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Reprodução, Idade e Crescimento de três espécies da família Epinephelidae no litoral de PernambucoMarques, Simone 31 January 2011 (has links)
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Previous issue date: 2011 / Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico / A família Epinephelidae é constituída de várias espécies de peixes recifais exploradas pela
pesca nas regiões tropicais e subtropicais. Os estoques das espécies dessa família são
bastante vulneráveis à sobrepesca e conseqüentemente suas estruturas populacionais têm
sido fortemente afetadas devido à maturação tardia e crescimento lento da maioria de suas
espécies. No Brasil, os grandes epinephelídeos são os principais grupos-alvo da pesca de
Norte a Sul. Já espécies de epinephelídeos de médio a pequeno porte não são alvo
principais das pescarias, sendo no entanto amplamente exploradas tanto como fauna
acompanhante de várias modalidades da pesca comercial, como em pescarias artesanais
multiespecíficas. No nordeste brasileiro as espécies sapé Alphestes afer, piraúna
Cephalopholis fulva e gato Epinephelus adscencionis são as pequenas garoupas mais
capturadas pela pesca artesanal. Recentemente, com a expansão das pescarias com covos
para peixes na região, estas espécies passaram a figurar entre espécies alvo desta pescaria
mista, destinadas à exportação para a Europa e EUA. Este trabalho teve como objetivo
principal estudar a estrutura populacional dessas três espécies de epinephelídeos a partir de
amostras coletadas em desembarques da pesca artesanal no litoral de Pernambuco. Para
avaliar a estrutura populacional dessas espécies foram investigados os ciclos reprodutivos, a
idade, o crescimento e a mortalidade de cada espécie.
A maioria das garoupas apresenta desenvolvimento sexual como hermafroditas
protogínicas monândricas, em que os machos são provenientes de fêmeas sexualmente
maduras. No entanto, algumas espécies de epinefelídeos têm apresentado um padrão de
hermafroditismo protogínico diândrico no qual os machos podem ser originados de fêmeas
imaturas (machos primários) ou de fêmeas maduras (machos secundários). O estudo da
biologia reprodutiva das três espécies de epinefelídeos indicou dois padrões de
desenvolvimento sexual, com C. fulva e E. adscensionis desenvolvendo-se
predominantemente como hermafroditas protogínicas monândricas e A. afer
desenvolvendo-se predominantemente como hermafrodita protogínica diândrica. O período
de desova das três espécies ocorreu entre o final do inverno (julho-agosto) e início da
primavera (setembro-outubro) nos dois anos de estudo. Indivíduos desovantes, com altos
índices gonadossomáticos, foram capturados em áreas de pesca.
Nas populações de C. fulva e E. adscensionis os machos (C. fulva - 26 cm CT/8 anos; E.
adscensionis - 32 cm CT/8 anos) foram maiores e mais velhos que as fêmeas (C. fulva
22;24 cm CT/6 anos; E. adscensionis - 26 cm CT/6 anos). Nas populações de A. afer os
machos (18 cm CT/6 anos) apresentaram tamanho e idade menores que as fêmeas (22 cm
CT/8 anos). Os tamanhos de primeira maturação (L50) observados nas fêmeas das três
espécies foram iguais para A. afer e C. fulva (L50=18 cm CT) enquanto que o L50 observado
para E. adscensionis foi maior com 20 cm CT. As classes de tamanho observadas em
fêmeas maduras na fase de mudança de sexo (indivíduos transicionais) foram diferentes
entre as espécies: A. afer 18-21.7 cm CT; C. fulva 20-27.1 cm CT; E. adscensionis
26-33 cm CT. Somente A. afer apresentou uma fêmea imatura (16 cm CT) apresentando
criptas espermáticas indicando que os machos menores da população foram primários.
O modelo de crescimento de von Bertalanffy aplicado para as três espécies indicou
crescimento inicial rápido nos primeiros anos de vida e posteriormente lento. A estrutura
populacional de C. fulva e E. adscensionis indicou que os indivíduos mais velhos da
população foram machos enquanto que a população de A. afer os indivíduos mais velhos
foram fêmeas. A espécie que apresentou maior longevidade foi E. adscensionis atingindo
15 anos seguido de A. afer com 13 anos e C. fulva com 11 anos. A marcação química com
tetraciclina das três espécies para validação da idade obteve sucesso nesse trabalho
indicando que cada anel de crescimento nos otólitos formou-se uma vez ao ano.
As taxas de mortalidade (Z) obtidas para as três espécies estudadas indicaram que as
populações de A. afer (Z=0.58. ano-1) e C. fulva (Z=0.46. ano-1) apresentaram maior pressão
nos seus estoques principalmente pela pesca de armadilhas. A taxa de mortalidade obtida
para as populações de E. adscensionis (Z=0.28. ano-1) mostrou que suas populações
encontram-se menos exploradas pela pesca no litoral de Pernambuco. Os resultados obtidos
nessa tese foram fundamentais para compreender os padrões de desenvolvimento sexual
bem como a estrutura etária das populações de A. afer, C. fulva e E. adscensionis
exploradas pela pesca no litoral de Pernambuco. Essas informações podem ser aplicadas em
planos de manejo, conservação e ordenamento pesqueiro na costa nordeste do Brasil
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