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A organização de movimentos sociais de expropriados nas trajetórias sociotécnicas de implantação de hidrelétricas no Brasil (1974-2016) / The organization of social movements of evicted people from the sociotechnical trajectories of hydroeletric dams in Brazil. (1974-2016)

Matiello, Catiane 14 October 2016 (has links)
CAPES: Fundação Araucária / A tese tem como objetivo principal analisar como as populações atingidas pela implantação de hidrelétricas no Brasil têm se articulado e organizado nas trajetórias sociotécnicas que conduzem à concretização desses projetos. Para tanto, se estudarão as trajetórias de implantação de três casos, que conformam o período de 1974 a 2016: Itaipu, construída no rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai; Baixo Iguaçu, no rio Iguaçu, no estado do Paraná; e o complexo de Garabi e Panambi, projetado para o rio Uruguai, em trecho de fronteira entre Brasil e Argentina. A análise dos casos selecionados ocorreu a partir de ferramentas teórico-conceituais do campo de estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) – em especial da Sociologia da Tecnologia. A metodologia de trabalho é qualitativa e contou com pesquisa bibliográfica e documental, além de documentação produzida através de observações em pesquisa de campo e entrevistas orientadas pela metodologia da história oral de vida. Parte-se, portanto, de uma abordagem sociotécnica para a observação das dinâmicas de interação entre movimentos sociais, instituições políticas, empresas estatais e privadas e tecnologias. Por meio de uma análise descritiva e também voltada a compreender causalidades e explorar relações explicativas, buscou-se a identificação de padrões de interação entre as trajetórias sociotécnicas que constituem os casos analisados. Observou-se que na implantação da usina de Itaipu, caso que apresenta a primeira experiência de resistência organizada a esse tipo de projeto, os agricultores se organizaram a partir de espaços de troca de informação; incluíram solidariamente em suas reivindicações as demandas de todos os tipos de ocupações de terra, combatendo a estratégia patrimonialista e desagregadora da empresa e; colocaram suas demandas em pauta a partir de práticas como ocupações e acampamentos. Nos processos constituídos nas primeiras fases das trajetórias de Baixo Iguaçu, Garabi e Panambi, os movimentos de resistência conquistaram a suspensão dos projetos articulando experiências anteriores de organização política; o estabelecimento de alianças com setores da comunidade regional; a realização de práticas de resistência antes da fase de projeto básico; o desenvolvimento de práticas de resistência que impediam os trabalhos dos técnicos; e a pressão sobre o ator responsável pelos projetos, à época, a Eletrosul. Nas fases recentes das trajetórias, as conquistas se relacionam a práticas de resistência anteriores à fase de projeto básico, bem como à articulação dos componentes ambientais dos projetos. Concluiu-se, portanto, que ao longo das trajetórias houve o fortalecimento dos movimentos sociais, com acúmulo e transmissão de experiências, mas que dadas às características de estruturação do processo de implantação de hidrelétricas atuais, que não reservam momentos de participação para a sociedade nem garantias institucionais aos atingidos, a experiência de luta precisa ser retomada e atualizada a cada processo de implantação de hidrelétrica. / The main objective of this thesis is to analyze how populations affected by implantation of hydroelectrics in Brazil have articulated and organized throughout the socio-technical trajectories which led to the implementation of such projects. To that end, the implantation trajectories of three cases will be studied, which correspond to the period from 1974 to 2016: Itaipu, built into the Paraná river, on the Brazil – Paraguay borders; Baixo Iguaçu, on the Iguaçu river at Paraná state; and the Garabi and Panambi complex, projected for the Uruguai river, on a section of the border between Brazil and Argentina. The analysis of the selected cases occurred by using theoretical-conceptual tools from the field studies of Science, Technology and Society (STS) - particularly of Sociology of Technology. The methodology is qualitative and used bibliographical and documental research, as well as documents produced by observation on field research and interviews oriented by oral history methodology. Therefore, it results from a socio-technical approach to the observation of interaction dynamics between social movements, political institutions, state and private companies and technologies. The identification of patterns of interaction in socio-technical trajectories which constitute the analyzed cases are searched through a descriptive and also targeted analysis focused on understanding causalities and exploring explanatory relations. It was observed that on the implantation of Itaipu, a case which represents the first experience of organized resistance to this kind of project, farmers organized themselves through information exchange spaces; in solidarity, they included in their claims the demands of all kind of land occupation movements, fighting the patrimonial and disaggregating strategy of the company; they put their demands on the agenda by using practices such as occupations and encampments. In the processes constituted in the early stages of Baixo Iguaçu, Garabi and Panambi trajectories, the resistance movements conquered the suspension of projects by articulating previous experiences of political organization; the establishment of alliances with regional community; the conduction of resistance practices before the basic design phase; the development of resistance practices which prevented the technicians work; and the pressure over the actor responsible for the projects, Eletrosul at the time. On the recent trajectories phases, achievements are related to resistance practices previous to the basic project phase, as well as articulation on environmental components of projects. It was concluded, therefore, that the strengthening of social movements happened along the trajectories, with experience accumulation and transmission, but given the structuring characteristics of the current hydroelectric deployment process, which do not reserve moments to the participation of the society, nor provides institutional guarantees to those affected, the struggle experience must be resumed at each hydroelectric deployment process.
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A organização de movimentos sociais de expropriados nas trajetórias sociotécnicas de implantação de hidrelétricas no Brasil (1974-2016) / The organization of social movements of evicted people from the sociotechnical trajectories of hydroeletric dams in Brazil. (1974-2016)

