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Manifestações Neurológicas em Doentes com Mucopolissacaridose: Série de Casos num Centro de Referência PortuguêsDiana Cristina Carvalho da Rocha 24 March 2022 (has links)
Introdução: As mucopolissacaridoses são um grupo de doenças lisossomais de sobrecarga, causadas por deficiência das enzimas necessárias à degradação dos glicosaminoglicanos, o que leva à sua acumulação em células e tecidos, resultando em disfunção tecidular e de órgão com manifestações clínicas multissistémicas e progressivas. Este estudo descreve as manifestações neurológicas e as alterações de neuroimagem nos doentes com mucopolissacaridose de um Centro de Referência para as Doenças Hereditárias do Metabolismo português.
Métodos: Trata-se de um estudo observacional descritivo de uma série de casos de doentes com mucopolissacaridose, avaliados nos últimos 25 anos na Consulta de Pediatria do Centro de Referência para as Doenças Hereditárias do Metabolismo de um Hospital Universitário de Nível III. Os dados foram colhidos através da consulta de registos clínicos eletrónicos, processos clínicos digitalizados e exames complementares de diagnóstico.
Resultados: Foram estudados 15 doentes com mucopolissacaridose I, II, III, IV e VI, com idade atual média de 19.7 anos, manifestação dos sintomas aos 12 meses e diagnóstico ao terceiro ano de vida. Atraso/regressão do desenvolvimento psicomotor e/ou cognitivo verificou-se em 80% dos doentes, síndrome de compressão do canal medular em 66.7%, perturbações do sono em 53.5%, perturbações do comportamento em 46.7%, epilepsia em 40% e síndrome do canal cárpico em 33.3%. Alterações morfológicas vertebrais verificaram-se em 93.9%, estenose endocanalar em 80%, dilatação dos espaços perivasculares em 73.3%, atrofia cerebral e displasia da apófise odontóide em 66.7%, sela turca com configuração em J em 53.3%, lesões de substância branca em 40% e hidrocefalia comunicante em 26.7%.
Conclusões: Todos os doentes com mucopolissacaridose apresentam manifestações neurológicas, quer pela acumulação de sulfato de heparano, quer como consequência de disfunções causadas pela acumulação de outros glicosaminoglicanos noutros tecidos. O atraso/regressão do desenvolvimento psicomotor e/ou cognitivo e a síndrome de compressão do canal medular são as manifestações neurológicas mais comuns. As alterações morfológicas vertebrais e a estenose endocanalar são as alterações imagiológicas mais frequentes. A nível cerebral, destaca-se a dilatação dos espaços perivasculares e a atrofia cerebral. Este conhecimento permite orientar a prática clínica e direcionar recursos de saúde para respostas precoces e eficazes. / Introduction: Mucopolysaccharidoses are a group of lysosomal storage disorders, caused by deficiency of the enzymes necessary for the degradation of glycosaminoglycans, which leads to their accumulation in cells and tissues, resulting in tissue and organ dysfunction with multissistemic and progressive clinical manifestations. This study describes the neurological manifestations and the neuroimaging alterations in patients with mucopolysaccharidosis from a portuguese Reference Centre for Inborn Errors of Metabolism.
Methods: This is a descriptive observational study of a case series of patients with mucopolysaccharidosis, evaluated in the last 25 years in the Pediatric Consultation of the Reference Center for Inborn Errors of Metabolism of a Level III University Hospital. Data were collected by consulting electronic clinical records, digitalized clinical files and complementary diagnostic exams.
Results: Fifteen patients with mucopolysaccharidosis I, II, III, IV and VI were studied, with a current mean age of 19.7 years, symptom onset at 12 months and diagnosis at the third year of life. Delay/regression of psychomotor and/or cognitive development was observed in 80% of patients, spinal cord compression syndrome in 66.7%, sleep disorders in 53.5%, behavioral disorders in 46.7%, epilepsy in 40% and carpal tunnel in 33.3%. Vertebral morphological alterations were observed in 93.9%, endocanal stenosis in 80%, dilatation of perivascular spaces in 73.3%, cerebral atrophy and odontoid apophysis dysplasia in 66.7%, sella turcica with J configuration in 53.3%, white matter lesions in 40 % and communicating hydrocephalus in 26.7%.
