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A voz das vozes: uma leitura bakhtiniana de Grande Sertão: Veredas / The voice of voices: a Bakhtinian reading of Grande sertão: veredasMarks, Maria Cecilia 14 December 2017 (has links)
O objetivo deste estudo é analisar o romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, a partir de conceitos elaborados por Mikhail Bakhtin. Este desenvolveu a concepção de romance polifônico em sua interpretação da obra de Fiódor Dostoiévski, desvendando o procedimento do escritor de incluir em sua prosa ficcional a multiplicidade de vozes presentes na sociedade. Trata-se do fenômeno do dialogismo, em que diferentes discursos entram em interação, se manifestam em réplicas diretas ou veladas, reagem entre si, estabelecem consonâncias ou dissonâncias, transformando-se continuamente, sendo que o autor aparece como uma entre as muitas vozes da narrativa. Nesse sentido, apesar de haver apenas uma voz em enunciação, consideramos Grande sertão: veredas um romance polifônico e interpretamos trechos em que o dialogismo é patente. Em seu estudo sobre François Rabelais, Bakhtin introduziu o conceito de carnavalização da literatura, processo por meio do qual foram incorporadas manifestações da cultura popular na linguagem literária. Bakhtin vale-se ainda da noção de grotesco, estilo antigo caracterizado pela mistura de formas. Tanto em Rabelais como em Guimarães Rosa, a linguagem está radicada na oralidade e em expressões populares, ainda que amalgamada a um vasto conhecimento erudito. Desse prisma, analisamos duas novelas (O recado do morro e Meu tio o Iauaretê) e um conto (Darandina) de Guimarães Rosa, além do romance Grande sertão: veredas. Seguindo uma linha de pensamento alinhada às ideias de Bakhtin que encontram ressonância em Guimarães Rosa, nas quais as fronteiras são indistintas e a transformação é inerente ao movimento da vida, procuramos centrar a análise na superação da lógica binária moderna, dando um salto para o polissêmico. É dessa maneira que propomos uma atualização da visão sobre a relação amorosa em Grande sertão: veredas, com o apoio teórico de Michel Foucault. / The objective of this study is to analyze the novel Grande sertão: veredas, by João Guimarães Rosa, based on Mikhail Bakhtins concepts. Bakhtin developed a conception of the polyphonic novel in his interpretation of Fyodor Dostoevsky\'s work, in which he describes the writers procedure that includes, in his fictional prose, the multiplicity of social voices found in society. This is the phenomenon of dialogism, in which different dialogues interact, manifest themselves in direct or veiled responses, react among themselves, establishing consonances or dissonances, transforming themselves continuously, with the author appearing as one among the many voices of the narrative. In this regard, although there is only one voice in enunciation, we consider Grande sertão: veredas to be a polyphonic novel and analyze extracts in which the dialogism is distinct. In his study of Francois Rabelais, Bakhtin introduced the concept of the carnivalization of literature, a process in which the manifestations of popular culture were incorporated into literary language. Bakhtin also employs the notion of grotesque, an ancient style characterized by a mixture of forms. In both the Rabelais and Guimarães Rosa works the language is rooted in orality and popular expressions, even though it is melded with a vast erudite knowledge. From this point of view, we analyze two novels (O recado do morro and Meu tio o Iauaretê) and a tale (\"Darandina\") by Guimarães Rosa, besides the novel Grande sertão: veredas. Following a line of thought concurrent with Bakhtins ideas, and also consonant in Guimarães Rosa, where boundaries are indistinct and transformation is inherent in lifes movement, we aim to focus the analysis on the overcoming of modern binary logic, thereby taking a leap to the polysemic. It is in this manner we propose an updated interpretation of the love affair in Grande sertão: veredas, with the theoretical support of Michel Foucault.
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A voz das vozes: uma leitura bakhtiniana de Grande Sertão: Veredas / The voice of voices: a Bakhtinian reading of Grande sertão: veredasMaria Cecilia Marks 14 December 2017 (has links)
O objetivo deste estudo é analisar o romance Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, a partir de conceitos elaborados por Mikhail Bakhtin. Este desenvolveu a concepção de romance polifônico em sua interpretação da obra de Fiódor Dostoiévski, desvendando o procedimento do escritor de incluir em sua prosa ficcional a multiplicidade de vozes presentes na sociedade. Trata-se do fenômeno do dialogismo, em que diferentes discursos entram em interação, se manifestam em réplicas diretas ou veladas, reagem entre si, estabelecem consonâncias ou dissonâncias, transformando-se continuamente, sendo que o autor aparece como uma entre as muitas vozes da narrativa. Nesse sentido, apesar de haver apenas uma voz em enunciação, consideramos Grande sertão: veredas um romance polifônico e interpretamos trechos em que o dialogismo é patente. Em seu estudo sobre François Rabelais, Bakhtin introduziu o conceito de carnavalização da literatura, processo por meio do qual foram incorporadas manifestações da cultura popular na linguagem literária. Bakhtin vale-se ainda da noção de grotesco, estilo antigo caracterizado pela mistura de formas. Tanto em Rabelais como em Guimarães Rosa, a linguagem está radicada na oralidade e em expressões populares, ainda que amalgamada a um vasto conhecimento erudito. Desse prisma, analisamos duas novelas (O recado do morro e Meu tio o Iauaretê) e um conto (Darandina) de Guimarães Rosa, além do romance Grande sertão: veredas. Seguindo uma linha de pensamento alinhada às ideias de Bakhtin que encontram ressonância em Guimarães Rosa, nas quais as fronteiras são indistintas e a transformação é inerente ao movimento da vida, procuramos centrar a análise na superação da lógica binária moderna, dando um salto para o polissêmico. É dessa maneira que propomos uma atualização da visão sobre a relação amorosa em Grande sertão: veredas, com o apoio teórico de Michel Foucault. / The objective of this study is to analyze the novel Grande sertão: veredas, by João Guimarães Rosa, based on Mikhail Bakhtins concepts. Bakhtin developed a conception of the polyphonic novel in his interpretation of Fyodor Dostoevsky\'s work, in which he describes the writers procedure that includes, in his fictional prose, the multiplicity of social voices found in society. This is the phenomenon of dialogism, in which different dialogues interact, manifest themselves in direct or veiled responses, react among themselves, establishing consonances or dissonances, transforming themselves continuously, with the author appearing as one among the many voices of the narrative. In this regard, although there is only one voice in enunciation, we consider Grande sertão: veredas to be a polyphonic novel and analyze extracts in which the dialogism is distinct. In his study of Francois Rabelais, Bakhtin introduced the concept of the carnivalization of literature, a process in which the manifestations of popular culture were incorporated into literary language. Bakhtin also employs the notion of grotesque, an ancient style characterized by a mixture of forms. In both the Rabelais and Guimarães Rosa works the language is rooted in orality and popular expressions, even though it is melded with a vast erudite knowledge. From this point of view, we analyze two novels (O recado do morro and Meu tio o Iauaretê) and a tale (\"Darandina\") by Guimarães Rosa, besides the novel Grande sertão: veredas. Following a line of thought concurrent with Bakhtins ideas, and also consonant in Guimarães Rosa, where boundaries are indistinct and transformation is inherent in lifes movement, we aim to focus the analysis on the overcoming of modern binary logic, thereby taking a leap to the polysemic. It is in this manner we propose an updated interpretation of the love affair in Grande sertão: veredas, with the theoretical support of Michel Foucault.
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