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Influência do uso de estatinas sobre a estabilidade de membrana de eritrócitos em portadores de esclerose múltipla

Freitas, Mariana Vaini de 20 July 2009 (has links)
Multiple sclerosis (MS), degenerative disease characterized by defects in the myelin membrane of neural cells, takes place probably by oxidative, inflammatory and autoimmune mechanisms in genetically vulnerable individuals, under the influence of environmental factors associated with feeding. [Hypothesis] As the structural composition of biological membranes is largely affected by diet, physical activity and use of medicines, the interference of environmental factors in the homeostasis of structural membranes of neural cells in carriers of MS must also be shared by other post-mitotic cells of the body, such as erythrocytes. [Objective] This study aimed to investigate the influence of statin use on the stability of erythrocytes membranes against hypotonic shock and chaotropic action of ethanol in patients with MS. [Methods] The population was composed of 16 women suffering from MS (26-58 years) who were being monitored at the Clinical Hospital of the Federal University of Uberlândia. They were divided into two groups, one group treated with 20 mg/day of simvastatin for 2.66 ± 1.03 years (n = 6) and another group without the use of statin (n = 10). A control group consisted of 6 healthy women with BMI and age (28-56 years) similar to problem group, all without the use of medications and without chronic consumption of alcohol. We evaluated the scores of patients in the Expanded Disability Status Scale (EDSS), hematological and biochemical variables, in addition to the stability of erythrocytes against hypotonic shock and ethanol. The stability of erythrocytes was evaluated by the half-transition points, H50 and D50, obtained from the curves of hemolysis induced by hypotonic shock and chaotropic action of ethanol, respectively. Statistical comparisons of results between groups were made by ANOVA and Tukey post-hoc test. [Results] There were no statistically significant differences in EDSS scores or the hematological variables between groups, but the MS patients under use of statin showed levels of total cholesterol and LDL-cholesterol significantly lower than those without use of that drug. The values of H50 of the MS patients without use of statins (0.472 ± 0.013 g.dL-1 NaCl) were significantly higher than those of volunteers in the control group (0.427 ± 0.015 g.dL-1 NaCl). The H50 values of the carriers of MS with use of statins (0.457 ± 0.013 g.dL-1 NaCl) declined (although not in a statistically significant basis) compared to carriers of MS without the use of statins, but they were not equal to the values of H50 of volunteers in the control group. Moreover, the values of D50 of MS patients without use of statin (13.87 ± 0.74% v/v ethanol) were significantly lower than those of volunteers in the control group (15.38 ± 0.24 g.dL-1 NaCl), but the values of D50 in the MS patients under statin therapy (15.20 ± 0.15 g.dL-1 NaCl) were not significantly different from those of volunteers in the control group, although they had been significantly higher than those of MS patients without use of statins. [Conclusions] The carriers of MS without use of statin showed erythrocytes less stable against hypotonic chock and action of ethanol than the control group. The use of statins increased the stability of erythrocytes against ethanol in the MS patients, making it similar to the RBC stability of the volunteers without the disease. But the use of statins did not increase osmotic stability of the erythrocyte membrane against hypotonicity in such a way to make it similar to the membrane stability of the volunteers without the disease. These findings are important and reflect the homeostatic conditions in the erythrocytes membranes by the moment of their evaluation. This could be merely a consequence of changes in lifestyle associated with the development of the disease, but could also be associated with a lifestyle that may have implications in the development of MS. The reasons for believing in the validity of the last hypothesis are discussed. / A esclerose múltipla (EM), doença degenerativa caracterizada por defeitos na membrana de mielina das células neurais, desenvolve-se provavelmente por mecanismos oxidativos, inflamatórios e auto-imunes em indivíduos geneticamente vulneráveis, sob a influência de fatores ambientais associados à alimentação. [Hipótese] Como a composição estrutural das membranas biológicas é largamente afetada pela alimentação, padrão de atividade física e uso de medicamentos, se houver interferência de fatores ambientais na homeostase estrutural das membranas das células neurais em portadores de EM, ela deve ser também compartilhada por outras células pós-mitóticas do organismo, como os eritrócitos. [Objetivo] Este trabalho teve como objetivo estudar a influência do uso de estatina sobre estabilidade de membrana de eritrócitos contra choque hipotônico e ação caotrópica do etanol em portadores de esclerose múltipla. [Métodos] A população foi constituída por 16 mulheres portadoras de EM (26-58 anos), que estavam em acompanhamento no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. Elas foram divididas em dois grupos, um grupo tratado com 20 mg/dia de sinvastatina durante 2,66 ± 1,03 anos (n = 6) e outro grupo sem uso de estatina (n = 10). Um grupo controle foi constituído por 6 mulheres saudáveis, com IMC e idades (28-56 anos) equiparáveis ao grupo problema, todas sem uso de medicações e sem consumo crônico de bebida alcoólica. Foram avaliados escores da escala expandida do estado de incapacidade (EDSS), variáveis hematológicas e bioquímicas, além da estabilidade de membrana de eritrócitos contra choque hipotônico e etanol. A estabilidade de eritrócitos foi avaliada pelas constantes de meia-transição de lise, H50 e D50, obtidas a partir das curvas de hemólise por choque hipotônico e ação caotrópica do etanol, respectivamente. Comparações estatísticas dos resultados entre os grupos foram feitas por ANOVA, utilizando pós-teste de Tukey. [Resultados] Não houve diferenças estatisticamente significantes nos escores de EDSS nem nas variáveis hematológicas entre os grupos, mas as portadoras de EM sob uso de estatina apresentaram níveis de colesterol total e LDL-colesterol significantemente menores do que aquelas sem uso daquela droga. Os valores de H50 das portadoras de EM sem uso de estatina (0,472 ± 0,013 g.dL-1 NaCl) foram significantemente maiores do que aqueles das voluntárias do grupo controle (0,427 ± 0,015 g.dL-1 NaCl). Os valores de H50 das portadoras de EM com uso de estatina (0,457 ± 0,013 g.dL-1 NaCl) declinaram (ainda que sem significância estatística) em relação à portadoras de EM sem uso de estatina, sem se igualar aos valores de H50 das voluntárias do grupo controle. Por outro lado, os valores de D50 das portadoras de EM sem uso de estatina (13,87 ± 0,74% v/v etanol) foram significantemente menores do que os das voluntárias do grupo controle (15,38 ± 0,24% v/v etanol), mas os valores de D50 das portadoras de EM sob uso de estatina (15,20 ± 0,15% v/v etanol) não foram significantemente diferentes daqueles das voluntárias do grupo controle, embora eles tenham sido significantemente maiores do que aqueles das portadoras de EM sem uso de estatina. [Conclusões] As portadoras de EM sem uso de estatina apresentaram eritrócitos menos estáveis contra hipotonicidade e contra a ação do etanol que as voluntárias do grupo controle. O uso de estatina aumentou a estabilidade de eritrócitos contra etanol nas portadoras de EM, tornando esta estabilidade semelhante àquela das voluntárias sem a doença. Porém o uso de estatina não aumentou a estabilidade de membrana dos eritrócitos contra hipotonicidade a ponto de torná-la semelhante à estabilidade de membrana das voluntárias sem a doença. Esses achados são importantes e refletem as condições da homeostase de membrana dos eritrócitos, no período de sua determinação. Eles poderiam ser mera conseqüência de mudanças no estilo de vida associadas ao desenvolvimento da doença, mas poderiam também estar associadas a um estilo de vida que possa ter tido implicações no desenvolvimento da EM. As razões para acreditar na validade desta última hipótese são discutidas. / Mestre em Genética e Bioquímica

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