Conclusions: All patients with mucopolysaccharidoses present neurological manifestations, either due to the accumulation of heparan sulfate, or as a consequence of dysfunctions caused by the accumulation of other glycosaminoglycans in other tissues. Delay/regression of psychomotor and/or cognitive development and spinal cord compression syndrome are the most common neurological manifestations. Vertebral morphological changes and endocanal stenosis are the most frequent neuroimaging alterations. At the cerebrum, the dilatation of perivascular spaces and cerebral atrophy stand out. This knowledge allows guiding clinical practice and directing health resources towards early and effective responses.
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Surgical versus conservative treatment of undisplaced or minimally-displaced acute scaphoid waist fractures: a systematic review and meta-analysisPedro Miguel Magalhães de Lurdes 25 March 2022 (has links)
Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia do tratamento cirúrgico em comparação com o tratamento conservador das fraturas recentes sem desvio ou com desvio mínimo da cintura do escafoide.
Métodos: Foi realizada uma pesquisa em bases de dados à procura de ensaios clínicos randomizados que compararam a fixação cirúrgica com o tratamento conservador, seguido ou não de fixação cirúrgica precoce das fraturas que não consolidaram, em pacientes com fraturas recentes sem desvio ou com desvio mínimo da cintura do escafoide. Foram avaliadas as seguintes variáveis: score funcional auto-reportado, amplitude de movimento do punho, força de preensão, tempo de ausência do trabalho, taxa de união das fraturas e complicações. Os dados dos estudos incluídos foram analisados através do modelo de efeitos aleatórios. Para variáveis contínuas foram calculadas as diferenças ponderada ou padronizada das médias. Para variáveis dicotómicas foi calculado o risco relativo ponderado. Foram seguidas as guidelines PRISMA.
Resultados: Cinco estudos foram incluídos, representando dados de um total de 643 pacientes. Resultados da meta-análise mostraram que o tratamento cirúrgico das fraturas sem desvio ou com desvio mínimo da cintura do escafoide resultou num score funcional auto-reportado, amplitude de movimento do punho e força de preensão, às 12 semanas de acompanhamento, significativamente maior comparativamente ao tratamento conservador. Contudo, às 52 semanas de acompanhamento não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos de tratamento. Não foram observadas diferenças significativas entre as duas abordagens de tratamento na taxa de consolidação da fratura e a fixação cirúrgica foi associada a um risco significativamente maior de complicações.
Conclusões: No tratamento das fraturas recentes sem desvio ou com desvio mínimo da cintura do escafoide, embora o tratamento cirúrgico resulte em melhores resultados funcionais a curto prazo em comparação com o tratamento conservador, essas diferenças diminuem ao longo do tempo de recuperação com ambos os grupos a apresentarem uma boa recuperação funcional. Além disso, quando os pacientes são inicialmente tratados com imobilização gessada e monitorizados regularmente para deteção e fixação precoce de fraturas que não alcançam a consolidação, observa-se uma semelhante taxa de consolidação, evitando-se o sobretratamento cirúrgico e as possíveis complicações associadas.
Nível de Evidência: Terapêutico II / Purpose: The aim of this study was to evaluate the effectiveness of surgical compared with conservative treatments for undisplaced or minimally-displaced acute waist scaphoid fractures.
Methods: Databases were searched for randomized controlled trials comparing surgical fixation with conservative treatment with or without possible early surgical fixation of fractures that fail to unite, in patients with acute undisplaced or minimally-displaced scaphoid waist fractures. Patient-reported functional outcome, wrist range of motion (ROM), grip strength, time to return to work, fracture union, and complications were assessed. The data of the studies included was pooled using a random-effects model. Weighted and standard mean differences or relative risk were calculated for continuous or dichotomous variables, respectively. PRISMA guidelines were followed.
