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O capital entre o lógico e o sócio-lógico e as formas sociais como sua mediação / The Capital between the logical and the socio-logical and the social forms as its mediationGuimarães, Leonardo Ferreira 27 November 2018 (has links)
Para Marx, o capital é um sujeito automático e, ao mesmo tempo, depende da exploração do proletariado, e dos interesses da burguesia e dos membros do Estado burguês de direito. À primeira vista, parece incoerência, contradição e erro de raciocínio defender que algo seja automático enquanto este algo é movido pelo conjunto da sociedade. Para um pensamento pautado pela identidade abstrata (como o mainstream científico) o lógico do automático e o socio-lógico dos representantes particulares do gênero humano não podem coexistir como elementos explicativos de um mesmo objeto - o capital. Mas, isso também polariza e divide marxistas e teóricos da dialética. Essa determinação de que um dos lados é verdadeiro e o outro deve ser falso pode ser compreendida como manifestação da identidade abstrata, que é forma absoluta da ideologia e é fundamentada nos princípios da não-contradição e do terceiro excluído. Grosso modo, no polo da identidade temos conceitos e deduções lógicas, no da não-identidade temos dados e fatos empíricos. Ocorre que Marx disse não partir de nenhum dos dois polos, mas das formas sociais. Se, para Marx, ambos os polos são verdadeiros e, ao mesmo tempo, sua investigação não parte de nenhum deles, mas das formas sociais - pouco definidas na história do marxismo - talvez elas sejam chave para compreender como conciliar os polos, mantendo no centro a contradição. Assim, a principal tarefa desta tese é apresentar, do modo mais explícito possível, uma caixa de ferramentas orientada a investigar a realidade social mantendo a tensa e contraditória unidade entre os polos da identidade e da não-identidade (definidos por diversos outros pares de termos ao longo da tese), tendo no centro o conceito de forma social. Para isso, foi necessário inicialmente expor os debates que, no campo marxista, podem confirmar a existência de tal polarização (primeiro ensaio). No ensaio seguinte, os fundamentos hegelianos da dialética marxista são mobilizados para desenvolver uma definição para o conceito de forma social. Ao final desse segundo ensaio, apresentamos e discutimos as duas definições de capital que abrem este resumo (mas que estão também em Marx). A partir daí passamos a refletir sobre as tendências à dissolução do capital-sujeito e as contratendências que agem no sentido de impedir tal dissolução. O primeiro par tendência-contratendência estudado é a lei tendencial da queda na taxa de lucro em sua relação com a financeirização (terceiro ensaio) e o segundo apresenta tendências dissolutivas mais gerais contrariadas por técnicas de subsunção da força viva de trabalho ao capital (quarto ensaio). Em poucas palavras, o principal objetivo desta tese é desenvolver ferramentas para manter a tensão da não-identidade na identidade, a conciliação negativa dos polos unilaterais. Trata-se de apontar para a dignidade do obscuro, do negativo e do velado que resistem no objeto. As seções finais do último ensaio, que constituem também um encerramento da tese, expõem mecanismos por meio dos quais o impedimento ao pensar não-idêntico é tão caro à estabilização do sistema social capitalista. Eles são fundamentos da tendência à unilateralização dos discursos, que passam a se rejeitar mutuamente. Por isso, mesmo intramuros da discussão marxista e dialética, parece difícil escapar da unilateralização. O necessário desmoronar das certezas, em favor da unidade contraditória da Coisa com seu conceito, é assim o impulso maior da teorização aqui apresentada. / For Karl Marx, capital is an automatic subject and, at the same time, it depends on the exploration of the proletariat and on the interests of the bourgeoisie and of the members of the bourgeois State. At first sight, it seems incoherence, contradiction and error of reasoning to argue that something is automatic while this something is moved by the whole of society. For a thinking based on abstract identity (as is the scientific mainstream) the logical of the automatic and the socio-logical of the particular representatives of the human species (menschliche Gattung) can not coexist as explanatory elements of the same object - capital. But this also polarizes and divides Marxists and dialectical theorists. This determination that one side is true and the other must be false can be understood as a manifestation of abstract identity, which is the absolute form of ideology and is based on the principles of non-contradiction and the excluded middle. Roughly, when it comes to identity, we have concepts and logical deductions. In the case of non-identity, we have data and empirical facts. But Marx did not see the beginning of his science coming from one or another side of