CoordenaÃÃo de AperfeÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior / O ponto de partida desta investigaÃÃo à a experiÃncia manicomial do escritor Lima Barreto, internado como paciente psiquiÃtrico, em 1914 e 1919, no HospÃcio Nacional de Alienados do Rio de Janeiro. A partir da anÃlise do escritor acerca do âespetÃculo do hospÃcioâ, descrito como âlugar que condena os sujeitos à morte em vidaâ, presente nas obras DiÃrio do HospÃcio e O CemitÃrio dos Vivos, dedicamo-nos à observÃncia e à anÃlise do surgimento da ciÃncia psiquiÃtrica e de seus pressupostos, advindos, sobretudo, da Europa, e executados no Brasil, pensando a loucura como uma problemÃtica indissociavelmente mÃdica e social. Analisaremos, portanto, a partir da âescrita de siâ de Lima Barreto, dos documentos produzidos pela instituiÃÃo responsÃvel pela sua internaÃÃo (prontuÃrios mÃdicos) e dos trabalhos voltados a pensar a psiquiatria e a loucura como doenÃa mental, a experiÃncia manicomial a partir do prÃprio louco, a histÃria das teorias psiquiÃtricas definidoras e legitimadoras daquilo que era normal e patolÃgico, a classificaÃÃo e a criaÃÃo do espaÃo institucional medicalizado, o cotidiano no espaÃo asilar e a especializaÃÃo mÃdica voltada a curar a loucura. A partir desses materiais, pensamos sobre a imposiÃÃo de uma relaÃÃo de poder entre o mÃdico e o doente, as prÃticas em torno dos âinsanosâ, o confisco da âloucuraâ pelo olhar especialista do mÃdico e os sujeitos que compunham o arsenal teÃrico da psiquiatria, expostos Ãs suas terapias e prÃticas, que, na maioria das vezes, eram pobres, negros e trabalhadores braÃais, perspectiva que compreende uma questÃo iminentemente social, muito embora elaborada como doenÃa. / The starting point of this investigation is the asylum experience of writer Lima Barreto, admitted as a psychiatric patient in 1914 and 1919, to the HospÃcio Nacional de Alienados do Rio de Janeiro. From the writerâs analysis of the âasylum spectacleâ, described as âa place that sentences to social deathâ, that appears on DiÃrio do HospÃcio and O CemitÃrio dos Vivos, this paper reviews the beginning of psychic science and its assumptions originated mostly from Europe and performed in Brazil, presuming madness as an inseparable medical and social problematic. An analysis will be made based on the âself-writingâ of Lima Barreto, from the documents produced by the institution responsible for this admission (medical charts) and the works toward thinking psychiatry and madness as a mental disease. The asylum experience from the insane himself, the history of psychiatry theories that defined and legitimated what were normal and pathological, the classification and creation of the medical institutional space, the routine of the asylum and the medical specialization towards healing insanity. From those resources, was considered the imposition of a power relation between the doctor and the sick individual, the practices around the âinsaneâ, the confiscation of âmadnessâ through the physicianâs specialist point of view, and the subjects that were part of the psychiatry theory research, exposed to their therapy and practices, that, in most part, were poor, black and handymen, from a perspective that comprehends an eminently social topic, although elaborated as a disease.