Results: Five studies were included, representing data from a total of 643 patients. Meta-analysis showed that surgical treatment of nondisplaced or minimally-displaced scaphoid waist fractures results in significantly better patient-reported functional outcome, wrist ROM and grip strength at 12-weeks follow-up, but that there are no significant differences between the two groups regarding these outcomes at 52-weeks. No significant differences were found between the two treatment approaches on fracture union rate, but surgical fixation was associated with a significantly higher risk of complications.
Conclusions: On the management of undisplaced or minimally-displaced scaphoid waist fractures, although surgical treatment results in better functional outcomes on the short-term compared to conservative treatment, these differences decrease over recovery time with both groups showing good functional recovery. Additionally, when patients are initially treated with cast immobilization and closely monitored targeting the early detection and fixation of fractures that fail to unite, they achieve a similar overall rate of fracture union avoiding surgical overtreatment and the related complications.
Level of Evidence: Therapeutic II
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Modeling Aortic Stenosis progression: impact on follow-up, treatment, and survivalDiana Filipa Costa Ribeiro 28 March 2022 (has links)
Objetivos: A estenose aórtica (EA) é uma doença progressiva da válvula aórtica e, em última análise, do miocárdio, potencialmente fatal. Os objetivos deste estudo são 1) avaliar a taxa de progressão da EA, 2) classificar os pacientes em progressores rápidos e lentos e explorar possíveis preditores, 3) avaliar o impacto de diferentes taxas de progressão na estrutura e função cardíaca, e 4) avaliar a sobrevivência e o timing ideal para o seguimento e tratamento.
Métodos e resultados: Foram identificados retrospetivamente 752 pacientes com EA ligeira a severa, que realizaram mais do que um ecocardiograma (9583 estudos), de 2012 a 2020. Ecocardiogramas, biomarcadores e registos clínicos foram longitudinalmente consultados, fornecendo uma base de dados multiparamétrica apropriada para a análise da progressão da EA, dos seus determinantes e consequências. A progressão da EA foi avaliada através da modelação da velocidade de pico aórtica em função do tempo, através da aplicação de uma função logística generalizada. 83% dos pacientes foram classificados como progressores lentos e 17% como progressores rápidos, com taxas de aceleração estimadas em 0,06/ano e 0,34/ano, respetivamente (p< 0,001). Não foi encontrada nenhuma associação entre a taxa de progressão e as variáveis clínicas. Apesar de não haver diferença na sobrevida entre estes grupos, progressores rápidos registaram maiores taxas de intervenção valvular (p <0.001) e lesão cardíaca mais precoce, como demonstrado pelo desenvolvimento precoce de regurgitação tricúspide, dilatação da aurícula esquerda, e hipertrofia do ventrículo esquerdo (p<0,05).
Conclusões: Um modelo não linear de progressão da EA e dois grupos de progressores foram identificados. Apesar das características de base e taxas de sobrevida serem semelhantes entre grupos, os progressores rápidos mostraram danos cardíacos e necessidade de tratamento mais precocemente. Assim, a avaliação da taxa de aceleração da EA pode melhorar a estratificação da doença e proporcionar uma janela de tempo personalizada para o seguimento e intervenção. / Aims: Aortic stenosis (AS) is a progressive disease of the aortic valve and ultimately of the myocardium, potentially fatal. This study aims to 1) evaluate the rate of AS progression, 2) cluster patients into rapid progressors (RP) and slow progressors (SP) and explore possible predictors, 3) evaluate the impact of different progression rates on cardiac structure and function, and 4) evaluate survival, optimal timing for follow-up and treatment.
Methods and results: We retrospectively identified 752 patients with mild to severe AS who had undergone > 1 echocardiogram (9583 studies), from 2012 to 2020. Seriated echocardiograms, biomarkers and clinical records were consulted, providing a multiparametric data frame for modeling AS progression, its determinants, and consequences. AS progression was evaluated by modeling aortic peak velocity as a function of time, fitting a generalized logistic function. 83% of patients were classified as SP and 17% as RP, with acceleration rates estimated in 0.06/year and 0.34/year, respectively (p< 0.001). There was no association between progression rate and clinical variables. Despite no survival difference between these groups, RP registered higher rates of valvular intervention (p <0.001) and earlier cardiac damage, as demonstrated by early onset of tricuspid valve regurgitation, left auricle dilation, and left ventricle hypertrophy (p<0.05).
