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Interpretações do patrimônio: arquitetura e urbanismo moderno na constituição de uma cultura de intervenção no Brasil, anos 1930-60 / Heritage interpretations: modern architecture and urbanism in the establishment of a culture of intervention in Brazil, years 1930-60

Cerávolo, Ana Lúcia 11 June 2010 (has links)
Mais de setenta anos após a criação do SPHAN, um conjunto significativo de experiências e reflexões permite verificar a constituição de um campo cultural próprio de intervenção arquitetônica em bens patrimoniais. As interlocuções entre Brasil, Europa e América latina ajudam a compreender a integração do país no cenário internacional. Nesse sentido, pode-se localizar o SPHAN como vanguarda nos debates sobre a preservação até a década de 1950, ao invés de um caso singular no contexto do movimento moderno, como vem sendo interpretado. As análises entre preservação e modernidade oferecem novas perspectivas à visão corrente e senso comum de que a arquitetura e o urbanismo moderno, e, em particular, a Carta de Atenas, formulada a partir do IV CIAM (1933), estão fundados num radical anti-historicismo e propõem a \"tábula rasa\" como único método de intervenção urbana. A análise da atuação de profissionais de diversas nacionalidades, sobretudo vinculados à arquitetura e urbanismo moderno, desde os anos 1930 até a redação da Carta de Veneza, em 1964, permite evidenciar a contribuição fundamental do modernismo para o aprofundamento e atualização das teorias e tendências no campo da preservação e intervenções no século XX. Como estudo de caso dessas dinâmicas, dois projetos, realizados em Salvador, Bahia, foram selecionados: o restauro e adaptação do Convento de Santa Teresa para instalação do Museu de Arte Sacra da Bahia, projeto de Wladimir Alves de Souza e Geraldo Câmara (1957-9), e a restauração e adequação do Solar do Unhão para abrigar o Museu de Arte Moderna da Bahia, sob responsabilidade de Lina Bo Bardi (1961-3). Por meio deles é possível explicitar os novos problemas do patrimônio nas décadas seguintes, assim como acompanhar as alterações que se processaram nessa área no Brasil, entre o final da década de 1950 e o início dos anos 1960. As novas posturas de intervenção sobre os bens patrimoniais, em particular a introdução dos princípios da \"restauração crítica\" no país, fazem parte desse processo de transformação, que também envolve a atuação de profissionais não vinculados organicamente ao SPHAN e a participação mais ativa de entidades como o IAB e a UNESCO, além da criação de novas instituições com incidência na área como ICOMOS (1964), EMBRATUR (1966), entre outras. A análise histórica e a avaliação mais precisa do período estudado visam a contribuir para a melhor compreensão das teorias e práticas em torno do restauro e da intervenção no patrimônio cultural, cada vez mais relevante na formação e no exercício profissional de arquitetos e urbanistas. / More than seventy years after the SPHAN (National Historic and Artistic Heritage Service) was created, a significant group of experiences and reflections allows to detect the constitution of a cultural sphere concerning architectonic intervention in cultural heritage in Brazil. The dialogues with Europe and Latin America help us to understand the country\'s integration into the international scenario. In this sense, rather than a particular case inside the modern movement, as it has been interpreted, the SPHAN is situated in the vanguard of the discussions on conservation until the 1950s. The analysis of the relations between preservation and modernity offers new perspectives to the common sense that architecture and modern urbanism, and particularly the Charter of Athens (1933), formulated after the 4th CIAM - International Congress of Modern Architecture, are established on a radical anti-historicism and propose the tabula rasa as sole method of urban intervention. The works of professionals from diverse nationalities, specially those related to modern architecture and urbanism, from the 1930s until the Charter of Venice in 1964, reveal the crucial contribution of modernism towards the enrichment and update of the theories and trends in the field of preservation and interventions in the 20th century. For the analysis of these dynamics two projects carried out in Salvador, Bahia, are highlighted: the restoration and adaptation of the Convent of Santa Teresa to install the Sacred Art Museum of Bahia (Wladimir Alves de Souza and Geraldo Câmara, 1957-9), and the restoration and adaptation of the Solar do Unhão to house the Museum of Modern Art of Bahia (Lina Bo Bardi, 1961-3). The drafting and discussions of these projects evince new problems around cultural heritage as well as the changes in this area in Brazil, in the late 1950s and early 1960s. The new conceptions of intervention in architectonic heritage, particularly the introduction of the principies of \"critical restoration\", the involvement of professionals not organically tied to the SPHAN, a more active participation of entities as the IAB and UNESCO, and of new institutions as the ICOMOS (1964), EMBRATUR (1966), among others, are part of this process. The historical analysis and a more precise assessment of the years 1930-1960 seek to contribute to a better understanding of the theories and practices around the architectonic intervention in cultural heritage, which is becoming increasingly important in the work and training of architects and urban planners.
