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Diálogo cordial : cultura política, os intelectuais e as letras no Estado Novo / Diálogo cordial : los intelectuales y la literatura en el Estado Novo (Brasil, 1937-1945)Valéria da Silva de Paiva 30 June 2011 (has links)
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Inserindo-se, por seu escopo, à problemática mais ampla da relação entre Estado e intelectuais durante o Estado Novo (1937-1945), este trabalho investiga as condições que permitiram ao regime varguista pôr em prática um projeto em relação à literatura e ao meio literário, incorporando a esse projeto intelectuais críticos aos pressupostos ideológicos do regime e a seu caráter ditatorial. Assumimos como objeto a revista Cultura Política, editada por Almir de Andrade e publicada, com periodicidade mensal, entre os anos 1941 e 1945. Ademais de traçarmos um perfil intelectual de seu editor, analisamos, na revista, dois conjuntos de crônicas. O
primeiro diz respeito às crônicas escritas por Graciliano Ramos e Marques Rebelo que, como quadros de costumes, ofereceriam um retrato regionalizado do país. O segundo compreende as crônicas escritas por Pedro Dantas (Prudente de Moraes Neto) e Wilson Lousada sobre a recente história das idéias e da literatura de ficção no Brasil. A análise das crônicas permite ver que o projeto posto em prática pelo
regime em relação à literatura e ao meio literário se baseou em uma suposta correspondência, estabelecida pelo governo, entre duas noções correntes na época: a de realismo político e a de realismo literário. Sabendo em que consistiu esse
projeto, restava compreender como ele foi posto em prática, isto é, como o regime conseguiu a colaboração de escritores críticos à sua política para órgãos oficiais de propaganda como Cultura Política. A análise das crônicas mostra que, apesar de terem servido ao regime, o que os escritores diziam não era, em si mesmo, favorável ao Estado Novo. Ela mostra, ademais, que a imagem realista do país produzida especialmente pelo romance social regionalista é anterior ao Estado Novo e surgiu, no meio literário, como reação à literatura dos anos 1920. Concluímos, assim, que o regime estado-novista adotou a estratégia exitosa de se inserir em um debate em curso, apropriando-se, na medida em que lhe era útil, de elementos desse debate. Essa estratégia tornou possível, ao mesmo tempo, a participação de intelectuais não
comprometidos com o governo em termos político-ideológicos, na medida em que puderam exercer seu trabalho com razoável margem de autonomia, diferenciandose, nesse sentido, dos verdadeiros porta-vozes do regime. A análise do perfil de
Almir de Andrade corrobora essa estratégia à qual nos referimos, ao longo desta tese, a partir da noção de diálogo, porque capaz de incorporar pessoas e idéias que
ultrapassavam o campo intelectual propriamente estado-novista. / Investigamos en este trabajo de tesis las condiciones que permitieron al régimen de Getúlio Vargas (Brasil, Estado Novo, 1937-1945) poner en práctica un proyecto en relación a la literatura y al medio literario, incorporando a este proyecto
intelectuales críticos a sus presupuestos doctrinarios y a su carácter dictatorial. La tesis tiene como objeto la revista Cultura Política, dirigida por Almir de Andrade y publicada con periodicidad mensual por el Departamento de Imprensa e
Propaganda (DIP) entre los años 1941 y 1945. Además de trazar un perfil intelectual de su editor, analizamos en la tesis dos conjuntos de crónicas de la revista. El primer conjunto comprehende los textos escritos por Graciliano Ramos y
Marques Rebelo, que pretendían ofrecer un retrato regionalizado del país. El segundo corresponde a las crónicas de autoría de Pedro Dantas (Prudente de Moraes Neto) y Wilson Lousada sobre la reciente historia de la literatura de ideas y de ficción en Brasil. El análisis de los textos permitió demonstrar que el proyecto puesto en práctica por el régimen en relación a la literatura y al medio literario supuso una correspondencia, establecida por el propio gobierno, entre realismo político y literario. Siendo así faltaba explicar sin embargo cómo el régimen logró poner su proyecto en práctica, es decir, como logró que escritores críticos a su
política participaran en órganos de prensa como Cultura Política. El análisis de las crónicas muestra que lo que los escritores dijeron allí no era en sí mismo favorable al Estado Novo. Además, la imagen del país producida por la literatura de carácter social regionalista anticipó al Estado Novo, habiendo surgido en el medio literario como reacción al modernismo de los años 1920. Nuestra conclusión es que el
régimen estado-novista adoptó una estrategia exitosa, de inserirse en un debate literario en curso apropiándose de elementos que le podían ser útiles. Al mismo tiempo, esta estrategia hizo posible que intelectuales no comprometidos con el gobierno en términos políticos aceptaran colaborar siempre y cuando pudieran hacer su trabajo con una razonable margen de autonomía, diferenciándose de los
verdaderos porta-voces del régimen. El análisis del perfil intelectual de Almir de Andrade corrobora el uso de esta estrategia. Nos referimos a ella a lo largo de la tesis como la capacidad que el gobierno tuvo para dialogar, cordialmente,
entendiendo diálogo por la incorporación de personas e ideas que traspasaban el campo intelectual propiamente estado-novista