Conclusions: A nonlinear model of AS progression and two clusters of progressors were identified. Despite overlapping baseline characteristics and survival rates, RP displayed earlier cardiac damage and treatment. Therefore, assessment of AS acceleration rate may enhance AS stratification and provide a proactive time frame for follow-up and intervention.
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Autoimmune encephalitis: Clinical Features and Long-Term OutcomesSara Rute Soares Granja 25 March 2022 (has links)
Introdução: As encefalites autoimunes (EA) cursam com alterações cognitivas e psiquiátricas na fase aguda. A extensão destas disfunções é variável, podendo persistir a longo prazo. Porém, poucos estudos avaliaram os desfechos cognitivos e funcionais nestes doentes. Pretendemos avaliar o perfil funcional e cognitivo de doentes com EA, bem como caracterizar distúrbios do sono e humor, nesta população.
Materiais e métodos: Realizamos um estudo transversal observacional unicêntrico, incluindo doentes ≥18 anos, diagnosticados com EA com autoanticorpos ou com encefalite límbica seronegativa definitiva, seguidos num centro terciário português (janeiro de 2007-dezembro de 2021). Os dados sociodemográficos e clínicos foram retirados dos registos eletrónicos. Os doentes foram submetidos a uma avaliação neuropsicologia e a questionários para avaliar o estado funcional (Inventário de Avaliação Funcional em Adultos e Idosos [IAFAI]), sono (Escala de Saúde do Sono Satisfaction, Alertness, Timing, Efficiency and Duration [SATED-RU]; Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh [PSQI-PT]), ansiedade e depressão (Escala da Ansiedade e Depressão Hospitalar). Nas escalas cognitivas, considerou-se existir défice com pontuações abaixo de 1,5 DP dos valores normativos.
Resultados: Treze doentes participaram neste estudo (mediana de seguimento de 62 meses [29-97,5]). Doze participantes (92.3%) foram considerados independentes segundo a Escala de Rankin modificada, porém, o IAFAI identificou défices funcionais em 5 (38,5%). Apenas 4 doentes (30,8%) tiveram uma avaliação neuropsicológica inteiramente normal. Cinco doentes (41,7%) apresentaram défice cognitivo no MoCA. Cinco doentes (58,3%) apresentaram défices em pelo menos uma prova de memória; o mesmo aconteceu para funções executivas. Uma idade mais avançada ao início da doença correlacionou-se com maior incapacidade funcional, menor MoCA e mais disfunção em testes de memória verbal e de funções executivas. Adicionalmente, valores superiores de proteinorráquia correlacionaram-se com défices na memória verbal e em provas de função executiva. Três participantes apresentaram depressão ligeira (23,1%) e a ansiedade teve uma frequência de 38,5%. Cinco doentes (38,5%) evidenciaram má qualidade do sono, com maior pontuação no PSQI-PT relacionada com o atraso na admissão hospitalar (r=0,574, p=0,040).
Discussão: Apesar de maioritariamente subtis, encontramos défices em multimodais nesta população de EA. Indivíduos mais velhos parecem ser mais propensos a desenvolver défices, sugerindo uma contribuição relacionada com a idade. Estes podem também ser atribuídos a uma maior carga inflamatória durante a fase aguda. Perda de funcionalidade, cognição, humor e sono devem ser sistematicamente avaliados neste contexto. / Background and objectives: Autoimmune encephalitis (AE) presents with cognitive and psychiatric changes during the acute stage. The extent of dysfunction varies extensively, and it may persist in the long-term. However, few studies have detailed the cognitive and functional outcomes of these patients. We aim to evaluate the functional and cognitive outcomes of patients with AE, as well as to characterize sleep and mood disorders in this population.