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Interpretações do patrimônio: arquitetura e urbanismo moderno na constituição de uma cultura de intervenção no Brasil, anos 1930-60 / Heritage interpretations: modern architecture and urbanism in the establishment of a culture of intervention in Brazil, years 1930-60

Ana Lúcia Cerávolo 11 June 2010 (has links)
Mais de setenta anos após a criação do SPHAN, um conjunto significativo de experiências e reflexões permite verificar a constituição de um campo cultural próprio de intervenção arquitetônica em bens patrimoniais. As interlocuções entre Brasil, Europa e América latina ajudam a compreender a integração do país no cenário internacional. Nesse sentido, pode-se localizar o SPHAN como vanguarda nos debates sobre a preservação até a década de 1950, ao invés de um caso singular no contexto do movimento moderno, como vem sendo interpretado. As análises entre preservação e modernidade oferecem novas perspectivas à visão corrente e senso comum de que a arquitetura e o urbanismo moderno, e, em particular, a Carta de Atenas, formulada a partir do IV CIAM (1933), estão fundados num radical anti-historicismo e propõem a \"tábula rasa\" como único método de intervenção urbana. A análise da atuação de profissionais de diversas nacionalidades, sobretudo vinculados à arquitetura e urbanismo moderno, desde os anos 1930 até a redação da Carta de Veneza, em 1964, permite evidenciar a contribuição fundamental do modernismo para o aprofundamento e atualização das teorias e tendências no campo da preservação e intervenções no século XX. Como estudo de caso dessas dinâmicas, dois projetos, realizados em Salvador, Bahia, foram selecionados: o restauro e adaptação do Convento de Santa Teresa para instalação do Museu de Arte Sacra da Bahia, projeto de Wladimir Alves de Souza e Geraldo Câmara (1957-9), e a restauração e adequação do Solar do Unhão para abrigar o Museu de Arte Moderna da Bahia, sob responsabilidade de Lina Bo Bardi (1961-3). Por meio deles é possível explicitar os novos problemas do patrimônio nas décadas seguintes, assim como acompanhar as alterações que se processaram nessa área no Brasil, entre o final da década de 1950 e o início dos anos 1960. As novas posturas de intervenção sobre os bens patrimoniais, em particular a introdução dos princípios da \"restauração crítica\" no país, fazem parte desse processo de transformação, que também envolve a atuação de profissionais não vinculados organicamente ao SPHAN e a participação mais ativa de entidades como o IAB e a UNESCO, além da criação de novas instituições com incidência na área como ICOMOS (1964), EMBRATUR (1966), entre outras. A análise histórica e a avaliação mais precisa do período estudado visam a contribuir para a melhor compreensão das teorias e práticas em torno do restauro e da intervenção no patrimônio cultural, cada vez mais relevante na formação e no exercício profissional de arquitetos e urbanistas. / More than seventy years after the SPHAN (National Historic and Artistic Heritage Service) was created, a significant group of experiences and reflections allows to detect the constitution of a cultural sphere concerning architectonic intervention in cultural heritage in Brazil. The dialogues with Europe and Latin America help us to understand the country\'s integration into the international scenario. In this sense, rather than a particular case inside the modern movement, as it has been interpreted, the SPHAN is situated in the vanguard of the discussions on conservation until the 1950s. The analysis of the relations between preservation and modernity offers new perspectives to the common sense that architecture and modern urbanism, and particularly the Charter of Athens (1933), formulated after the 4th CIAM - International Congress of Modern Architecture, are established on a radical anti-historicism and propose the tabula rasa as sole method of urban intervention. The works of professionals from diverse nationalities, specially those related to modern architecture and urbanism, from the 1930s until the Charter of Venice in 1964, reveal the crucial contribution of modernism towards the enrichment and update of the theories and trends in the field of preservation and interventions in the 20th century. For the analysis of these dynamics two projects carried out in Salvador, Bahia, are highlighted: the restoration and adaptation of the Convent of Santa Teresa to install the Sacred Art Museum of Bahia (Wladimir Alves de Souza and Geraldo Câmara, 1957-9), and the restoration and adaptation of the Solar do Unhão to house the Museum of Modern Art of Bahia (Lina Bo Bardi, 1961-3). The drafting and discussions of these projects evince new problems around cultural heritage as well as the changes in this area in Brazil, in the late 1950s and early 1960s. The new conceptions of intervention in architectonic heritage, particularly the introduction of the principies of \"critical restoration\", the involvement of professionals not organically tied to the SPHAN, a more active participation of entities as the IAB and UNESCO, and of new institutions as the ICOMOS (1964), EMBRATUR (1966), among others, are part of this process. The historical analysis and a more precise assessment of the years 1930-1960 seek to contribute to a better understanding of the theories and practices around the architectonic intervention in cultural heritage, which is becoming increasingly important in the work and training of architects and urban planners.