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Diálogo cordial : cultura política, os intelectuais e as letras no Estado Novo / Diálogo cordial : los intelectuales y la literatura en el Estado Novo (Brasil, 1937-1945)Valéria da Silva de Paiva 30 June 2011 (has links)
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / Inserindo-se, por seu escopo, à problemática mais ampla da relação entre Estado e intelectuais durante o Estado Novo (1937-1945), este trabalho investiga as condições que permitiram ao regime varguista pôr em prática um projeto em relação à literatura e ao meio literário, incorporando a esse projeto intelectuais críticos aos pressupostos ideológicos do regime e a seu caráter ditatorial. Assumimos como objeto a revista Cultura Política, editada por Almir de Andrade e publicada, com periodicidade mensal, entre os anos 1941 e 1945. Ademais de traçarmos um perfil intelectual de seu editor, analisamos, na revista, dois conjuntos de crônicas. O
primeiro diz respeito às crônicas escritas por Graciliano Ramos e Marques Rebelo que, como quadros de costumes, ofereceriam um retrato regionalizado do país. O segundo compreende as crônicas escritas por Pedro Dantas (Prudente de Moraes Neto) e Wilson Lousada sobre a recente história das idéias e da literatura de ficção no Brasil. A análise das crônicas permite ver que o projeto posto em prática pelo
regime em relação à literatura e ao meio literário se baseou em uma suposta correspondência, estabelecida pelo governo, entre duas noções correntes na época: a de realismo político e a de realismo literário. Sabendo em que consistiu esse
projeto, restava compreender como ele foi posto em prática, isto é, como o regime conseguiu a colaboração de escritores críticos à sua política para órgãos oficiais de propaganda como Cultura Política. A análise das crônicas mostra que, apesar de terem servido ao regime, o que os escritores diziam não era, em si mesmo, favorável ao Estado Novo. Ela mostra, ademais, que a imagem realista do país produzida especialmente pelo romance social regionalista é anterior ao Estado Novo e surgiu, no meio literário, como reação à literatura dos anos 1920. Concluímos, assim, que o regime estado-novista adotou a estratégia exitosa de se inserir em um debate em curso, apropriando-se, na medida em que lhe era útil, de elementos desse debate. Essa estratégia tornou possível, ao mesmo tempo, a participação de intelectuais não
comprometidos com o governo em termos político-ideológicos, na medida em que puderam exercer seu trabalho com razoável margem de autonomia, diferenciandose, nesse sentido, dos verdadeiros porta-vozes do regime. A análise do perfil de
Almir de Andrade corrobora essa estratégia à qual nos referimos, ao longo desta tese, a partir da noção de diálogo, porque capaz de incorporar pessoas e idéias que
ultrapassavam o campo intelectual propriamente estado-novista. / Investigamos en este trabajo de tesis las condiciones que permitieron al régimen de Getúlio Vargas (Brasil, Estado Novo, 1937-1945) poner en práctica un proyecto en relación a la literatura y al medio literario, incorporando a este proyecto
intelectuales críticos a sus presupuestos doctrinarios y a su carácter dictatorial. La tesis tiene como objeto la revista Cultura Política, dirigida por Almir de Andrade y publicada con periodicidad mensual por el Departamento de Imprensa e
Propaganda (DIP) entre los años 1941 y 1945. Además de trazar un perfil intelectual de su editor, analizamos en la tesis dos conjuntos de crónicas de la revista. El primer conjunto comprehende los textos escritos por Graciliano Ramos y
Marques Rebelo, que pretendían ofrecer un retrato regionalizado del país. El segundo corresponde a las crónicas de autoría de Pedro Dantas (Prudente de Moraes Neto) y Wilson Lousada sobre la reciente historia de la literatura de ideas y de ficción en Brasil. El análisis de los textos permitió demonstrar que el proyecto puesto en práctica por el régimen en relación a la literatura y al medio literario supuso una correspondencia, establecida por el propio gobierno, entre realismo político y literario. Siendo así faltaba explicar sin embargo cómo el régimen logró poner su proyecto en práctica, es decir, como logró que escritores críticos a su
política participaran en órganos de prensa como Cultura Política. El análisis de las crónicas muestra que lo que los escritores dijeron allí no era en sí mismo favorable al Estado Novo. Además, la imagen del país producida por la literatura de carácter social regionalista anticipó al Estado Novo, habiendo surgido en el medio literario como reacción al modernismo de los años 1920. Nuestra conclusión es que el
régimen estado-novista adoptó una estrategia exitosa, de inserirse en un debate literario en curso apropiándose de elementos que le podían ser útiles. Al mismo tiempo, esta estrategia hizo posible que intelectuales no comprometidos con el gobierno en términos políticos aceptaran colaborar siempre y cuando pudieran hacer su trabajo con una razonable margen de autonomía, diferenciándose de los
verdaderos porta-voces del régimen. El análisis del perfil intelectual de Almir de Andrade corrobora el uso de esta estrategia. Nos referimos a ella a lo largo de la tesis como la capacidad que el gobierno tuvo para dialogar, cordialmente,
entendiendo diálogo por la incorporación de personas e ideas que traspasaban el campo intelectual propiamente estado-novista
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