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O que as psicoses ordinárias ensinam? / What ordinary psychoses teach?

Angelica Cantarella Tironi 26 September 2012 (has links)
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro / A psicose ordinária se insere em um programa de investigação do Campo freudiano que relê a transmissão de Lacan a partir das ferramentas teóricas de seu último ensino. Ela se apoia na constatação de casuísticas onde não acontece o desencadeamento clássico e ruidoso, tal como o da psicose extraordinária. Ao contrário, a sintomatologia é discreta e exige do psicanalista uma atenção redobrada em relação à referência estrutural de uma psicose clássica. Partimos da investigação desta clínica estruturalista das psicoses, do primeiro ensino de Lacan, e avaliamos se o significante Nome-do-Pai persiste como operador único no diagnóstico diferencial. Ou se, desde as modificações introduzidas por Lacan a partir da pluralização do Nome-do-Pai, da inserção dos conceitos de lalíngua e falasser, e da valorização do gozo na clínica mais fluída, borromeana, o operador em questão pode ser substituído pelo sinthoma. A categoria de psicose ordinária reconsidera de uma forma diferenciada a foraclusão deste significante a partir do objeto de gozo, e esclarece a pluralidade de significantes-mestres, que falam do sujeito fora do discurso estabelecido pelo Nome-do-Pai. Em seguida, estudamos dois aforismos lacanianos. O primeiro, todo mundo é louco, isto é, delirante, convoca uma clínica ordenada pela foraclusão generalizada, na qual se inscreve algo da ordem de um não orientado. O segundo, o aforismo a relação sexual não existe, causa impasse em todos os sujeitos. Ambos requerem a resposta do falasser face ao indizível e a construção de uma saída singular, que não passa de um delírio apreendido em uma positividade. Afinal, se a psicanálise de orientação lacaniana institui que todos os discursos são defesas contra o real, e todas as construções da realidade são delirantes, é necessário que cada um invente um modo de saber-fazer com o real. / Ordinary Psychosis is part of a research program in the Freudian Field to reconsider Lacanian ideas, specially the theoretical concepts of his last teaching. It is supported by clinical case observations, when there is not a classical and evident triggering, as it happens with extraordinary psychotic cases. On the contrary, symptomatology is discreet and demands from the analyst double attention regarding to a structural reference of classical psychosis. We start from the investigation of psychotic structural clinic, from Lacanian first teaching, to evaluate if the Name-of-the-Father persists as a unique reference for the differential diagnosis or if it can be replaced by the sinthome, according to the modifications Lacan introduces when he proposes plural names of the father, as well as the concepts of lalangue and speaking being more coherent to a fluid and Borromean clinical evaluation. Such category of ordinary psychosis reconsiders, in a different way, the significant foreclosure in terms of the jouissance object and also clarifies the pluralization of master significants which stand for the subject outside the discourse established by the Name-of-the-Father. Next, we studied two Lacanian aphorisms. The former, Everyone is mad, that is, delirious invites to a clinical approach coordinated by a generalization of foreclosure in which something disoriented is inscribed. The latter, the aphorism the sexual relation does not exist causes impasse for all subjects. Both require from the speaking being an answer facing what is impossible of being said and the construction of a singular way out which cannot be positively apprehended as anything else but a delusion. Nevertheless, if Lacanian oriented psychoanalysis institutes that all discourses are defences to the real and all constructions of reality are delirious, it is necessary for everyone to invent their know how to do with the real.
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O que as psicoses ordinárias ensinam? / What ordinary psychoses teach?

Angelica Cantarella Tironi 26 September 2012 (has links)
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro / A psicose ordinária se insere em um programa de investigação do Campo freudiano que relê a transmissão de Lacan a partir das ferramentas teóricas de seu último ensino. Ela se apoia na constatação de casuísticas onde não acontece o desencadeamento clássico e ruidoso, tal como o da psicose extraordinária. Ao contrário, a sintomatologia é discreta e exige do psicanalista uma atenção redobrada em relação à referência estrutural de uma psicose clássica. Partimos da investigação desta clínica estruturalista das psicoses, do primeiro ensino de Lacan, e avaliamos se o significante Nome-do-Pai persiste como operador único no diagnóstico diferencial. Ou se, desde as modificações introduzidas por Lacan a partir da pluralização do Nome-do-Pai, da inserção dos conceitos de lalíngua e falasser, e da valorização do gozo na clínica mais fluída, borromeana, o operador em questão pode ser substituído pelo sinthoma. A categoria de psicose ordinária reconsidera de uma forma diferenciada a foraclusão deste significante a partir do objeto de gozo, e esclarece a pluralidade de significantes-mestres, que falam do sujeito fora do discurso estabelecido pelo Nome-do-Pai. Em seguida, estudamos dois aforismos lacanianos. O primeiro, todo mundo é louco, isto é, delirante, convoca uma clínica ordenada pela foraclusão generalizada, na qual se inscreve algo da ordem de um não orientado. O segundo, o aforismo a relação sexual não existe, causa impasse em todos os sujeitos. Ambos requerem a resposta do falasser face ao indizível e a construção de uma saída singular, que não passa de um delírio apreendido em uma positividade. Afinal, se a psicanálise de orientação lacaniana institui que todos os discursos são defesas contra o real, e todas as construções da realidade são delirantes, é necessário que cada um invente um modo de saber-fazer com o real. / Ordinary Psychosis is part of a research program in the Freudian Field to reconsider Lacanian ideas, specially the theoretical concepts of his last teaching. It is supported by clinical case observations, when there is not a classical and evident triggering, as it happens with extraordinary psychotic cases. On the contrary, symptomatology is discreet and demands from the analyst double attention regarding to a structural reference of classical psychosis. We start from the investigation of psychotic structural clinic, from Lacanian first teaching, to evaluate if the Name-of-the-Father persists as a unique reference for the differential diagnosis or if it can be replaced by the sinthome, according to the modifications Lacan introduces when he proposes plural names of the father, as well as the concepts of lalangue and speaking being more coherent to a fluid and Borromean clinical evaluation. Such category of ordinary psychosis reconsiders, in a different way, the significant foreclosure in terms of the jouissance object and also clarifies the pluralization of master significants which stand for the subject outside the discourse established by the Name-of-the-Father. Next, we studied two Lacanian aphorisms. The former, Everyone is mad, that is, delirious invites to a clinical approach coordinated by a generalization of foreclosure in which something disoriented is inscribed. The latter, the aphorism the sexual relation does not exist causes impasse for all subjects. Both require from the speaking being an answer facing what is impossible of being said and the construction of a singular way out which cannot be positively apprehended as anything else but a delusion. Nevertheless, if Lacanian oriented psychoanalysis institutes that all discourses are defences to the real and all constructions of reality are delirious, it is necessary for everyone to invent their know how to do with the real.

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