Methods: We carried a single-centre observational cross-sectional study, including ≥18-yo patients diagnosed with EA with autoantibodies or with definite seronegative limbic encephalitis, at a Portuguese tertiary centre (January 2007-December 2021). Sociodemographic and clinical data was obtained from electronic records. A neuropsychological evaluation, Montreal Cognitive Assessment(MoCA) and questionnaires to assess functional status (Functional Assessment Inventory in Adults and the Elderly[IAFAI]), sleep (Satisfaction, Alertness, Timing, Efficiency and Duration Questionnaire for Sleep Health Measurement [SATED-RU] and Pittsburgh Sleep Quality Index[PSQI-PT]) anxiety and depression (Hospital Anxiety and Depression Scale), were applied in a scheduled appointment. For cognitive scales, impairment was considered when the score was below 1.5sd from normative values.
Results: We enrolled thirteen patients (median follow-up 62 months [29-97.5]). Twelve patients(92.3%) were independent according to the modified Rankin Scale, however, IAFAI identified functional impairment in 5 (38.5%). Only 4 patients (30.8%) had an entirely normal neuropsychological evaluation. Five patients (41.7%) showed cognitive impairment on MoCA . Seven patients (58.3%) showed impairment in at least one memory test; the same holds for executive functions. Older age at disease onset correlated with higher functional disability, lower MoCA, and higher verbal memory and executive impairment. Also, higher CSF protein counts correlated with impaired verbal memory and executive functioning tasks. Three subjects presented mild depression (23.1%); anxiety frequency was 38.5%. Five patients (38.5%) reported bad sleep quality, scoring higher in PSQI-PT with greater admission delay (r=0.574, p=0.040).
Discussion: Although most times subtle, we found frequent multimodal impairment in this AE population. Older individuals seem more prone to develop disability, suggesting an age-related contribution. Impairment might also be partially attributed to higher inflammation burden in the acute setting. Disability, cognition, mood, and sleep ought to be systematically screened in this setting.
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Relationship Between Lateral Posterior Tibial Slope-Meniscal Bone Angle Ratio and Primary Anterior Cruciate Ligament TearTiago Daniel Pinto Alves 24 March 2022 (has links)
Objetivo: Avaliar a influência da inclinação lateral posterior da tíbia (LPTS) e do ângulo menisco-osso (MBA) no risco de rotura primária do ligamento cruzado anterior (LCA) na população adulta através do rácio LPTS-MBA. Métodos: Foi realizado um estudo caso-controlo retrospetivo com pacientes de um hospital terciário submetidos a cirurgia primária do LCA e que possuíam uma ressonância magnética (RM) pré-operatória. Esses pacientes foram emparelhados por idade e sexo numa proporção de 1:1 com pacientes que tinham uma ressonância magnética sem rotura do LCA. LPTS e MBA foram medidos na ressonância magnética. Os dados quantitativos estão apresentados como mediana ± intervalo interquartis. A identificação de fatores de risco independentes para rotura primária do LCA foi feita através de uma regressão logística multivariada. As curvas de características de operação do recetor detetaram quaisquer variáveis com forte capacidade discriminativa. Resultados: 95 pacientes com rotura primária do LCA confirmada na ressonância magnética foram emparelhados com 95 controlos (N = 190). A maioria era do sexo masculino, com uma idade mediana de 26 anos. No grupo de rotura do LCA, a mediana do rácio LPTS-MBA foi de 0,20 (intervalo interquartis (IQR), 0,11-0,37) versus 0,12 (IQR, 0,08-0,19) no grupo controlo (P <0,001). LPTS teve uma mediana de 4,20º no grupo de rotura do LCA (IQR, 2,05-7,35º) versus 2,90º nos controlos (IQR, 2,05-5,00º) (P=0,026) enquanto o MBA foi de 19º (IQR, 16-24º) versus 26º (IQR, 24-30º) (P<0,001), respetivamente. A regressão logística mostrou que LPTS (odds ratio (OR) 1,20, intervalo de confiança