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Uma visão histórico-crítica do conceito de crise não-epiléptica psicogênica / An historical-critical approach to the psychogenic non-epileptic seizure conceptKurcgant, Daniela 05 May 2010 (has links)
As crises não-epilépticas são definidas como crises, ataques ou acessos recorrentes que podem ser confundidos com epilepsia, devido à semelhança das manifestações comportamentais existentes entre ambas, mas difere da crise epiléptica por não ser conseqüente de descargas elétricas cerebrais anormais. Podem ter origem fisiogênica ou psicogênica. Os diagnósticos psiquiátricos que mais freqüentemente apresentam-se sob a forma de crises não-epilépticas psicogênicas são o transtorno conversivo e o transtorno de somatização. Na prática clínica, a diferenciação entre crises epilépticas e crises não-epilépticas desafia e confunde os clínicos, os neurologistas e os psiquiatras desde tempos remotos. A introdução da monitorização pelo vídeo-eletroencefalograma vídeo-EEG, considerado o padrão ouro para o diagnóstico diferencial, levou a um aumento significativo no número de diagnósticos de crises não-epilépticas psicogênicas. Apesar de se tratar de uma situação clínica de difícil manejo, com conseqüências médicas e sociais significativas, fica evidente que o conhecimento técnico e instrumental sobre as crises não-epilépticas psicogênicas são insuficientes para abordar este problema. O objetivo geral deste estudo é de o de enriquecer a compreensão das crises não-epilépticas psicogênicas, nos últimos quarenta anos. As condições de emergência histórica e as implicações práticas do conceito de crise não-epiléptica psicogênica foram investigadas. Para tanto, foram selecionados artigos que abordam o conceito de crises não-epilépticas psicogênicas em três periódicos de neurologia e em três de psiquiatria. Esta pesquisa partiu de projetos epistemológicos que possibilitam um pensamento reflexivo sobre a produção de conhecimentos científicos, no que diz respeito à formação, às mudanças e à formalização dos conceitos, teorias e práticas. Houve uma aproximação da metodologia histórico-epistemológica de Canguilhem e Bachelard, passando pela análise crítica de Foucault e alcançando o pensamento hermenêutico de Habermas e Gadamer. Foi verificado que os conceitos de histeria e epilepsia vêm sendo reformulados, ao longo do tempo. As crises não-epilépticas psicogênicas foram demarcadas em períodos. Na década de 1970, predominam os artigos que discutem a redução da prevalência da histeria e da personalidade histérica nas mulheres. Na década de 1980, existe uma preocupação com a formulação de diagnósticos através de instrumentos e entrevistas padronizadas e um aumento explosivo do número de artigos, dos periódicos de neurologia, que discutem o uso do vídeo-EEG. Na década de 1990, surgem os artigos que abordam os múltiplos diagnósticos psiquiátricos e as pesquisas sobre o abuso e a dissociação associados à crise não-epiléptica psicogênica. Conclui-se que as crises não-epilépticas psicogênicas, tal qual o conhecimento científico, tem uma história, que interage com outros tipos de conhecimento e que são influenciadas por variáveis sociais. Nesta direção, sugere-se que a possibilidade de abertura e diálogo entre as dimensões técno-científica e prática possam criar condições para um modelo de cuidado mais adequado e integrado junto aos pacientes com crises não-epilépticas psicogênicas / Psychogenic non-epileptic seizures are recurrent crisis, or attacks, or paroxysmal behavioral changes that can be misunderstood as epileptic seizure due to the behavioral similarity between both, however, these manifestations are not associated with abnormal electrical brain discharges that cause epileptic seizures. Non-epileptic seizures are classified into physiologic and psychogenic origin. The most common psychiatric diagnoses associated with psychogenic non-epileptic seizures are conversion disorder and somatization disorder. In clinical practice, the distinction between non-epileptic seizure and epilepsy challenges and confuses the clinicians, the neurologists and the psychiatrists, since ancient times. The long-term video-electroencephalographic monitoring video-EEG, considered as the gold standard for the differential diagnosis, has led to a significant increase in the number of cases of psychogenic non-epileptic seizures. Although being a clinical situation difficult to manage, with medical and social poor prognosis, it is evident that the instrumental and technological knowledge about non-epileptic seizures are insufficient to deal with this problem. The aim of this study is to enrich the comprehension of the psychogenic non-epileptic seizures in the last fifty years. The historical emergence conditions of the psychogenic non-epileptic seizure and its clinical practical implications were investigated. For this purpose, it was examined papers that discuss the concept of psychogenic