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A nasalização na língua Dâw / Nasalization in DâwAndrade, Wallace Costa de 27 June 2014 (has links)
Consoantes oclusivas sonoras e nasais apresentam similaridades articulatórias. Estes grupos de fones, em algumas línguas indígenas brasileiras, são alofones de um mesmo fonema. Nesses sistemas, há alofones intermediários que apresentam contorno oral-nasal. A língua Dâw, embora descrita com fonemas distintos para as classes oclusivas e nasais, apresenta consoantes de contorno como alofones em situação muito restrita: coda seguindo vogal oral. Este trabalho tem como objetivo descrever e analisar os contextos de nasalização da língua Dâw, através da elicitação de dados originais. Foram realizados três trabalhos de campo, nos quais fizemos gravações de dados com falantes nativos. Obtivemos dados acústicos, através de gravadores digitais, e aerodinâmicos, através do equipamento EVA2 que apresenta transdutores diferenciados para a medição de fluxo de ar oral e nasal. Utilizamos o conceito de distribuição para analisar os dados obtidos, devido à ausência de pares mínimos, pois a língua é tipologicamente isolante-analítica. Corroboramos a descrição anteriormente realizada (Martins, 2004) sobre a categorização de nasais como fonemas distintos, tanto consonantais como vocálicos. Verificamos também a ocorrência de espalhamento de nasalização de aproximantes tautossilábicas a partir de vogais nasais, como descrito, e acrescentamos à descrição o processo de espalhamento para a fricativa glotal surda /h/ quando esta se encontra na mesma sílaba que uma vogal nasal. Conseguimos determinar que o ambiente prosódico de espalhamento de nasalização é a sílaba, já que esse fenômeno não ocorre entre sílabas. Analisamos também se o contorno oral de consoantes nasais poderia ser um processo de longo alcance. Entretanto, os dados demonstraram seu alcance local, também restrito à estrutura da sílaba. As consoantes nasais de contorno oral resgatam, possivelmente, um estado antigo da língua, que pode ser verificado nas línguas-irmãs Hup e Yuhup, de restrição a adjacências mistas oral e nasal. Por ocorrer somente em posição de coda, atribuímos que o contato com o português-brasileiro (PB) manteve esse alofone nesta posição, pois no PB ocorre espalhamento de nasalização regressivo, o que seria indesejável para a língua Dâw, que possui distinção fonêmica entre vogais orais e nasais. Essa dessincronização do gesto velar causa o contorno devido às similaridades articulatórias entre oclusivas sonoras e nasais. Houve, ainda, dados em que a aerodinâmica não correspondeu à percepção acústica, ou seja, escutamos uma nasalização, mas não havia fluxo de ar correspondente. Achamos que essa discrepância deve-se a alguma manobra articulatória não compreendida. Quanto aos processos analisados através do método da Fonologia Prosódica, concluímos que ambos os processos não ocorrem em constituintes prosódicos hierarquicamente superiores / Stop voiced and nasal consonants have articulatory similarities. In some indigenous Brazilian languages, these groups of phones are allophones of the same phoneme. In such systems, there are intermediary allophones that have an oral-nasal contour. Dâw language, although described with distinct phonemes for the stop and nasal classes, has contour consonants as allophones in a very restricted situation: coda after an oral vowel. This dissertation aims to describe and analyze the contexts of nasalization in Dâw language through elicitation of original data. We undertook three fieldwork studies in which we made recordings of data with native speakers. We obtained acoustic data using a digital recorder and aerodynamic data using EVA2 equipment that has separate sensitive transducers for oral and nasal airflow measurement. We used the distribution concept to analyze the data, due to the absence of minimal pairs, since the language is typologically isolating-analytic. We corroborated the previous description (Martins, 2004) on the categorization of both consonant and vowel nasals as distinct phonemes. We also noticed the occurrence of nasal spreading from approximant tautosyllabic to nasal vowels, as described, and added to the description the spreading process for the voiceless glottal fricative /h/ when it is in the same syllable as a nasal vowel. We were able to determine that the prosodic environment of the nasal spreading is the syllable, because this phenomenon does not occur between syllables. We also analyzed whether the oral contour of nasal consonants could be a long-range process. However, the data proved it to be local range, also restricted to the syllable and not the adjacency. Oral-contour nasal consonants hark back to a former state of the language, which can also be seen in its sister languages Hup and Yuhup, with the restriction of mixed oral and nasal adjacencies. As it occurs only in the coda, we attribute the fact that this allophone has maintained this position due to contact with Brazilian Portuguese (BP), because regressive nasal spreading occurs in BP, which would be undesirable for Dâw language, which has phonemic distinction between oral and nasal vowels. This desynchronization of the velar gesture causes the contour due to articulatory similarities between stop voiced and nasal consonants. There were data where the aerodynamics did not match the acoustics, i.e., we heard nasalization, but there was no corresponding nasal airflow. We believe that this discrepancy is due to some articulatory maneuver that is not understood. As regards processes analyzed by Prosodic Phonology, we concluded that both processes do not occur in hierarchically superior prosodic constituents