Matiello, Catiane 14 October 2016 (has links)
CAPES: Fundação Araucária / A tese tem como objetivo principal analisar como as populações atingidas pela implantação de hidrelétricas no Brasil têm se articulado e organizado nas trajetórias sociotécnicas que conduzem à concretização desses projetos. Para tanto, se estudarão as trajetórias de implantação de três casos, que conformam o período de 1974 a 2016: Itaipu, construída no rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai; Baixo Iguaçu, no rio Iguaçu, no estado do Paraná; e o complexo de Garabi e Panambi, projetado para o rio Uruguai, em trecho de fronteira entre Brasil e Argentina. A análise dos casos selecionados ocorreu a partir de ferramentas teórico-conceituais do campo de estudos em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) – em especial da Sociologia da Tecnologia. A metodologia de trabalho é qualitativa e contou com pesquisa bibliográfica e documental, além de documentação produzida através de observações em pesquisa de campo e entrevistas orientadas pela metodologia da história oral de vida. Parte-se, portanto, de uma abordagem sociotécnica para a observação das dinâmicas de interação entre movimentos sociais, instituições políticas, empresas estatais e privadas e tecnologias. Por meio de uma análise descritiva e também voltada a compreender causalidades e explorar relações explicativas, buscou-se a identificação de padrões de interação entre as trajetórias sociotécnicas que constituem os casos analisados. Observou-se que na implantação da usina de Itaipu, caso que apresenta a primeira experiência de resistência organizada a esse tipo de projeto, os agricultores se organizaram a partir de espaços de troca de informação; incluíram solidariamente em suas reivindicações as demandas de todos os tipos de ocupações de terra, combatendo a estratégia patrimonialista e desagregadora da empresa e; colocaram suas demandas em pauta a partir de práticas como ocupações e acampamentos. Nos processos constituídos nas primeiras fases das trajetórias de Baixo Iguaçu, Garabi e Panambi, os movimentos de resistência conquistaram a suspensão dos projetos articulando experiências anteriores de organização política; o estabelecimento de alianças com setores da comunidade regional; a realização de práticas de resistência antes da fase de projeto básico; o desenvolvimento de práticas de resistência que impediam os trabalhos dos técnicos; e a pressão sobre o ator responsável pelos projetos, à época, a Eletrosul. Nas fases recentes das trajetórias, as conquistas se relacionam a práticas de resistência anteriores à fase de projeto básico, bem como à articulação dos componentes ambientais dos projetos. Concluiu-se, portanto, que ao longo das trajetórias houve o fortalecimento dos movimentos sociais, com acúmulo e transmissão de experiências, mas que dadas às características de estruturação do processo de implantação de hidrelétricas atuais, que não reservam momentos de participação para a sociedade nem garantias institucionais aos atingidos, a experiência de luta precisa ser retomada e atualizada a cada processo de implantação de hidrelétrica. / The main objective of this thesis is to analyze how populations affected by implantation of hydroelectrics in Brazil have articulated and organized throughout the socio-technical trajectories which led to the implementation of such projects. To that end, the implantation trajectories of three cases will be studied, which correspond to the period from 1974 to 2016: Itaipu, built into the Paraná river, on the Brazil – Paraguay borders; Baixo Iguaçu, on the Iguaçu river at Paraná state; and the Garabi and Panambi complex, projected for the Uruguai river, on a section of the border between Brazil and Argentina. The analysis of the selected cases occurred by using theoretical-conceptual tools from the field studies of Science, Technology and Society (STS) - particularly of Sociology of Technology. The methodology is qualitative and used bibliographical and documental research, as well as documents produced by observation on field research and interviews oriented by oral history methodology. Therefore, it results from a socio-technical approach to the observation of interaction dynamics between social movements, political institutions, state and private companies and technologies. The identification of patterns of interaction in socio-technical trajectories which constitute the analyzed cases are searched through a descriptive and also targeted analysis focused on understanding causalities and exploring explanatory relations. It was observed that on the implantation of Itaipu, a case which represents the first experience of organized resistance to this kind of project, farmers organized themselves through information exchange spaces; in solidarity, they included in their claims the demands of all kind of land occupation movements, fighting the patrimonial and disaggregating strategy of the company; they put their demands on the agenda by using practices such as occupations and encampments. In the processes constituted in the early stages of Baixo Iguaçu, Garabi and Panambi trajectories, the resistance movements conquered the suspension of projects by articulating previous experiences of political organization; the establishment of alliances with regional community; the conduction of resistance practices before the basic design phase; the development of resistance practices which prevented the technicians work; and the pressure over the actor responsible for the projects, Eletrosul at the time. On the recent trajectories phases, achievements are related to resistance practices previous to the basic project phase, as well as articulation on environmental components of projects. It was concluded, therefore, that the strengthening of social movements happened along the trajectories, with experience accumulation and transmission, but given the structuring characteristics of the current hydroelectric deployment process, which do not reserve moments to the participation of the society, nor provides institutional guarantees to those affected, the struggle experience must be resumed at each hydroelectric deployment process.

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