contradiction, but from the social forms. If, for Marx, both sides are true and at the same time his research did not come from any of them, but from the social forms - barely conceptualized in the history of Marxism - perhaps they are key to understanding how to reconcile both sides, keeping the contradiction in the center. Thus, the main task of this thesis is to present, as explicitly as possible, a toolbox oriented to investigate social reality maintaining the tense and contradictory unity between the sides of identity and non-identity (defined by several other pairs of terms throughout the thesis), having in the center the concept of social form. To this end, it was necessary to first present the debates which, in the Marxist field, can confirm the existence of such polarization (first essay). In the following essay, the Hegelian foundations of Marxist dialectics are mobilized to develop a definition for the concept of the social form. At the end of the second essay, we present and discuss the two definitions of capital that open this abstract (but which are also in Marx theorization). From that point on, we begin to reflect on the tendencies toward the dissolution of the capital as subject and the tendencies that act to prevent such dissolution. The first tendency-to-counter-tendency pair studied is the law of the tendency of the rate of profit to fall in relation to financialization (third essay) and the second essay presents more general dissolution tendencies contradicted by techniques of subsumption of labor force to capital (fourth essay). In short, the main objective of this thesis is to develop tools to maintain the tension of non-identity in identity, that is, the negative reconciliation of unilateral sides. It is about pointing to the dignity of the obscure, the negative and the veiled that resist in the object. The final sections of the last essay, which also constitutes a closing of the thesis as a whole, expose some mechanisms by which the impediment to non-identical thinking is so dear to the stabilization of the capitalist social system. They are the foundations of the tendency to unilateralize discourses that are mutually rejecting. Hence, even within the walls of Marxist and dialectical discussion, it seems difficult to escape from unilateralisation. The necessary breakdown of certainties, in favor of the contradictory unity of the Thing with its concept, is thus the major thrust of the theorizing presented here.
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O capital entre o lógico e o sócio-lógico e as formas sociais como sua mediação / The Capital between the logical and the socio-logical and the social forms as its mediationLeonardo Ferreira Guimarães 27 November 2018 (has links)
Para Marx, o capital é um sujeito automático e, ao mesmo tempo, depende da exploração do proletariado, e dos interesses da burguesia e dos membros do Estado burguês de direito. À primeira vista, parece incoerência, contradição e erro de raciocínio defender que algo seja automático enquanto este algo é movido pelo conjunto da sociedade. Para um pensamento pautado pela identidade abstrata (como o mainstream científico) o lógico do automático e o socio-lógico dos representantes particulares do gênero humano não podem coexistir como elementos explicativos de um mesmo objeto - o capital. Mas, isso também polariza e divide marxistas e teóricos da dialética. Essa determinação de que um dos lados é verdadeiro e o outro deve ser falso pode ser compreendida como manifestação da identidade abstrata, que é forma absoluta da ideologia e é fundamentada nos princípios da não-contradição e do terceiro excluído. Grosso modo, no polo da identidade temos conceitos e deduções lógicas, no da não-identidade temos dados e fatos empíricos. Ocorre que Marx disse não partir de nenhum dos dois polos, mas das formas sociais. Se, para Marx, ambos os polos são verdadeiros e, ao mesmo tempo, sua investigação não parte de nenhum deles, mas das formas sociais - pouco definidas na história do marxismo - talvez elas sejam chave para compreender como conciliar os polos, mantendo no centro a contradição. Assim, a principal tarefa desta tese é apresentar, do modo mais explícito possível, uma caixa de ferramentas orientada a investigar a realidade social mantendo a tensa e contraditória unidade entre os polos da identidade e da não-identidade (definidos por diversos outros pares de termos ao longo da tese), tendo no centro o conceito de forma social. Para isso, foi necessário inicialmente expor os debates que, no campo marxista, podem confirmar a existência de tal polarização (primeiro ensaio). No ensaio seguinte, os fundamentos hegelianos da dialética marxista são mobilizados para desenvolver uma definição para o conceito de forma social. Ao final desse segundo ensaio, apresentamos e discutimos as duas definições de capital que abrem este resumo (mas que estão também em Marx). A partir daí