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O conceito de civilização na Antiguidade Tardia Romano-OrientalLossio Junior, Walter Oliveira 08 December 2010 (has links)
Resumo: Trabalhar com qualquer tema relacionado à porção Oriental de nosso planeta não é das tarefas mais fáceis. As fontes são menos conhecidas, as traduções nem sempre são confiáveis, entre outras várias questões. Tudo isso diminuí, consideravelmente, os parâmetros de comparação tão úteis em qualquer estudo historiográfico. Felizmente, estas restrições são cada vez “menos respeitadas” e diversos autores procuram contornar estes problemas e produzir obras que recolocam o Oriente no mapa. A fonte primária desta dissertação provém de três manuscritos diferentes. O primeiro, encontrado no século IX, foi primeiramente chamado de Vaticanus; os outros dois, ambos encontrados no século XI, foram inicialmente denominados Sinaiticus e Laurentianus. Muito se discute sobre a integridade da obra. Alguns autores consideram que estes três manuscritos são partes de obras distintas, mas como não se encontrou mais nenhuma produção literária deste mesmo autor, fez-se regra compilar e editar estes três manuscritos como uma única obra, a “Topografia Cristã”, escrita por um viajante e comerciante alexandrino denominado Cosme Indicopleustes, ou Cosme, o navegador do Índico. A obra deixada por ele relata toda uma ideologia político-cultural do contexto de seu autor. A unificação da fé católica sob a tutela de Constantinopla, proposta política e religiosa promovida por Justiniano, aparece no texto na visão própria e singular de Cosme, demonstrando que este aspecto se encontrava fortemente inserido na cultura interna do Império Romano Oriental. Cosme é um paradigma inevitável entre os pensamentos científico e religioso. Utiliza-se de fatos, dados matemáticos e inúmeros outros artifícios quando estes o favorecem, mas sempre manipula os resultados para que nunca ultrapassem suas pré-concepções retiradas diretamente das Sagradas Escrituras. A obra foi escrita durante o reinado de Justiniano (527 – 565), imperador nascido em Skopje, na região da Macedônia e sobrinho do imperador Justino, que havia chegado ao trono por meios militares. Foi educado em Constantinopla e viu o conflito com o Ocidente atingir seu ápice, com a perseguição de seu tio as seitas heréticas cristãs. É, também, personagem considerado por muitos como o último imperador do Império Romano do Oriente e o primeiro do Império Bizantino. Este período de transição transpareceu em seus atos políticos. Foi com Justiniano que aconteceu a última tentativa de uma política de reunificação dos antigos territórios do Império Romano, além de representar a primeira vez que esta iniciativa partia do lado oriental do território. A “Renovatio Imperium” foi um audacioso projeto de reconquista dos territórios ocidentais (como a Península Itálica e o Norte da África) e de expansão aos territórios orientais, representados imediatamente pelos maiores rivais dos bizantinos, os Persas da dinastia Sassânida. Resgatava-se uma velha ideologia ante ao Ocidente, qualquer território uma vez romano é, para sempre, inalienável do império.
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