non-epileptic seizure in three neurological journals and in three psychiatric journals. This research was guided by epistemological projects focused upon conditions of possibility for reflexive thinking about conceptualization, changing and formalization of the concepts, theories and practices. The methodological approach was influenced by Canguilhems and Bachelards historical epistemology, pursued by Foucault´s critical analysis and culminating in Habermas e Gadamers hermeneutics thought. The research pointed out that hysteria and epilepsy concepts have been reformulated over time, and uncovered fundamental concepts that organized psychogenic non-epileptic seizures in different historical periods. In the 1970s, there was a predominance of papers that discuss the reduction of hysteria and the hysterical personality in women. In the 1980s, there was a concern with the development of diagnostic instruments and structured interviews, and an explosive increase in the number of papers in the neurological journals discussing the use of video-EEG. In the 1990s and on, papers have been focused on the multiple psychiatric diagnoses and research on dissociation and abuse associated to psychogenic non-epileptic seizure. The conclusion is that psychogenic non-epileptic seizures, as scientific knowledge, have a history, which interact with various kinds of knowledge and it is influenced by social variables. In this sense, the possibility of openness and dialogue between technological and practical dimensions could provide underlying conditions to a better and more integral care model among patients with psychogenic non-epileptic seizures
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Uma visão histórico-crítica do conceito de crise não-epiléptica psicogênica / An historical-critical approach to the psychogenic non-epileptic seizure conceptDaniela Kurcgant 05 May 2010 (has links)
As crises não-epilépticas são definidas como crises, ataques ou acessos recorrentes que podem ser confundidos com epilepsia, devido à semelhança das manifestações comportamentais existentes entre ambas, mas difere da crise epiléptica por não ser conseqüente de descargas elétricas cerebrais anormais. Podem ter origem fisiogênica ou psicogênica. Os diagnósticos psiquiátricos que mais freqüentemente apresentam-se sob a forma de crises não-epilépticas psicogênicas são o transtorno conversivo e o transtorno de somatização. Na prática clínica, a diferenciação entre crises epilépticas e crises não-epilépticas desafia e confunde os clínicos, os neurologistas e os psiquiatras desde tempos remotos. A introdução da monitorização pelo vídeo-eletroencefalograma vídeo-EEG, considerado o padrão ouro para o diagnóstico diferencial, levou a um aumento significativo no número de diagnósticos de crises não-epilépticas psicogênicas. Apesar de se tratar de uma situação clínica de difícil manejo, com conseqüências médicas e sociais significativas, fica evidente que o conhecimento técnico e instrumental sobre as crises não-epilépticas psicogênicas são insuficientes para abordar este problema. O objetivo geral deste estudo é de o de enriquecer a compreensão das crises não-epilépticas psicogênicas, nos últimos quarenta anos. As condições de emergência histórica e as implicações práticas do conceito de crise não-epiléptica psicogênica foram investigadas. Para tanto, foram selecionados artigos que abordam o conceito de crises não-epilépticas psicogênicas em três periódicos de neurologia e em três de psiquiatria. Esta pesquisa partiu de projetos epistemológicos que possibilitam um pensamento reflexivo sobre a produção de conhecimentos científicos, no que diz respeito à formação, às mudanças e à formalização dos conceitos, teorias e práticas. Houve uma aproximação da metodologia histórico-epistemológica de Canguilhem e Bachelard, passando pela análise crítica de Foucault e alcançando o pensamento hermenêutico de Habermas e Gadamer. Foi verificado que os conceitos de histeria e epilepsia vêm sendo reformulados, ao longo do tempo. As crises não-epilépticas psicogênicas foram demarcadas em períodos. Na década de 1970, predominam os artigos que discutem a redução da prevalência da histeria e da personalidade histérica nas mulheres. Na década de 1980, existe uma preocupação com a formulação de diagnósticos através de instrumentos e entrevistas padronizadas e um aumento explosivo do número de artigos, dos periódicos de neurologia, que discutem o uso do vídeo-EEG. Na década de 1990, surgem os artigos que abordam os múltiplos diagnósticos psiquiátricos e as pesquisas sobre o abuso e a dissociação associados à crise não-epiléptica psicogênica. Conclui-se que as crises não-epilépticas psicogênicas, tal qual o conhecimento científico, tem uma história, que interage com outros tipos de conhecimento e que são influenciadas por variáveis sociais. Nesta direção, sugere-se que a possibilidade de abertura e diálogo entre as dimensões técno-científica e prática possam