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A dinâmica do crescimento e distribuição: uma revisão sobre os modelos heterodoxos de crescimento

Carvalho, Bruno Henrique Picon de 11 May 2016 (has links)
Made available in DSpace on 2018-08-01T23:39:01Z (GMT). No. of bitstreams: 1 tese_8224_Dissertação Bruno Henrique Picon de Carvalho 09-06-16.pdf: 1413056 bytes, checksum: 1e1b0d57f3d2240a6a978d2abec6cd2d (MD5) Previous issue date: 2016-05-11 / CAPES / O presente trabalho objetivou realizar uma revisão teórica da origem e evolução dos modelos heterodoxos de crescimento, com enfoque sobre a relação entre a distribuição e o crescimento, comparando os diferentes arcabouços, suas hipóteses e conclusões, demonstrando sempre as inter-relações e embates teóricos entre essas escolas. A moderna teoria do crescimento teve como origem as contribuições independentes de Harrod e Domar, que desejaram construir um modelo Keynesiano para o longo prazo. A principal conclusão destes autores é que há apenas uma única taxa de crescimento de equilíbrio e, uma vez que o sistema se distanciasse desta, passaria por uma longa depressão (caso se distancie para baixo) ou inflação (caso cresça acima). Este resultado foi criticado pela escola de Cambridge, que desenvolveu uma solução através da flexibilização da função poupança. Uma vez que os capitalistas poupam mais que os trabalhadores, qualquer redistribuição para os lucros elevaria a taxa de poupança, e a diminuiria com o aumento dos salários. Através deste mecanismo, a estabilidade poderia ser obtida, e haveria uma relação inversa entre distribuição e crescimento. Paralelamente, Kalecki desenvolveu sua teoria da demanda efetiva, a situando em um ambiente caracterizado pela presença de oligopólios e preços formados via mark-up. Ademais, o autor conclui que há uma relação direta entre crescimento e acumulação, pois o aumento salarial não induz à queda dos lucros. Por sua vez, Josef Steindl utilizou o arcabouço kaleckiano para construir uma explicação endógena para a tendência do capitalismo maduro para a estagnação em contraposição à explicação dominante relacionada à redução das inovações tecnológicas. Conforme o autor, na presença de oligopólios a única maneira da firma reagir a um choque negativo sobre a acumulação de capital é através da redução da utilização da planta. Entretanto, a ociosidade resultante torna os empresários resolutos em realizar novos investimentos, estagnando a economia. Como os teóricos do crescimento Keynesianos viam a necessidade de abandonar a hipótese de pleno emprego presente na escola de Cambridge, os mesmos buscaram inspiração em Kalecki e Steindl, dando origem aos modelos neokaleckianos. Nestes, assim como em Steindl, há uma relação direta entre distribuição e crescimento, de maneira que a concentração de renda e elevação do mark-up induziriam um processo de estagnação. Os neo-kaleckianos receberam dois tipos distintos de crítica, a primeira consistindo na recusa da instabilidade presente no longo prazo neo-kaleckiano, que não seria compatível com uma posição de equilíbrio de longo prazo e a segunda, relacionada à existência da relação positiva entre distribuição e crescimento, das quais se destaca análise a de Bhaduri e Marglin (1990), que foi totalmente assimilada. Conforme estes autores, o aumento dos salários reais possui dois efeitos distintos, a elevação do consumo e a redução do investimento. Caso o primeiro efeito seja superior ao segundo, haverá um incentivo sobre a demanda, e assim, estaremos no regime wage-led. Por sua vez, caso a redução do investimento seja mais acentuada, a melhoria salarial reduzirá a demanda total, caracterizando o regime profit-led. Logo, a relação entre distribuição e acumulação dependerá de como a decisão empresarial reage a modificações na taxa de lucro e, portanto, não pode ser definida a priori. Deste modo, foi possível concluir que a evolução dos modelos heterodoxos de crescimento não ocorreu de forma linear e harmônica, com um paradigma substituindo o outro, mas sim através de um processo complexo, pois muitos argumentos foram desenvolvidos de maneira paralela ou retornando mais tarde sobre nova roupagem. / This study aimed to carry out a theoretical review of the origin and evolution of heterodox growth models, focusing on the relationship between the distribution and growth, comparing the different frameworks, their hypotheses and onclusions, always showing the interrelationships and theoretical clashes between these schools. Modern growth theory originated from the independent contributions of Harrod and Domar, who wished to build a Keynesian model for the long term. The main conclusion of these authors is that there is only one equilibrium growth rate and, once this system is distanced, by a long depression would (if distance itself down) or inflation (if grow above). This result was criticized by the school of Cambridge, who developed a solution through flexible savings function. Since the capitalists save more workers, any redistribution to profits raise the savings rate, and decrease with the increase of wages. Through this mechanism, stability can be obtained, and there was an inverse relationship between distribution and growth. At the same time, Kalecki developed his theory of effective demand, the standing in an environment characterized by the presence of oligopolies and price formed via mark-up. Moreover, the author concludes that there is a direct relationship between growth and accumulation, because the salary increase does not lead to falling profits. In turn, Josef Steindl kaleckiano used the framework to build an endogenous explanation for the tendency of mature capitalism to stagnation in contrast to the dominant explanation related to the reduction of technological innovations. According to the author, the presence of oligopoly the only way the firm reacting a negative impact on the capital accumulation is by reducing the use of the plant. However, the resulting idleness makes the resolute entrepreneurs to pursue new investment, stagnating the economy. As theorists of Keynesian growth saw the need to abandon the hypothesis of full employment in this school of Cambridge, the same sought inspiration from Kalecki and Steindl, giving rise to neo-Kaleckian models. In these, as in Steindl, there is a direct relationship between distribution and growth, so that the concentration of income and increased mark-up would induce a stagnation process. The neo-Kaleckian received two different types of criticism, the first essentially linked to the neo-Ricardian approach, consisting of the refusal of this instability in the long neo-kaleckiano term, which would not be compatible with a long-term equilibrium position and the second, related to the existence of a positive relationship between distribution and growth, analysis of which highlights the Bhaduri and Marglin (1990), which was fully digested. According to these authors, the increase in real wages has two distinct effects, increased consumption and reduced investment. If the first effect is greater than the second, there will be an incentive on demand, and thus will be in the wage-led regime. In turn, if the reduction of the investment is more pronounced, wage improvement will reduce the total demand, characterizing the profit-led regime. Therefore, the relationship between distribution and growth depend on how business decision reacts to changes in the rate of profit and therefore cannot be defined a priori. Thus, it was concluded that the evolution of heterodox growth models did not occur in a linear and harmonic way, with a paradigm replacing the other, but through a complex process as many arguments have been developed in parallel or returning later on new guise

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