de 95% (IC) 1,03-1,42, P = 0,021) e MBA (OR 0,78, IC 95% 0,71-0,85, P <0,001) foram preditores independentes. A área sob a curva (AUC) do rácio LPTS-MBA foi de 0,69, superior à do LPTS sozinho (AUC=0,61), mas inferior à do MBA (AUC=0,82). Conclusões: O rácio LPTS-MBA está aumentado em pacientes com rotura primária do LCA. LPTS e MBA são preditores independentes de rotura primária do LCA. A relação LPTS-MBA é melhor do que LPTS sozinho para prever a rotura primária do LCA; no entanto, MBA foi a variável preditiva mais forte. Nível de evidência: III, estudo caso-controlo. / Purpose: To evaluate the influence of lateral posterior tibial slope (LPTS) and meniscal bone angle (MBA) on primary anterior cruciate ligament (ACL) tear risk in adult population through LTPS-MBA ratio. Methods: A retrospective case-control study was performed with patients from a tertiary hospital who underwent primary ACL surgery and had a pre-operatory magnetic resonance imaging (MRI). These subjects were matched by age and sex in a 1:1 ratio to patients who had a MRI without ACL tear. LPTS and MBA were measured on MRI scan. Quantitative data is presented as the median ± interquartile range. Identification of independent risk factors for primary ACL tear was performed using multivariable logistic regression. Receiver operating characteristics curves detected any variable with strong discriminative capacity. Results: 95 patients with primary ACL tear confirmed on MRI were matched with 95 controls (N=190). Most of them were males with a median age of 26 years. In ACL tear group, the median value of LPTS-MBA ratio was 0.20 (interquartile range (IQR), 0.11-0.37) versus 0.12 (IQR, 0.08-0.19) in control group (P<0.001). LPTS had a median value of 4.20º in ACL tear group (IQR, 2.05-7.35º) and 2.90º in controls (IQR, 2.05-5.00º) (P=0.026) while MBA was 19º (IQR, 16-24º) versus 26º (IQR, 24-30º) (P<0.001), respectively. Logistic regression showed that LPTS (odds ratio (OR) 1.20, 95% confidence interval (CI) 1.03-1.42, P=0.021) and MBA (OR 0.78, 95%CI 0.71-0.85, P<0.001) were independent predictors. The area under the curve (AUC) of LPTS-MBA ratio was 0.69, higher than that of LPTS alone (AUC=0.61) but lower than that for MBA (AUC=0.82). Conclusions: LPTS-MBA ratio is increased in primary ACL tear patients. LPTS and MBA are independent predictors of primary ACL tear. LPTS-MBA ratio is better than LPTS alone for predicting primary ACL tear; however, MBA was the strongest predictive variable. Level of evidence: III, case-control study.
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"EXIT procedure from a maternal perspective: is it safe? - a systematic review".Bárbara Andreia da Silva Nunes Pereira 24 March 2022 (has links)
*Contexto: Os resultados maternos relacionados com o procedimento EXIT são reportados de forma inconsistente na literatura, que se foca principalmente nos efeitos fetais. Portanto, para proporcionar uma tomada de decisão informada por parte das famílias, esta revisão tem como objetivo verificar se este procedimento é seguro de uma perspetiva materna.
*Métodos: Através de uma pesquisa nas bases de dados PubMed, Web of Science, Lilacs e Scopus, todos os estudos que reportaram um procedimento EXIT e resultados maternos foram incluídos. Dos 568 estudos inicialmente selecionados, 61 entraram na análise final. Foi realizada uma análise descritiva.
*Resultados: A maioria dos artigos que compõe esta revisão sistemática têm uma qualidade intermédia-alta. No geral, foram revistos 449 casos de procedimentos EXIT. O resultado materno mais reportado foi a hemorragia uterina. A média da perda hemática estimada (PHE) foi 860 ± 480 mL, com uma necessidade de transfusão de 10%. Foram reportadas outras complicações pós-operatórias, com uma taxa global de 15%. Só um procedimento EXIT necessitou de admissão materna na unidade de cuidados intensivos (UCI). Não foram reportadas mortes e não houve necessidade de histerectomia. Um valor médio de 5,02 ± 4,28 dias de internamento foi obtido.
