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Percepções sociais do aborto provocado: uma explicação em termos de crenças sociais e familiaridadeSantos, Adriana Pereira dos 28 August 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008-08-28 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES / For appearing in a question of public health, the induced abortion has been the subject of the
social debate. Nevertheless, the discussion is around the speeches that evaluate this behavior not
only as a morally inacceptable fact, but also as an action passive of punishment inside the
Brazilian legislation. From this reflection, this work analyzed the social perception of induced
abortion and its relationship with a whole series of psychosocial factors that make this perception
possible. The perception is understood inside three evaluative dimensions: community (how
much the action of induced abortion is common), justice (how much the action of induced
abortion is fair) and punishment (how much the action of induced abortion must be punished).
They were presented stories of abortion in the conditions allowed by law (normalized) and in the
not allowed conditions (non-normalized), and also participants who were requested to evaluate
them as fair, ordinary and passive of punishment behavior. The considered psychosocial factors
were social beliefs that support the social position facing the induced abortion, essentialist beliefs
in the differences among men and women, religiosity and familiarity with the induced abortion.
For this, it was realized a study correlated to the application of a questionnaire to 614 university
students from both male and female sexes from a public university in Paraíba. The results found
indicated, for the studied sample, that the induced abortion is perceived as a common behavior,
for both situations, normalized (allowed by law) and non-normalized (illegal abortion). The
normalized abortion was considered as fairer and less passive of punishment, while the
participants considered the non-normalized abortion as less fair and more passive of punishment.
As to the position, there was an adhesion to the arguments against the abortion practice, except
the arguments linked to the autonomy and individual freedom of the woman to decide about her
own body. The sample admitted a small familiarity with the phenomenon of abortion. In the
perception of the abortion community (normalized and non-normalized), the explained variations
were the position and the familiarity. But for the perception of the justice (normalized and nonnormalized)
and the perception of the normalized punishment, the explained variations were the
position and the religiosity. And for the perception of the non-normalized punishment, only the
position appeared as an explained variation. It was observed that the essentialism does not appear
as an explained variation of any perception. The results point to the fact that the more familiarity
with the phenomenon of abortion the more is the attribution of the community, it is, there is the
recognition of the raised occurrence of abortions for those who admit some type of proximity
with the question. It makes sense then to strengthen the institutional role as promotional of the
visibility of the abortion, to go beyond the perspective of the morality, but for the social
problematic that it is involved with, while behavior daily practiced to the default of the moral
judgments made by it. / Por configurar-se numa questão de saúde pública, o aborto provocado tem sido pauta do debate
social. No entanto, a discussão se faz atravessada dos discursos que avaliam esse comportamento
como um ato tanto moralmente inaceitável, como também passível de punição dentro da
legislação brasileira. Partindo dessa reflexão, o presente trabalho analisou a percepção social do
aborto provocado e sua relação com uma série de fatores psicossociais que fundamentariam essa
percepção. A percepção é entendida dentro de três dimensões avaliativas: comunidade (o quanto
a prática do aborto provocado é comum), justiça (o quanto a prática do aborto provocado é justa)
e punição (o quanto a prática do aborto provocado deve ser punida). Foram apresentadas historias
de abortamento dentro das condições permitidas em lei (normatizadas) e das condições não
permitidas (não-normatizadas) e os participantes solicitados a avaliá-las como comportamento
comum, justo e passível de punição. Os fatores psicossociais considerados foram crenças sociais
que fundamentam o posicionamento social frente ao aborto provocado, crenças essencialistas nas
diferenças entre homens e mulheres, religiosidade e familiaridade com o aborto provocado. Para
tanto, realizou-se um estudo correlacional com a aplicação de questionário a 614 estudantes
universitários de ambos os sexos de uma universidade pública da Paraíba. Os resultados
encontrados indicaram que, para a amostra estudada, o aborto provocado é percebido como um
comportamento comum, tanto nas situações normatizadas (permitidas em lei) e não-normatizadas
(aborto ilegal). O aborto normatizado foi percebido como mais justo e menos passível de
punição, enquanto que os participantes perceberam o aborto não-normatizado como menos justo
e mais passível de punição. Quanto ao posicionamento houve uma adesão aos argumentos
contrários á prática do aborto, com exceção dos argumentos que vinculam-se a autonomia e
liberdade individual da mulher para decidir sobre o próprio corpo. A amostra admitiu uma baixa
familiaridade com o fenômeno do abortamento. Na percepção da comunidade do aborto
(normatizado e não-normatizado), as variáveis explicativas foram o posicionamento e a
familiaridade. Já para a percepção da justiça (normatizado e não-normatizado) e a percepção da
punição normatizada, as variáveis explicativas foram o posicionamento e a religiosidade. E para a
percepção da punição não-normatizada, apenas o posicionamento apareceu como variável
explicativa. Observou-se que o essencialismo não aparece como variável explicativa de nenhuma
das percepções. Os resultados encontrados apontam para o fato de que quanto mais familiaridade
com o fenômeno do abortamento maior é atribuição de comunidade, ou seja, há o
reconhecimento da elevada ocorrência de abortos por aqueles que admitem algum tipo de
proximidade com a questão. Faz sentido então reforçar o papel institucional como promotor da
visibilidade do abortamento, para além da perspectiva da moralidade, mas sim da problemática
social que o envolve, enquanto comportamento cotidianamente praticado à revelia dos
julgamentos morais a ele feito.
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