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Das invasões às fogueiras: os discursos excêntricos em Saramago e Pepetela. / From the invasions to the fires: the ex-centric speeches in Saramago and Pepetela.Rosangela Manhas Mantolvani 20 August 2010 (has links)
Os romances Memorial do Convento, de José Saramago, e A gloriosa família: o tempo dos flamengos, de Pepetela, são considerados como novos romances históricos, cuja forma tem origem tanto na estrutura do romance histórico de matriz realista, teorizado por Lukács, quanto nos primeiros novos romances históricos criados em Cuba, por Alejo Carpentier, a partir de 1949, consideradas suas singulares diferenças em relação aos contextos de origem, pois confirmam diálogos com certos elementos da tradição dos romances produzidos em cada um de seus sistemas literários. Assim, por pertencerem a um subgênero que estabelece uma ruptura com o paradigma dos romances históricos produzidos no momento do Romantismo e do Realismo, essa nova forma apresenta características próprias, cujos discursos projetam tanto as ideologias dominantes de época quanto outras formas de pensamento, as quais asseguram um contradiscurso que percorre os textos, como enunciados secundários, articulados a partir de discursos primários. Os posicionamentos enunciativos, bem como a configuração de seus narradores revelam lugares sociais considerados excêntricos, assim como os discursos que veiculam em relação à história oficial, à qual procuram tanto parafrasear, estilizar quanto parodiar. E, algumas vezes, lidam com apropriações do texto histórico canônico, exatamente com o objetivo de subverter o sentido dessa escrita como um discurso bem sucedido das elites do tempo histórico-diegético, privilegiando a visão dos narradores e das personagens excêntricos. Dessa maneira, os discursos excêntricos possuem algumas temáticas que se alinham à história percebida como pesadelo, enfatizadas em ambos os romances e desveladas pelos implícitos e inferências, como a crítica aos Impérios e seus valores; crítica ao Monopólio e suas dinâmicas; à dominação de outros povos e grupos por meio da força bruta; ao caos existencial gerado pelas elites sobre as dinâmicas sócio-culturais dos grupos submetidos; à ideologia monódica, em confronto com outras formas culturais; aos prejuízos materiais e emocionais impostos pelas elites às classes subalternas: às desigualdades sociais como geradoras de exclusões, entre outras. Trazem implícitos, também, os discursos sobre a formação de identidades singulares pela constante mestiçagem ou pela exclusão racial ou social. / Memorial do Convento a novel, by José Saramago, and A gloriosa família: o tempo dos flamengos, a novel by Pepetela, are considered new historical novels, their form has its origin in the structure of the historical novel of realistic matrix theorized by Lukács, as well as in the first new historical novels written in Cuba by Alejo Carpentier, since 1949, considering their natural differences in relation to the original contexts, for they confirm dialogues with certain elements of the tradition of novels produced in each literary system. Thus, they belong to a subgenre that provides a rupture with paradigm of historical novels in Romanticism and Realism this new form has its own characteristics, whose discourses project the dominant ideologies of the time as well as other forms of thought, which provide a counter-discourse throughout the texts, as secondary enunciator, articulated from the primary discourse. The enunciation placements, as well the configuration of the narrator reveal social places considered ex-centric, similar to the speeches that propagate in relation to the official history, which intend to paraphrase, style as well as parody. Sometimes, they deal with appropriations of canonical historical text, intending to subvert the meaning of this text into a successful discourse of historical-diegetic time elites, favoring the narrators view and excentric characters. Thus, the ex-centric discourses have themes that align with history perceived as nightmares, emphasized in both novels and unveiled by implicit inferences, as a criticism of Empires and of their values; criticism of Monopoly and its dynamics, the domination of other people and groups by brute force, the existential chaos generated by elites on the social an cultural dynamics groups submitted to the monodic ideology in comparison with other cultural forms, the emotional and material damages imposed by the elites onto lower classes: social inequalities which lead to social exclusion, among others. They bring implicit discourses about a singular forming of identities caused by a constant miscegenation or by racial or social exclusion.
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