoretical approach. First we present the definition of intangible cultural heritage from international conventions. Then, it outlines the emergence of the civilian economy and the way in which the civilian economy understands the relationship between state, market and civil society. Subsequently identifies the different categories of goods, specifically the relational goods, proposing a theoretical framework for understanding the different categories of goods, including relational, according to the assumptions of the civilian economy. It is suggested to consider the ramifications in the time perspective of relational goods within the properties of relational goods. Is used secondarily two cases to illustrate this relationship: the Cirio de Nazaré and Samba de Roda no Recôncavo Baiano. Are proposed analytical developments when considering the intangible cultural heritage as a intergenerational relational good from the approach of the civilian economy. We conclude that the intangible cultural heritage can be considered an intergerational relational good when viewed from certain assumptions civil economy, especially the magnified view of the market, state and civil society as favorable spaces to establish ties of reciprocity-gift, which implies in particular understand the market as space of the civil, state as promoter of relationality and relational goods through the principle of subsidiarity and the civil society structured by the generosity and spontaneity of the gift. / Este trabalho busca compreender em que medida o patrimônio cultural imaterial pode ser considerado um bem relacional intergeracional a partir da perspectiva da economia civil. Para tanto este trabalho utiliza-se de três categorias teóricas: o patrimônio cultural imaterial, os bens relacionais e a economia civil. O patrimônio cultural afirma-se com a Declaração da UNESCO para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural de 1972, que reconhece pela primeira vez na história a existência de um patrimônio comum a todos. Em 2003 a UNESCO aprova uma convenção específica para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. A visão habitual acerca da proteção e promoção destes bens coloca de um lado o estado (bem público) como grande responsável pela sua salvaguarda e, do outro, o mercado (bem privado). Contudo, por sua natureza, tais bens imateriais se estabelecem, antes de privados ou públicos, como bens relacionais. Bens relacionais são aqueles em que a sua fruição (utilidade) dependem do estabelecimento de relações com os outros, por meio da reciprocidade enquanto dom. Eles tanto necessitam de uma relação para serem desfrutados quanto promovem a coesão dessas mesmas relações, fortalecendo também as relações dentro de uma comunidade e estimulando a felicidade pública. Os bens relacionais e a felicidade pública são conceitos utilizados pela abordagem italiana da economia civil, que surge no chamado Humanismo Civil italiano, e possui uma compreensão mais alargada sobre as relações entre estado e mercado, buscando compreender primeiramente como podem coexistir as três lógicas estruturantes da ordem social: reciprocidade, a troca e a redistribuição, na busca pelo estabelecimento da felicidade civil. Para tanto, este estudo se utiliza eminentemente de abordagem teórica. Primeiramente apresenta-se a definição de patrimônio cultural imaterial a partir das convenções internacionais. Em seguida delineia-se o surgimento da economia civil e a forma pela qual a economia civil compreende a articulação entre estado, mercado e sociedade civil. Posteriormente identifica-se as diferentes categorias de bens, especificamente os bens relacionais, propondo um arcabouço teórico para a compreensão das diferentes categorias de bens, incluindo os relacionais, de acordo com os pressupostos da economia civil. Sugere-se os desdobramentos em se considerar a perspectiva temporal dos bens relacionais dentro das propriedades dos bens relacionais. Utiliza-se secundariamente dois cases para ilustrar esta relação: o Círio de Nazaré e o Samba de Roda no Recôncavo Baiano. Propõem-se desdobramentos analíticos ao se considerar o patrimônio cultural imaterial como bem relacional intergeracional a partir da abordagem da economia civil. Conclui-se que o patrimônio cultural imaterial pode ser considerado um bem relacional intergeracional quando observados de certos pressupostos da economia civil, em especial a visão ampliada do mercado, estado e sociedade civil como espaços propícios para o estabelecimento de laços de reciprocidade-dom, que implica especialmente compreender o mercado como espaço do civil, o estado como promotor de relacionalidade e bens relacionais através do princípio da subsidiariedade, e a sociedade civil como espaço estruturado por meio da gratuidade e da espontaneidade do dom.

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