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O bestiário na igreja do Colégio da Companhia de Jesus em Salvador

Neves, Belinda 12 May 2015 (has links)
Submitted by Belinda Neves (belindaneves@hotmail.com) on 2017-09-09T14:53:49Z No. of bitstreams: 1 Belinda Maria de Almeida Neves.pdf: 19622122 bytes, checksum: e5cce9b72101d87f7e77c6f345a12a7a (MD5) / Approved for entry into archive by Lêda Costa (lmrcosta@ufba.br) on 2018-04-23T16:17:47Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Belinda Maria de Almeida Neves.pdf: 19622122 bytes, checksum: e5cce9b72101d87f7e77c6f345a12a7a (MD5) / Made available in DSpace on 2018-04-23T16:17:47Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Belinda Maria de Almeida Neves.pdf: 19622122 bytes, checksum: e5cce9b72101d87f7e77c6f345a12a7a (MD5) / Fapesb / A presente pesquisa aborda a iconografia e iconologia do bestiário presente na Igreja e Botica dos jesuítas em Salvador, Bahia, séculos XVII e XVIII, período barroco, e está dimensionada em três capítulos. Compondo o repertório simbólico dos altares da nave está a pomba, o cordeiro, a fênix, o golfinho. Acrescidos ao conjunto estão híbridos zoo-antropomorfos como sereias bicaudais, mulheres com corpo de serpente e harpias, presentes no altar mor e, com exceção da harpia, igualmente nos altares dos Santos Mártires e das Santas Virgens Mártires. Mediante a presença do bestiário fantástico estabelecemos os possíveis diálogos entre a virtude e o vício e, especificamente nesse caso, a virtude da castidade contra o vício da luxúria, discurso amplamente utilizado pelos jesuítas no período colonial, e refletido no programa iconográfico. No teto da nave, o majestoso emblema da Companhia de Jesus é ladeado pelos tetramorfos alados, em quatro pontos cardeais, e acompanhado por listeis grafados com a Epístola de São Paulo aos filisteus. Os tritões estão presentes no teto, em credencias e na forma de atlantes e complementam o conjunto simbólico da nave. Na sacristia o Ipupiara - monstro marinho que ilustrou a cronística colonial – está presente nas três torneiras do lavabo de mármore. Nas pinturas do teto da sacristia estão retratados 21 painéis de jesuítas mártires e Confessores da Fé católica, pertencentes aos quatro continentes em que atuou a Societas Jesu. Com a análise e interpretação feita em camadas, observamos que estão presentes e em constante diálogo a religiosidade, fé, arte e ciência. Destacamos nesse aspecto a astronomia, matemática, poesia, música, astrologia e alquimia, temas pertinentes e em consonância com o século XVII, o que permite que a visão do teto possa ser ainda, interpretada no formato tridimensional. No centro deste programa está o painel de S. Ignácio de Loyola, ladeado por outros quatro painéis dos jesuítas S. Francisco Xavier, S. Francisco de Borja, S. Stanislaw Kostka e S. Luis Gonzaga, e formam uma cruz grega. No conjunto estão quatro representações de Orfeu encantando os animais com alaúdes e violinos, juntamente com um significativo contingente zoomorfo de espécies do continente americano. Entre aves e mamíferos estão retratados 46 animais e o repertório abrange o tucano, a onça, o guará, o ganso-do-Orinoco, o cão-da-pradaria, a cegonha, a andorinha, o macaco, entre outros. O contingente é também composto por duas águias bicéfalas, símbolo do Quinto Império - o Império de Cristo, presentes nos painéis dos jesuítas mártires P. Marcelo Mastrilli e P. Pedro Dias. O mito de Orfeu popularizou-se através da obra do poeta italiano Ovídio (43 a.C-18 d.C.) intitulada Metamorfoses. No Livro X e XI da obra, Orfeu encanta as bestas e as transforma através de sua música. Analisamos a metáfora do encantamento e estabelecemos as possíveis relações entre o mito de Orfeu, Jesus Cristo, as missões jesuíticas, e a possível transformação do gentio colonial mediante a doutrina cristã. Por sua vez, o estudo do bestiário na Botica foi realizado com base nas informações contidas na Collecção de várias receitas, manuscrito de jesuíta não identificado e datado de 1766. Entre os animais estão o lagarto, o ouriço-cacheiro, o sirênio, veado, borboleta, que estabelecem igualmente o diálogo entre o simbolismo cristão e a alquimia, e demonstram a importância da metáfora e emblemática no discurso artístico da Companhia de Jesus. / This research addresses the iconography and iconology of the bestiary present in the Church and Pharmacy of the jesuits in Salvador, Bahia, XVIIth and XVIIIth centuries, baroque period and is dimensioned in three chapters. Composing the symbolic repertory of the altars of the church nave are the dove, the sheep, the phoenix, the dolphin. Added to the set are zoo-anthropomorphics such as two-tailed mermaids, women with bodies of snake and harpies, present in the altar mor and, with exception of the harpy, equally on the altars of the Holy Martyrs and of the Holy Virgin Martyrs. By means of the presence of the fantastic bestiary the possible dialogs between virtue and vice were established and, specifically in this case, the virtue of chastity against the vice of lust, a speech widely used by jesuits during the colonial period, and reflected on the iconographic program. In the ceiling of the nave, the majestic emblem of the Society of Jesus is flanked by winged tetramorphs, in four cardinal points together with listels engraved with the Epistle of St. Paul to the fhilistines. The tritons are in the ceiling, in the shape of atlanteans and complement the symbolic set of the nave. On the sacristy the Ipupiara – sea monster that illustrated the colonial chronicles – is present in the three taps of the marble toilet. In this ceiling 21 panels of Jesuit martyrs and Confessors of Catholic Faith are portrayed, belonging to the four continents where the Societas Jesu acted. With the analysis and interpretation made in layers, it was observed that are present, and in constant dialogue, the religiosity, the faith, the art and the science. Astronomy, mathematic, poetry, music, astrology and alchemy are highlighted, relevant topics and in consonance with the XVIIth century, allowing that the vision of the ceiling can also be interpreted in tridimensional format. In the center of this program is the panel of Saint Ignatius of Loyola, flanked by four other panels of Jesuits Saint Francisco Xavier, Saint Francisco de Borja, Saint Stanislaw Kostka and Saint Luis Gonzaga, forming a greek cross. In the group are four representations of Orpheus enchanting the animals with lutes and violins, along with a significant zoomorphic contingent of species from the american continent. Among birds and mammals there are 46 animals portrayed and the repertory encompasses the toucan, the ounce, the guara, the Orinoco’s goose, the prairie dog, the stork, the swallow, the monkey, among others. The contingent is also composed by two double-headed eagles, symbol of the Fifth Empire – Christ’s Empire, present in panels of the Jesuit martyrs Father Marcelo Mastrilli and Father Pedro Dias. The myth of Orpheus became popular due to the work of Italian poet Ovid (43 a.C – 18 d.C) entitled Metamorphoses. In Book X and XI of the work, Orpheus enchants the beasts and transform them through his music. We analyzed the metaphor of enchantment and established the possible relations between the myth of Orpheus, Jesus Christ, the Jesuitical missions and the transformation of the colonial gentile by the Christian doctrine. On the other hand, the study about the bestiary of the Pharmacy was made based in information contained in the Collecção de várias receitas, a manuscript from a non-identified jesuit, dated from 1766. Among the animals are the lizard, the urchin, the sirenian, the deer, the butterfly, which establish equally the dialogue between christian symbolism and alchemy, and demonstrate the importance of the metaphor and emblematic on the artistic speech of the Society of Jesus.

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