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A nasalização na língua Dâw / Nasalization in DâwWallace Costa de Andrade 27 June 2014 (has links)
Consoantes oclusivas sonoras e nasais apresentam similaridades articulatórias. Estes grupos de fones, em algumas línguas indígenas brasileiras, são alofones de um mesmo fonema. Nesses sistemas, há alofones intermediários que apresentam contorno oral-nasal. A língua Dâw, embora descrita com fonemas distintos para as classes oclusivas e nasais, apresenta consoantes de contorno como alofones em situação muito restrita: coda seguindo vogal oral. Este trabalho tem como objetivo descrever e analisar os contextos de nasalização da língua Dâw, através da elicitação de dados originais. Foram realizados três trabalhos de campo, nos quais fizemos gravações de dados com falantes nativos. Obtivemos dados acústicos, através de gravadores digitais, e aerodinâmicos, através do equipamento EVA2 que apresenta transdutores diferenciados para a medição de fluxo de ar oral e nasal. Utilizamos o conceito de distribuição para analisar os dados obtidos, devido à ausência de pares mínimos, pois a língua é tipologicamente isolante-analítica. Corroboramos a descrição anteriormente realizada (Martins, 2004) sobre a categorização de nasais como fonemas distintos, tanto consonantais como vocálicos. Verificamos também a ocorrência de espalhamento de nasalização de aproximantes tautossilábicas a partir de vogais nasais, como descrito, e acrescentamos à descrição o processo de espalhamento para a fricativa glotal surda /h/ quando esta se encontra na mesma sílaba que uma vogal nasal. Conseguimos determinar que o ambiente prosódico de espalhamento de nasalização é a sílaba, já que esse fenômeno não ocorre entre sílabas. Analisamos também se o contorno oral de consoantes nasais poderia ser um processo de longo alcance. Entretanto, os dados demonstraram seu alcance local, também restrito à estrutura da sílaba. As consoantes nasais de contorno oral resgatam, possivelmente, um estado antigo da língua, que pode ser verificado nas línguas-irmãs Hup e Yuhup, de restrição a adjacências mistas oral e nasal. Por ocorrer somente em posição de coda, atribuímos que o contato com o português-brasileiro (PB) manteve esse alofone nesta posição, pois no PB ocorre espalhamento de nasalização regressivo, o que seria indesejável para a língua Dâw, que possui distinção fonêmica entre vogais orais e nasais. Essa dessincronização do gesto velar causa o contorno devido às similaridades articulatórias entre oclusivas sonoras e nasais. Houve, ainda, dados em que a aerodinâmica não correspondeu à percepção acústica, ou seja, escutamos uma nasalização, mas não havia fluxo de ar correspondente. Achamos que essa discrepância deve-se a alguma manobra articulatória não compreendida. Quanto aos processos analisados através do método da Fonologia Prosódica, concluímos que ambos os processos não ocorrem em constituintes prosódicos hierarquicamente superiores / Stop voiced and nasal consonants have articulatory similarities. In some indigenous Brazilian languages, these groups of phones are allophones of the same phoneme. In such systems, there are intermediary allophones that have an oral-nasal contour. Dâw language, although described with distinct phonemes for the stop and nasal classes, has contour consonants as allophones in a very restricted situation: coda after an oral vowel. This dissertation aims to describe and analyze the contexts of nasalization in Dâw language through elicitation of original data. We undertook three fieldwork studies in which we made recordings of data with native speakers. We obtained acoustic data using a digital recorder and aerodynamic data using EVA2 equipment that has separate sensitive transducers for oral and nasal airflow measurement. We used the distribution concept to analyze the data, due to the absence of minimal pairs, since the language is typologically isolating-analytic. We corroborated the previous description (Martins, 2004) on the categorization of both consonant and vowel nasals as distinct phonemes. We also noticed the occurrence of nasal spreading from approximant tautosyllabic to nasal vowels, as described, and added to the description the spreading process for the voiceless glottal fricative /h/ when it is in the same syllable as a nasal vowel. We were able to determine that the prosodic environment of the nasal spreading is the syllable, because this phenomenon does not occur between syllables. We also analyzed whether the oral contour of nasal consonants could be a long-range process. However, the data proved it to be local range, also restricted to the syllable and not the adjacency. Oral-contour nasal consonants hark back to a former state of the language, which can also be seen in its sister languages Hup and Yuhup, with the restriction of mixed oral and nasal adjacencies. As it occurs only in the coda, we attribute the fact that this allophone has maintained this position due to contact with Brazilian Portuguese (BP), because regressive nasal spreading occurs in BP, which would be undesirable for Dâw language, which has phonemic distinction between oral and nasal vowels. This desynchronization of the velar gesture causes the contour due to articulatory similarities between stop voiced and nasal consonants. There were data where the aerodynamics did not match the acoustics, i.e., we heard nasalization, but there was no corresponding nasal airflow. We believe that this discrepancy is due to some articulatory maneuver that is not understood. As regards processes analyzed by Prosodic Phonology, we concluded that both processes do not occur in hierarchically superior prosodic constituents