*Conclusão: Quando comparado com uma cesariana, o procedimento EXIT associa-se a valores superiores de PHE e tempo de internamento. Para analisar de forma fidedigna a morbilidade materna, as complicações maternas devem ser reportadas de forma mais consistente, uma vez que estas estão provavelmente subestimadas nesta análise devido à falta de dados. Além disso, para perceber as repercussões a longo prazo desta técnica, é essencial um seguimento mais prolongado destas mães. / *Background: Maternal outcomes regarding Ex-Utero Intrapartum (EXIT) procedure are inconsistently reported in the literature, which focuses mainly on the fetal effects. Therefore, to provide an informed decision making by the families, this review aims to verify if this procedure is safe in a maternal perspective.
*Methods: Upon research using PubMed, Web of Science, Lilacs, and Scopus databases, all the studies that reported an EXIT procedure and maternal outcomes were included. Out of the 568 initially selected studies, 61 took part in the final analysis. A descriptive analysis was performed.
*Results: Most of the articles that make up this systematic review have an intermediate-high quality. Overall, 449 cases of EXIT procedure were reviewed. The most reported outcome was uterine hemorrhage. The mean estimated blood loss (EBL) was 860 ± 480 mL, with a 10% transfusion requirement. Other postoperative complications were reported, with a global rate of 15%. Only one EXIT procedure required maternal admission to the intensive care unit (ICU). No maternal death was reported and there was no need of hysterectomy. A mean value of 5,02 ± 4,28 days of length of stay (LOS) was obtained.
*Conclusion: When compared to a standard cesarean section, EXIT procedure is associated with higher values of EBL and LOS. To reliably analyze the maternal morbidity, maternal complications should be reported more consistently, since they are probably underestimated in this analysis due to lack of data. Moreover, a broader follow-up of these mothers is essential to understand the long-term repercussions of this technique.
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Perturbações do Comportamento Alimentar e Gravidez - Revisão SistemáticaJoana Pereira Lourenço 24 March 2022 (has links)
Introdução: Na gravidez ocorrem transformações físicas e psicológicas, que poderão modificar a própria perceção corporal da mulher grávida. A existência de história de perturbação do comportamento alimentar está associada a um maior risco de uma ingestão inadequada de nutrientes. Assim, é essencial perceber o impacto destas perturbações durante a gravidez.
Métodos: A revisão sistemática foi realizada tendo em conta as guidelines PRISMA. Os artigos foram pesquisados em 3 bases de dados: PubMed, Scopus e Web of Science. A avaliação da qualidade dos artigos foi realizada através dos critérios dos National Institutes of Health.
Resultados: A pesquisa inicial resultou em 4190 artigos, 23 dos quais foram incluídos na revisão. Os resultados observados com maior prevalência nas mulheres com perturbação do comportamento alimentar passada ou atual foram a presença de náuseas, vómitos, anemia e sintomas de ansiedade. Alguns estudos também descreveram níveis inferiores de cortisol, maior probabilidade de parto pré-termo e recém-nascidos com baixo peso.
Conclusão: Existem diversos resultados negativos na gravidez associados às perturbações do comportamento alimentar. No entanto, no futuro será importante explorar melhor as consequências associadas a cada perturbação e estudar populações com diferentes características. / Introduction: Physical and psychological changes occur during pregnancy, which may modify the pregnant woman's own body perception. The existence of a history of eating disorders is associated with a higher risk of an inadequate intake of nutrients. Therefore, it is essential to understand the impact of these disorders during pregnancy.
Methods: The study was performed following PRISMA guidelines. The articles were searched in 3 databases: PubMed, Scopus and Web of Science. Risk of bias was assessed by using National Institutes of Health criteria.
Results: The initial search resulted in 4190 articles, 23 of which were included in the review. The most prevalent outcomes observed in women with past or current eating disorders were the presence of nausea, vomiting, anemia and anxiety symptoms. Some studies have also described lower cortisol levels, increased likelihood of preterm birth and low birth weight newborns.
Conclusion: There are several negative pregnancy outcomes related with eating disorders. However, in the future it will be important to further explore the consequences associated with each disorder and to study populations with different characteristics.
