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INFÂNCIA E ESPAÇO URBANO Significados e sentidos de morar em posse urbana para crianças com idade entre sete e onze anos

Carvalho, Luiz do Nascimento 29 March 2006 (has links)
Submitted by admin tede (tede@pucgoias.edu.br) on 2016-12-13T17:30:56Z No. of bitstreams: 1 Luiz do Nascimento Carvalho.pdf: 23088046 bytes, checksum: 5043c837d2f5ad23e66844b0e32d2742 (MD5) / Made available in DSpace on 2016-12-13T17:30:56Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Luiz do Nascimento Carvalho.pdf: 23088046 bytes, checksum: 5043c837d2f5ad23e66844b0e32d2742 (MD5) Previous issue date: 2006-03-29 / The present research has as study objects the meanings and senses of living in urban ownership for children of the popular layers. The meaning is conceived as the most steady dimension of the word, the synthesis of the communication and the thought. By the meaning, it is explicit the entailing of the person with its social group. The sense is the most singular dimension of the person, composed by affection and memories, aspirations and projects. Through these two concepts, critical social psychology has been studying the individual in the intersection with society and groups. To map the meanings and the senses for children of living in the urban ownership, it was opted to adopt, as privileged informants, children with age between seven and eleven years, resident in an urban ownership of Goiânia – Goiás. The adopted procedures to contact what the children think and feel in relation to that social space that they inhabit consisted in triangulation of procedures, with surveys of partner-demographic information, obtained in documents of the Brazilian Institute of Geography and Statistics (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas – IBGE) and of agencies of the Municipal City Hall of Goiânia. With such information it was identified the historic-social context in which such children are inserted. It was also used structuralized interview, photographic registers, focal group, as well as daily field registers, following the ethnographical research model. Fifty children were interviewed, among which five of them were chosen to participate of the structuralized interview. To live in the village for the children had double meaning. On one side, it is associated to the relations characterized for the kinship, neighborhood and friendship. Playing appears, in this context, as a privileged form of activity on the part of them, strengthening the triple qualified relations (kinship – neighborhood – friendship) and as vehicle of a set of affection that are part of the dynamics of these relations. On another side, to live in the village means to coexist with danger, to venture in the middle of the spaces of security and unreliability, and to coexist in a context that demands to be silent about it, and many times, to be affected by the vision of the barbarity. The senses of the social place that the children occupy also are configured by the tension between two antagonistic forms that objectify-subjectify in social life. On one side, the children feel the existing affection and protection in the significant relations, with the extensive family who inhabits the place, with friends, relatives and neighbors, what gives the child a sense of belonging : “I belong here”. On the other side, when in the pendulum between these two polar regions, the tragic sense prevails, the village starts to configure itself as a place of repulses and refuses, what produces the desire to search for another place. This other place is the utopia that the child elaborates in the process of temporizing and subjectivazing of the space. Such meanings and senses are expressions of the social dialectic exclusion-inclusion. / A presente pesquisa tem como objeto de estudo os significados e sentidos de morar na posse urbana para crianças das camadas populares. O significado é concebido como a dimensão mais estável da palavra, a síntese da comunicação e do pensamento. Por meio dele, explicita-se a vinculação do indivíduo com seu grupo social. O sentido é a dimensão mais singular do sujeito, composto por afetos e memórias, aspirações e projetos. Por meio desses dois conceitos, a psicologia social crítica tem buscado estudar o individuo na intersecção com sociedades e grupos. Para mapear os significados e os sentidos de morar na posse urbana para crianças, optou-se por adotar, como informantes privilegiadas, crianças com idade entre sete e onze anos, residentes em uma posse urbana em Goiânia- GO. Os procedimentos adotados para ter acesso ao que as crianças pensam e sentem em relação àquele espaço social que habitam consistiram em triangulação de procedimentos, com levantamentos de informações sócio-demográficas, obtidas em documentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de órgãos da Prefeitura Municipal de Goiânia. Com tais informações buscou-se identificar o contexto histórico-social no qual estão inseridas tais crianças. Também trabalhou-se com entrevista estruturada, registros fotográficos, grupo focal, além de registros em diário de campo, seguindo o modelo de pesquisa etnográfica. Foram entrevistadas cinqüenta crianças, dentre as quais foram escolhidas cinco delas para participarem da entrevista em grupo, segundo algumas respostas à entrevista estruturada. Morar na vila para as crianças possui duplo significado. De um lado, está associado a relações caracterizadas pelo parentesco, vizinhança a amizade. A brincadeira surge, nesse contexto, como forma privilegiada de atividade por parte delas, reforçando as relações triplamente qualificadas (parentesco-vizinhança-amizade) e como veículo de um conjunto de afetos que permeiam a dinâmica dessas relações. De outro lado, morar na vila significa conviver com o perigo, aventurar-se no vaivém entre os espaços de segurança e insegurança, e conviver em meio a um contexto que exige silenciar sobre ele, e muitas vezes, ser afetado pela visão da barbárie. Os sentidos do lugar social que as crianças ocupam também se configuram no tensionamento entre duas formas antagônicas que se objetivam-subjetivam na vida social. De um lado, as crianças sentem o carinho e a proteção existente nas relações significativas, com a família extensa que reside no local, com os amigos, parentes e vizinhos, o que dá à criança um sentido de pertencimento a ela: “eu sou daqui”. Der outro lado, quando, no pêndulo entre esses dois pólos, prevalece o sentido do trágico, a vila passa a configurar-se como um lugar de repulsa e recusa, o que produz o desejo de buscar outro lugar. Esse outro lugar é a utopia que a criança elabora no processo de temporalização e subjetivação do espaço. Tais significados e sentidos são expressões da dialética exclusão-inclusão social.

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