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Descrição da nasalidade no município de barreirinha, comunidade do Andirá, no AmazonasSantos, Tatiana Belmonte dos 21 January 2013 (has links)
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Previous issue date: 2013-01-21 / Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas / The nasality in Portuguese is a rich topic of study in linguistic aspects. The aim of this essay is to describe the nasality in the speech of native residents of Barreirinha, in the Community of Freguesia do Andirá, located north of the city of Parintins and east of the state of Pará, 331 km from the capital of Amazonas, Manaus. Through a diachronic study of nasality from Latin to the modern Portuguese, it is possible to identify its emergence and its transformations throughout history. Some aspects of nasality in archaic Portuguese, especially the variation that existed in Lisbon-Coimbra, described by Bueno (1967), works out as an aid to understanding the phenomenon that has been registered in the Community of Andirá. This phenomenon comes from the oral sound production of vowels in phonological environments, where, for the usual conventions of Portuguese phonology, should suffer slight nasalization, for example, the vowel /a/ in the word santo. Among the other objectives of this study, we highlight the quantification of the phenomenon investigated and registered in the Community, and the set up of hypotheses that may explain its occurrence. It was used as a parameter for identification and verification of the phenomenon in question, descriptions of nasality in Phonetics and Phonology of Portuguese. This is a qualitative and quantitative study, which follows the parameters of the theory social variationist theory. Data collection was performed in the Freguesia do Andirá through an interview to 18 (eighteen) informants, being 06 (six) men and 06 (six) women, from 03 (three) different age groups, young people, adults and elderly, whom were natives and residents of the Community. The corpus included 69 (sixty-nine) words. The data were analyzed lighted by the Experimental Phonetics, using the Praat software, through which we obtained experimental tools to record the phenomenon. And yet, we followed the patterns of the variationist sociolinguistics to analyze the data in terms of the variations gender/sex, age and education level. The data analysis indicated the discovery of a variation of nasality in Barreirinha, which resembles the variation occurring in the archaic Portuguese, and also pointed to an ongoing transformation of the phenomenon, considering the analyzed sociolinguistic variables / A nasalidade na língua portuguesa é um tema de estudo rico em aspectos linguísticos. O objetivo desta dissertação é descrever a nasalidade na fala dos moradores nativos do Município de Barreirinha, na Comunidade de Freguesia do Andirá, localizada ao norte do município de Parintins e a leste do estado do Pará, a 331 km da capital do Amazonas, a cidade de Manaus. Através de um estudo diacrônico da nasalidade do latim até o português moderno, é possível identificar o seu surgimento e as suas transformações no decorrer da História. Alguns aspectos da nasalidade no português arcaico, em especial a variação que existia em Lisboa-
-Coimbra, descrita por Bueno (1967), servem de auxílio para a compreensão do fenômeno registrado na Comunidade do Andirá. Este fenômeno trata-se da produção de som oral de vogais em ambientes fonológicos, onde, por convenções usuais da fonologia da língua portuguesa, deveriam sofrer leve nasalização, como, por exemplo, a vogal /a/ na palavra santo. Dentre os demais objetivos deste trabalho, destacam-se a quantificação do fenômeno registrado na Comunidade investigada e o levantamento de hipóteses que possam explicar a sua ocorrência. Foram utilizadas, como parâmetro para a identificação e constatação do fenômeno em questão, as descrições da nasalidade na Fonética e na Fonologia da língua portuguesa. Este é um trabalho quali-quantitativo, que segue os parâmetros da teoria sociovariacionista. A coleta de dados foi realizada em Freguesia do Andirá, através de entrevista a 18 (dezoito) informantes, sendo 06 (seis) homens e 06 (seis) mulheres, de 03 (três) grupos etários distintos, jovens, adultos e idosos, os quais eram nativos e moradores da Comunidade. O corpus contemplou 69 (sessenta e nove) palavras. Os dados foram analisados à luz da Fonética Experimental, com a utilização do Software Praat, através do qual obtivemos as ferramentas de registro experimental do fenômeno. E, ainda, seguimos a sociolinguística variacionista para analisar os dados nos âmbitos das variações gênero/sexo, idade e escolaridade. A análise dos dados coletados indicou a constatação de uma variação de nasalidade em Barreirinha, que se assemelha à variação ocorrente no português arcaico, e, ainda, apontou para um processo de transformação do fenômeno, considerando-se as variáveis sociolinguísticas analisadas
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