passamos a refletir sobre as tendências à dissolução do capital-sujeito e as contratendências que agem no sentido de impedir tal dissolução. O primeiro par tendência-contratendência estudado é a lei tendencial da queda na taxa de lucro em sua relação com a financeirização (terceiro ensaio) e o segundo apresenta tendências dissolutivas mais gerais contrariadas por técnicas de subsunção da força viva de trabalho ao capital (quarto ensaio). Em poucas palavras, o principal objetivo desta tese é desenvolver ferramentas para manter a tensão da não-identidade na identidade, a conciliação negativa dos polos unilaterais. Trata-se de apontar para a dignidade do obscuro, do negativo e do velado que resistem no objeto. As seções finais do último ensaio, que constituem também um encerramento da tese, expõem mecanismos por meio dos quais o impedimento ao pensar não-idêntico é tão caro à estabilização do sistema social capitalista. Eles são fundamentos da tendência à unilateralização dos discursos, que passam a se rejeitar mutuamente. Por isso, mesmo intramuros da discussão marxista e dialética, parece difícil escapar da unilateralização. O necessário desmoronar das certezas, em favor da unidade contraditória da Coisa com seu conceito, é assim o impulso maior da teorização aqui apresentada. / For Karl Marx, capital is an automatic subject and, at the same time, it depends on the exploration of the proletariat and on the interests of the bourgeoisie and of the members of the bourgeois State. At first sight, it seems incoherence, contradiction and error of reasoning to argue that something is automatic while this something is moved by the whole of society. For a thinking based on abstract identity (as is the scientific mainstream) the logical of the automatic and the socio-logical of the particular representatives of the human species (menschliche Gattung) can not coexist as explanatory elements of the same object - capital. But this also polarizes and divides Marxists and dialectical theorists. This determination that one side is true and the other must be false can be understood as a manifestation of abstract identity, which is the absolute form of ideology and is based on the principles of non-contradiction and the excluded middle. Roughly, when it comes to identity, we have concepts and logical deductions. In the case of non-identity, we have data and empirical facts. But Marx did not see the beginning of his science coming from one or another side of contradiction, but from the social forms. If, for Marx, both sides are true and at the same time his research did not come from any of them, but from the social forms - barely conceptualized in the history of Marxism - perhaps they are key to understanding how to reconcile both sides, keeping the contradiction in the center. Thus, the main task of this thesis is to present, as explicitly as possible, a toolbox oriented to investigate social reality maintaining the tense and contradictory unity between the sides of identity and non-identity (defined by several other pairs of terms throughout the thesis), having in the center the concept of social form. To this end, it was necessary to first present the debates which, in the Marxist field, can confirm the existence of such polarization (first essay). In the following essay, the Hegelian foundations of Marxist dialectics are mobilized to develop a definition for the concept of the social form. At the end of the second essay, we present and discuss the two definitions of capital that open this abstract (but which are also in Marx theorization). From that point on, we begin to reflect on the tendencies toward the dissolution of the capital as subject and the tendencies that act to prevent such dissolution. The first tendency-to-counter-tendency pair studied is the law of the tendency of the rate of profit to fall in relation to financialization (third essay) and the second essay presents more general dissolution tendencies contradicted by techniques of subsumption of labor force to capital (fourth essay). In short, the main objective of this thesis is to develop tools to maintain the tension of non-identity in identity, that is, the negative reconciliation of unilateral sides. It is about pointing to the dignity of the obscure, the negative and the veiled that resist in the object. The final sections of the last essay, which also constitutes a closing of the thesis as a whole, expose some mechanisms by which the impediment to non-identical thinking is so dear to the stabilization of the capitalist social system. They are the foundations of the tendency to unilateralize discourses that are mutually rejecting. Hence, even within the walls of Marxist and dialectical discussion, it seems difficult to escape from unilateralisation. The necessary breakdown of certainties, in favor of the contradictory unity of the Thing with its concept, is thus the major thrust of the theorizing presented here.