criar condições para um modelo de cuidado mais adequado e integrado junto aos pacientes com crises não-epilépticas psicogênicas / Psychogenic non-epileptic seizures are recurrent crisis, or attacks, or paroxysmal behavioral changes that can be misunderstood as epileptic seizure due to the behavioral similarity between both, however, these manifestations are not associated with abnormal electrical brain discharges that cause epileptic seizures. Non-epileptic seizures are classified into physiologic and psychogenic origin. The most common psychiatric diagnoses associated with psychogenic non-epileptic seizures are conversion disorder and somatization disorder. In clinical practice, the distinction between non-epileptic seizure and epilepsy challenges and confuses the clinicians, the neurologists and the psychiatrists, since ancient times. The long-term video-electroencephalographic monitoring video-EEG, considered as the gold standard for the differential diagnosis, has led to a significant increase in the number of cases of psychogenic non-epileptic seizures. Although being a clinical situation difficult to manage, with medical and social poor prognosis, it is evident that the instrumental and technological knowledge about non-epileptic seizures are insufficient to deal with this problem. The aim of this study is to enrich the comprehension of the psychogenic non-epileptic seizures in the last fifty years. The historical emergence conditions of the psychogenic non-epileptic seizure and its clinical practical implications were investigated. For this purpose, it was examined papers that discuss the concept of psychogenic non-epileptic seizure in three neurological journals and in three psychiatric journals. This research was guided by epistemological projects focused upon conditions of possibility for reflexive thinking about conceptualization, changing and formalization of the concepts, theories and practices. The methodological approach was influenced by Canguilhems and Bachelards historical epistemology, pursued by Foucault´s critical analysis and culminating in Habermas e Gadamers hermeneutics thought. The research pointed out that hysteria and epilepsy concepts have been reformulated over time, and uncovered fundamental concepts that organized psychogenic non-epileptic seizures in different historical periods. In the 1970s, there was a predominance of papers that discuss the reduction of hysteria and the hysterical personality in women. In the 1980s, there was a concern with the development of diagnostic instruments and structured interviews, and an explosive increase in the number of papers in the neurological journals discussing the use of video-EEG. In the 1990s and on, papers have been focused on the multiple psychiatric diagnoses and research on dissociation and abuse associated to psychogenic non-epileptic seizure. The conclusion is that psychogenic non-epileptic seizures, as scientific knowledge, have a history, which interact with various kinds of knowledge and it is influenced by social variables. In this sense, the possibility of openness and dialogue between technological and practical dimensions could provide underlying conditions to a better and more integral care model among patients with psychogenic non-epileptic seizures
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Pathologies of vision : representations of deviant women and the cyborg bodyRheeder, Elle-Sandrah January 2015 (has links)
This thesis investigates the figure of the cyborg as conceptualised by Donna Haraway in The Cyborg Manifesto (1991). The figure of the cyborg, as a transgressive figure in the late twentieth century within socialist feminist discourse, is problematized with regard to its efficacy as a creature that challenges the constructed nature of gender and contests the boundary between human and machine through its ambiguous nature. Haraway’s notions of the cyborg, which she bases partly on cyborg characters from Science Fiction literature, deny the ocularcentric traditions that have structured gender and the body. Similarly, Haraway does not engage adequately with the figure of the cyborg with regard to situating it historically. This thesis unpacks both the visual and the historical aspects that have structured the cyborg body. By engaging with these concepts, the cyborg emerges as a figure that is identified through visual signifiers of female deviance and pathology. By reading female deviance and pathology on the body of the nineteenth-century hysteric, similarities can be drawn between the hysteric and the cyborg. Through a reading of Alien (1979); Blade Runner (1982); and Star Trek: First Contact (1996) key cyborg texts of the late twentieth century, the figure of the cyborg, and its relation to the deviant pathologised female can be understood when read against the body of the hysteric and how it was visually coded and communicated
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