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Urbanismo esportivo na América do Sul: ordem, espetáculo e operações imobiliárias (1920-1955) / Sport urbanism in South America: order, spectacle and real estate operations (1920-1955)

Millan Valdes, Rodrigo Luis 13 May 2019 (has links)
Esta tese de doutorado discute o processo de planejamento e construção de equipamentos esportivos e de lazer públicos em três cidades da América do Sul, entre os anos de 1920 e 1955, período marcado pela massificação do esporte como prática e como espetáculo urbano. Esse processo teve seu início nas primeiras décadas do século XX, quando passou a ser cada vez mais comum a construção de estádios, ginásios, piscinas, clubes esportivos, velódromos, praças de jogos infantis, equipamentos esportivos no interior de conjuntos escolares e universitários, impulsionados tanto pelo poder público quanto pelo setor privado. Ademais, nesse período, foram institucionalizados os eventos esportivos locais e internacionais como parte da oferta de entretenimento urbano. Centrada em diferentes episódios da história urbana e cultural de Montevidéu, Santiago e São Paulo, a tese defende a hipótese de que a urbanização esportiva foi o resultado da ação de uma série de agentes que, conduzidos por ideias e interesses diversos, promoveram a construção de equipamentos esportivos no continente. Mediante a consolidação de interações, práticas, políticas e instituições, esse conjunto de agentes criou o campo social do urbanismo esportivo. É possível afirmar que o urbanismo esportivo foi impulsionado por quatro grandes agendas: o crescimento da indústria esportiva do espetáculo; a incorporação do esporte e da educação física às políticas sanitárias e educacionais; o desenvolvimento de discursos nacionalistas que integraram esporte, fortalecimento dos corpos e patriotismo; e as visões de agentes públicos e privados que conceberam os equipamentos esportivos como parte de operações imobiliárias maiores. Ao longo da tese será demonstrado como a produção desses espaços foi resultado de uma trama tensa de forças em disputa, mobilizada por agendas, práticas e referenciais teóricas diferentes. Procedentes de campos de conhecimento e de ação tão diversos como a política, a educação, a medicina, o jornalismo, a engenharia, a arquitetura e o planejamento urbano, argumento que esses discursos foram fundamentais para definir os equipamentos esportivos como bens públicos socialmente necessários, elaborar políticas públicas de incentivo à sua construção e participar dos debates sobre a localização, a construção e a elaboração de programas de uso desses locais. / This dissertation analyses the sport and leisure facilities\' production in three important South American cities, during the 1920-1955 period, when the practice of physical activities and sport was on the rise. This process started during the first decades of the 20th century, when stadia, gymnasia, swimming pools, sporting clubs, velodromes, playgrounds, and other sport facilities within schools and university campuses were often erected by public and/or private agents. That was a time when local and international sporting events were also institutionalized as a part of the urban entertainment offer. Focused on key episodes of the urban history of Montevideo, Santiago and São Paulo, this dissertation tests the following hypothesis: the development of sport and leisure facilities was the result of the combined action of different agents, through the conformation of new practices, policies and institutions. Sport urbanism was guided by four main agendas: the growth of a sport spectacle industry; the incorporation of sport and physical education to heart policies and the education curriculum; the development of nationalist narratives that related sports, fitness and patriotism; and the idea of public and private agents who understood sport facilities as part of major real estate business opportunities. This work demonstrates how the development of sport facilities was the combined result of opposing social forces, mobilized by diverse agendas, interests and theoretical references. Those narratives, originated in various professional fields, such as politics, education, medicine, journalism, engineering, architecture and urbanism; were fundamental in the definition of sport facilities as social needs, drafting public policies to encourage their planning and building, and taking part in the debates about their location, financing strategies and final uses.

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