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Dominância financeira: capital fictício e capitalismo contemporâneoGuimarães, Leonardo Ferreira 09 April 2014 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-26T20:48:40Z (GMT). No. of bitstreams: 1
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Previous issue date: 2014-04-09 / The current reality of capitalism is widely perceived as dominated by the financial dynamics. Also, the occurring crisis in recent years has been interpreted in the same way. Basically, the initial motivations of this research are these. The treatment of these motivations, took place in the field of Marx's thought. The central objective of this dissertation is to investigate, within the said field, the senses in which one can speak of dominance and autonomy (basic prerequisite for dominance) of that which comprises loosely as a financial phenomenon. The outline of the research was focused on the following authors: François Chesnais; Gérard Duménil; Dominique Lévy; Eleutério Prado; Reinaldo Carcanholo; Paulo Nakatani; Maurício Sabadini (these last three authors are part of what is called here the Victory School) besides, of course, Karl Marx . It is noteworthy that the influence of Victory School is central to this work. Faced with this framework of authors, we sought to theoretically specify the term finance through the development of other categories and more precise concepts such as interest-bearing capital, fictitious capital and parasitical speculative capital. The research sought to understand the connections that these categories establish among themselves and determine in which way occurs the financial autonomy of the phenomenon. For this, we needed a chapter to address methodological issues, which were worked from the notion of social forms , taking inspiration from the book Alysson Mascaro Estado e forma política, as well as some of the aforementioned authors / A realidade atual do capitalismo é largamente percebida como dominada pela dinâmica financeira. As crises que ocorrem nos últimos anos também vêm sendo interpretadas no mesmo sentido. De maneira básica, essas são as motivações iniciais desta pesquisa. O tratamento destas motivações, por sua vez, se deu no campo de pensamento marxista. O objetivo central desta dissertação é investigar, dentro do campo citado, os sentidos nos quais se pode falar em dominância e autonomia (pré-requisito básico para a dominância) disto que se compreende vagamente como fenômeno financeiro. O recorte da pesquisa se deu pela investigação centrada nos seguintes autores: François Chesnais; Gérard Duménil; Dominique Lévy; Eleutério Prado; Reinaldo Carcanholo; Paulo Nakatani, Maurício Sabadini (estes três últimos autores são parte do que se denominou aqui de Escola de Vitória), além de, naturalmente, Karl Marx. Cabe ressaltar que a influência da Escola de Vitória é central neste trabalho. Diante deste recorte de autores, buscou-se precisar teoricamente o termo finança por meio do desdobramento de outras categorias e conceitos mais precisos, como capital portador de juros, capital fictício e capital especulativo parasitário. A pesquisa buscou compreender os nexos que estas categorias estabelecem entre si e de qual modo determinam a autonomia do fenômeno financeiro. Para isso, foi necessário um capítulo para tratar de questões metodológicas, as quais foram trabalhadas a partir da noção de formas sociais; tomando inspiração no livro de Alysson Mascaro Estado e forma política, além de alguns dos autores supracitados
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