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Ecologia comportamental do lagarto Ameivula ocellifera (Squamata: Teiidae) em diferentes fitofisionomias do nordeste do Brasil

Sales, Raul Fernandes Dantas de 30 April 2018 (has links)
Submitted by Automação e Estatística (sst@bczm.ufrn.br) on 2018-06-15T21:22:59Z No. of bitstreams: 1 RaulFernandesDantasDeSales_TESE.pdf: 9445311 bytes, checksum: 1f7f1fc244f3922ad1403202c0f015c1 (MD5) / Approved for entry into archive by Arlan Eloi Leite Silva (eloihistoriador@yahoo.com.br) on 2018-06-19T19:30:39Z (GMT) No. of bitstreams: 1 RaulFernandesDantasDeSales_TESE.pdf: 9445311 bytes, checksum: 1f7f1fc244f3922ad1403202c0f015c1 (MD5) / Made available in DSpace on 2018-06-19T19:30:39Z (GMT). No. of bitstreams: 1 RaulFernandesDantasDeSales_TESE.pdf: 9445311 bytes, checksum: 1f7f1fc244f3922ad1403202c0f015c1 (MD5) Previous issue date: 2018-04-30 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) / Os lagartos da família Teiidae são reconhecidos como forrageadores ativos que mantêm temperaturas corpóreas elevadas em atividade, e que não defendem territórios, de modo que machos e fêmeas possuem oportunidades de acasalar com vários parceiros durante a estação reprodutiva. Entretanto, são escassos os estudos que analisaram quantitativamente o comportamento de teídeos, especialmente na América do Sul. Nesse contexto, os objetivos deste estudo foram investigar os comportamentos de forrageio, de termorregulação e de reprodução do lagarto cauda-de-chicote Ameivula ocellifera, espécie conspícua e amplamente distribuída na região Nordeste do Brasil, e assim contribuir para o conhecimento acerca da ecologia comportamental dos teídeos sul-americanos. As excursões para observações e coleta de dados em campo foram realizadas em duas épocas do ano (estações seca e chuvosa) em três localidades com fitofisionomias distintas no estado do Rio Grande do Norte, sendo duas no Domínio da Caatinga (Lagoa Nova: área de Caatinga serrana; Acari: área de Caatinga antropizada por atividades agrícolas), e uma no Domínio da Mata Atlântica (Nísia Floresta: floresta estacional e tabuleiros costeiros). Para complementar a análise do comportamento reprodutivo, utilizou-se também dados comportamentais de duas localidades adicionais de Mata Atlântica (Natal) e Caatinga (Serra Negra do Norte). As observações focais foram registradas com filmadora digital, cujos vídeos foram posteriormente analisados pelo método animal focal contínuo. Alguns animais foram capturados após as filmagens para análise da dieta e temperaturas corpóreas. As dietas das populações de Caatinga foram compostas predominantemente por térmitas (Caatinga serrana) e larvas de inseto (Caatinga antropizada), enquanto a população de Mata Atlântica apresentou uma dieta mais generalizada. O comportamento de forrageio caracterizou-se por índices elevados de movimentação e busca ativa por presas, mas a população de Mata Atlântica apresentou um índice menor de busca ativa em relação às duas populações de Caatinga, e diferenças sazonais ocorreram na população de Caatinga serrana. Registrou-se diferença também quanto ao principal modo de descoberta de presas entre a população de Mata Atlântica (busca visual e quimiossensorial em movimento) e as populações de Caatinga (cavando o substrato). Ajustes comportamentais em resposta a variações na disponibilidade de presas e diferenças no tempo de vigilância contra predadores são explicações plausíveis paras as diferenças sazonais e populacionais registradas no comportamento de forrageio. As temperaturas corpóreas em atividade (TC) variaram entre 32,4 e 43,4 °C, com valores médios semelhantes entre as três populações, na faixa de 38-39 °C. Apesar da similaridade em TC, valores mais amenos de temperaturas do substrato (TS) e do ar (TA) foram registrados para a área de Caatinga serrana. Ao comparar-se as três populações durante a estação chuvosa, verificou-se que os animais da área de Caatinga serrana se expuseram mais tempo ao sol e menos tempo à sombra do que as outras duas populações. Além disso, TS e TA variaram sazonalmente na área de Caatinga serrana, com menores valores na estação chuvosa, e os animais nesta área passaram mais tempo expostos ao sol e menos tempo expostos ao sol filtrado na estação chuvosa do que na estação seca. Verificou-se uma relação positiva nas três populações entre o tempo exposto a condições nubladas e o tempo realizando aquecimento termorregulatório (basking), e os lagartos da área de Caatinga antropizada passaram mais tempo realizando basking em comparação às outras duas populações. Estes resultados sugerem que a manutenção de TC semelhantes entre as populações, e ao longo do ano na área de Caatinga serrana, ocorreu por flexibilidades no comportamento de termorregulação. O sistema de acasalamento em A. ocellifera é caracterizado por cópulas consensuais precedidas por cortejo do macho, e acompanhamento pós-copulatório da fêmea, com o macho companheiro repelindo machos rivais, e guardando a entrada da toca da fêmea quando ela encerra a atividade diária. Adicionalmente, alguns