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The Influence of Bipolar Disorder on Stroke Hospitalizations: A nationwide study using Real-world DataJosé Luís Gomes de Almeida 25 March 2022 (has links)
Introdução: A associação entre doença bipolar (DB) e doença vascular está bem estabelecida. No entanto, pouco se sabe acerca da influência da DB nos outcomes dos internamentos por acidente vascular cerebral (AVC). Este estudo pretende estudar as características dos pacientes com DB internados por AVC e caracterizar as complicações intra-hospitalares decorrentes desse internamento.
Métodos: Foi realizado um estudo observacional retrospetivo utilizando uma base de dados administrativa de âmbito nacional. Os internamentos por AVC foram selecionados através dos códigos da CID-9-CM 434.91, 430.x, 431.x, 432.0-432.9. A partir destes internamentos, foram identificados os episódios com diagnóstico secundário de DB, sendo que um propensity score matching 1:1 foi utilizado para selecionar um grupo de episódios sem DB. Os outcomes administrativos, incluindo tempo de internamento (LoS) e mortalidade hospitalar foram determinados, assim como as complicações intra-hospitalares e os procedimentos médicos realizados.
Resultados: No total, foram incluídos 460 episódios de internamento por AVC, dos quais 236 com DB. A maioria era do sexo feminino (57,8%) e tinha >60 anos (72,3%). A hipertensão e dislipidemia estiveram presentes em 64,0% e 38,2% de todos os episódios, respetivamente. O LoS foi de 15,6±22,3 dias e 47 pacientes morreram durante o internamento. A obesidade e disfunção tiroideia foram significativamente mais prevalentes no grupo com DB. As infeções do trato urinário foram as complicações intra-hospitalares mais comuns e foram significativamente mais frequentes no grupo com DB (11,6% vs. 20,3%; p=0,012). Os resultados dos restantes outcomes não foram diferentes, de forma significativa, entre os grupos.
Limitações: O uso de dados secundários, normalmente utilizados para fins administrativos e não para fins de investigação, pode ter limitado os resultados deste estudo.
Conclusões: Alguns fatores de risco para AVC foram mais frequentemente encontrados no grupo com DB. Esses fatores de risco podem ser decorrentes de comportamentos ou da farmacoterapia ou fisiopatologia da DB, sendo que devem ser considerados aquando do tratamento deste grupo. É necessário que mais estudos sejam realizados de modo a se poder obter conclusões mais sólidas em relação às complicações intra-hospitalares. / Background: The association between bipolar disorder (BD) and vascular disease is consensual. However, little is known about the influence of BD on the outcomes of stroke-related hospitalizations. This study examines patients' characteristics with BD hospitalized for stroke and characterizes in-hospital complications resulting from this hospitalization.
Methods: A retrospective observational study was conducted using an administrative nationwide database. Stroke-related hospitalizations were selected using ICD-9-CM codes 434.91, 430.x, 431.x, 432.0-432.9. From these, episodes with secondary diagnosis of BD were identified and 1:1 propensity score matching was used to select a group of episodes without BD. Administrative outcomes including length of stay (LoS) and in-hospital mortality were extracted. In-hospital complications and medical procedures were analyzed.
Results: Overall, 460 episodes of stroke hospitalization were included, 236 of which had BD. Most were female (57.8%) and had >60 years (72.3%). Hypertension and dyslipidemia were present in 64.0% and 38.2%, respectively. LoS was 15.6±22.3 days and 47 patients died during admission. Obesity and thyroid dysfunction were significantly more prevalent in episodes with BD. Urinary tract infections were the most common in-hospital complications and were significantly more frequent among BD group(11.6% vs. 20.3%; p=0.012). The remaining outcomes did not differ significantly.
Limitations: The use of secondary data, usually intended for administrative reasons instead of research, may have limited the findings.
Conclusions: Some stroke risk factors were more frequently found in BD group. These might result from behavior, pharmacotherapy or pathophysiology of BD and should be considered when treating this population. Further research is required regarding in-hospital complications.
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Incidence and risk factors for advanced neoplasia after surgery for coloretal cancerJoana Sofia Marques Antunes 29 June 2017 (has links)
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Osteoporosis in Human Immunodeficiency Virus infected adults patients under antiretroviral therapyFlávia Andreia Pinto Moreira 29 June 2017 (has links)
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