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Desenvolvimento pra quem? Uma análise dos impactos da atuação de uma multinacional brasileira em solo africanoSpohr, Nicole 15 July 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-07-15 / The literature of Corporate Social Responsibility (CSR) has been debating for decades the impact of corporations on society. The classic paradigm argues that CSR only pays off if it results in more profits than the possible losses of its non-use. Criticism of this instrumental view culminated in the emergence of the political perspective of CSR, that suggests an extended model of governance, in which companies voluntarily contribute to the welfare of the societies they operate in. Despite the political turn, the CSR research agenda has not been focusing enough on issues relevant to peripheral countries, such as the asymmetries of power between multinational corporations and local governments. As the dimension of power is one of the objects of study of postcolonialism, I argue that this approach can contribute to the discussion of CSR in the global periphery. Therefore, this study aims to answer the following question: how does a semi-peripheral multinational do business on the periphery? In order to answer this question, I investigated the impacts of the operations of a Brazilian multinational in an African country. The fieldwork included 28 in-depth interviews with members of the multinational and the local civil society. In addition, about 2,800 pages of documents were analyzed. The results indicate that if we understand CSR as the impacts of the multinational activities, the resettlement of 5,500 people to make room for the extraction of minerals without corresponding legislation caused the violation of their rights. Another finding includes the multinational management logic, which I have considered colonial. It has included the support of Brazilian diplomacy in order to obtain the right to extract minerals, the relationship with the local government marked by threats and coercion, as well as the construction of African peoples as subaltern compared to their Brazilian peers. The analysis of the CSR actions of the studied corporation indicates that the publication of environmental and social information seems to be used as a way to justify and mitigate the negative impacts of the multinational on the local society. Furthermore, the company seems to impose a Brazilian way of development regardless of what the local society understands as such. Thus, this thesis contributes to the CSR debate by highlighting that the political perspective on CSR does not fully explain the role of the studied multinational in the global periphery, by unveilling the construction of subalternity in terms of race and culture and by proposing the ideia of a hierarchy of subalternities in the global periphery. Finally, this study supports the need to break with the colonial logic in terms of local development. / A literatura em Responsabilidade Social Corporativa (RSC) vem debatendo há décadas os impactos da atuação de empresas na sociedade. O paradigma clássico defende que a RSC só compensa se resultar em mais lucros do que os possíveis prejuízos de sua não utilização. As críticas a esta visão instrumental culminaram na emergência da perspectiva política de RSC, que sugere um modelo estendido de governança, em que empresas contribuem voluntariamente para o bem estar das sociedades em que operam. Apesar da virada política, a agenda de pesquisa em RSC não tem focado suficientemente em questões relevantes para países periféricos, a exemplo das assimetrias de poder entre corporações multinacionais e governos locais. Sendo a dimensão do poder um dos objetos do pós- colonialismo, defendo que esta abordagem pode contribuir para a discussão da RSC na periferia global. Assim sendo, a questão que este estudo pretende responder é: de que modo uma multinacional da semi-periferia faz negócios na periferia? Com vistas a responder esta pergunta, investiguei os impactos da atuação de uma multinacional brasileira em um país africano. A pesquisa de campo contou com 28 entrevistas em profundidade com membros da multinacional e da sociedade civil. Além disso, cerca de 2800 páginas de documentos foram analisadas para compor a análise do caso. Os resultados indicam que se entendermos a RSC como os impactos das atividades da multinacional, temos que o reassentamento de 5500 pessoas para dar espaço à extração de minérios sem legislação correspondente causou a violação dos direitos das comunidades em termos de informação, habitação, água, meios de subsistência e alimentação. Outro achado inclui a lógica de gestão da multinacional, à qual chamei de colonial e que incluiu o apoio da diplomacia brasileira de modo a obter o direito de extrair minérios, o relacionamento com o governo local marcado por ameaças e coerção, assim como a construção dos locais como subalternos em relação aos brasileiros. A análise das ações de RSC da corporação em estudo indica que a publicação de informações ambientais e sociais parece ser uma forma de justificar e atenuar os impactos da atuação da mesma na sociedade local. Além disso, a empresa parece querer impor um desenvolvimento a que chamei de brasileiro à sociedade africana, sem levar em conta o que esta última entende como tal. Assim sendo, esta tese contribui para o debate de RSC: ao destacar que a perspectiva política de RSC não dá conta de explicar a atuação da multinacional em estudo na periferia global, ao descortinar como a construção de subalternidade em termos de raça e cultura se revela e ao propor a ideia de uma hierarquia de subalternidades na periferia global. Por fim, defendo a necessidade de romper com a lógica colonial no que tange ao desenvolvimento local.
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