machos podem copular oportunisticamente com uma fêmea sem cortejo prévio. O acompanhamento possui custos de sobrevivência para os machos, pois estes permaneceram por mais tempo em vigília, menos tempo realizando busca ativa por presas, capturaram menos presas, e iniciaram 75% mais interações agonísticas contra outros machos quando comparados com machos solitários. Já as fêmeas podem se beneficiar através de cortejo pós-copulatório e acesso a machos de alta qualidade. Cópulas oportunísticas, por outro lado, podem ser uma estratégia condicional adotada por machos menos dominantes para conseguir acasalamentos. / The lizards of the family Teiidae are recognized as active foragers that maintain elevated body temperatures in activity, and do not defend territories, so that both males and females have opportunities to mate with several partners during the breeding season. However, there are few available studies that quantitatively analyzed the behavior of teiids, especially in South America. In this perspective, the purpose of this study was to investigate the foraging, thermoregulation and reproduction behaviors of the whiptail lizard Ameivula ocellifera, a conspicuous species widely distributed in the Northeastern region of Brazil, aiming to contribute to the knowledge about the behavioral ecology of South American teiids. The excursions for observations and field data collection were carried out in two seasons of the year (dry and rainy seasons) in three locations with distinct phytophysiognomies in the state of Rio Grande do Norte, two in the Caatinga domain (Lagoa Nova: mountainous Caatinga; Acari: Caatinga disturbed by agricultural activities) and one in the Atlantic Forest domain (Nísia Floresta: seasonal forest and coastal vegetation). To complement the analysis of reproductive behavior, data from two additional localities of Atlantic Forest (Natal) and Caatinga (Serra Negra do Norte) was used. The focal observations were recorded with a digital camcorder, and the videos were later analyzed by the continuous animal focal method. Some animals were captured after video records for analysis of diet and body temperatures. The diets of Caatinga populations were predominantly composed of termites (mountainous Caatunga) and insect larvae (disturbed Caatinga), while the Atlantic Forest population presented a more generalized diet. The foraging behavior was characterized by high indices of movement and active search for prey, but the Atlantic Forest population presented a lower rate of active search in relation to the two Caatinga populations, and seasonal differences occurred in the mountainous Caatinga population. There were also differences in the main mode of prey discovery among the Atlantic Forest population (visual and chemosensory search while moving) and Caatinga populations (digging the substrate). Behavioral adjustments in response to changes in prey availability and differences in vigilance time against predators are plausible explanations for seasonal and population differences in foraging behavior. The active body temperatures (TC) varied between 32.4 and 43.4 °C, with similar mean values among the three populations, in the range of 38-39 °C. Despite the similarity in TC, lower values of substrate (TS) and air temperatures (TA) were recorded for the mountainous Caatinga. When comparing the three populations during the rainy season, it was verified that animals from mountainous Caatinga spent more time in the sun and less time in the shade than the other two populations. In addition, TS and TA varied seasonally in the mountainous Caatinga, with lower values in the rainy season, and animals in this area spent more time exposed to the sun and less time exposed to filtered sun in the rainy season than in the dry season. A positive relationship was observed in the three populations between the time exposed to cloudy conditions and basking time, and lizards from disturbed Caatinga spent more time basking in comparison to the other two populations. These results suggest that the maintenance of similar TC between populations and throughout the year in Lagoa Nova occurred due to flexibilities in thermoregulatory behavior. The mating system of A. ocellifera is characterized by consensual copulations preceded by male courtship, and post-copulatory accompaniment of the female, with the male companion repelling rival males, and guarding the entrance to the female's burrow when she finishes daily activity. Additionally, some males may copulate opportunistically with a female without previous courtship. The accompaniment has survival costs for males, as they spent more time in vigilance, less time performing active search for prey, captured less prey, and initiated 75% more agonistic interactions against other males when compared to solitary males. Females can benefit from post-copulatory courtship and access to high-quality males. Opportunistic copulations, on the other hand, may be a conditional strategy adopted by less dominant males to achieve mating.

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