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Os verbos inacusativos e a inversão do sujeito em sentenças declarativas do português brasileiro

Ferreira, Ivana Kátia de Souza January 2011 (has links)
Este trabalho trata sobre os verbos inacusativos e a livre inversão do sujeito em sentenças declarativas do português brasileiro (PB). É um estudo, com base em revisão bibliográfica, à luz da Sintaxe Gerativa, sob a perspectiva da Teoria da Regência e da Ligação (TRL), proposta por Chomsky (1981), em conformidade com o modelo Princípios e Parâmetros. Primeiramente, é feito um apanhado de tópicos fundamentais (Léxico, Subcategorização Verbal, Teoria do Caso, Teoria Theta, Estrutura de Argumentos) para a TRL, bem como relacionados ao assunto a ser discutido. Após essa exposição, são apresentados os verbos inacusativos (monoargumentais) e as suas especificidades. É feita uma comparação entre os verbos inacusativos e os inergativos, tendo em vista serem ambos monoargumentais. Apesar disso, apresentam estruturas sintáticas completamente distintas. Suas estruturas-D mostram tais diferenças. Os inacusativos subcategorizam um Determiner Phrase (DP) complemento (posição de objeto). Os inergativos selecionam somente argumento externo. Quando ocorre a inversão do DP sujeito, este permanece em sua posição de base, dentro do V(erb)P(hrase). De acordo com autores relevantes (Pontes, 1986; Kato, 2000; Menuzzi, 2003) para este trabalho, os verbos inacusativos são compatíveis com a ordem V(erbo)S(ujeito) no PB. Nas sentenças VS com inacusativos, são verificadas duas possibilidades de concordância. Quando o verbo concorda com o DP sujeito pós-verbal ([pro] Chegaram as visitas), a concordância resulta da cadeia entre o DP sujeito pós-verbal e o expletivo nulo pro pré-verbal. Quando o verbo permanece na 3ª pessoa do singular ([pro] Chegou as visitas), a concordância é realizada com o expletivo nulo pro pré-verbal, que, de acordo com Mioto et al. (2007), é singular. A concordância com o expletivo pré-verbal é como no francês, por exemplo. Porém, no francês, o expletivo pré-verbal não é nulo, é lexical (Il). / This academic work deals with the unaccusative verbs and the free inversion of the subject in declarative sentences in Brazilian Portuguese (BP). This study is based on a bibliographic review, in the light of the Generative Syntax, under the Government-Binding (GB) Theory. It is proposed by Chomsky (1981), in accordance with the Principles and Parameters model. Firstly, a summary of the fundamental topics (Lexicon, Verb Subcategorization, Case Theory, θ-Theory, Argument Structure) within the GB is made, not to mention that these topics are absolutely related to the main subject. Thereafter, the unaccusative verbs (monoargumental) and their particularity are presented. A comparison is made between the unaccusative and the inergative verbs. Although they are both monoargumental verbs, they have different syntactic structures from each other. Their Dstructures show such differences. The unaccusative verbs subcategorize a Determiner Phrase (DP) complement (in the object place), while the inergative ones select an external argument. When the inversion of the DP subject occurs, it remains in its original position within the Verb Phrase (VP). According to relevant authors (Pontes, 1986; Kato, 2000; Menuzzi, 2003) to this work, the unaccusative verbs are compatible with the V(erb)S(ubject) order in BP. The occurance of two kinds of agreement is verified in the sentences when the DP subject occupies the post-verbal position. When the verb agrees with the post-verbal DP subject ([pro] Chegaram as visitas), the agreement results from a chain between the post-verbal DP subject and the null expletive pro. When the verb remains in the 3rd person of singular ([pro] Chegou as visitas), it reveals that the agreement is with the pre-verbal null expletive pro, singular according to Mioto et al. (2007). The agreement with the pre-verbal expletive is likewise in French. However in French the pre-verbal expletive is not null; it is the lexical one il.
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Os verbos inacusativos e a inversão do sujeito em sentenças declarativas do português brasileiro

Ferreira, Ivana Kátia de Souza January 2011 (has links)
Este trabalho trata sobre os verbos inacusativos e a livre inversão do sujeito em sentenças declarativas do português brasileiro (PB). É um estudo, com base em revisão bibliográfica, à luz da Sintaxe Gerativa, sob a perspectiva da Teoria da Regência e da Ligação (TRL), proposta por Chomsky (1981), em conformidade com o modelo Princípios e Parâmetros. Primeiramente, é feito um apanhado de tópicos fundamentais (Léxico, Subcategorização Verbal, Teoria do Caso, Teoria Theta, Estrutura de Argumentos) para a TRL, bem como relacionados ao assunto a ser discutido. Após essa exposição, são apresentados os verbos inacusativos (monoargumentais) e as suas especificidades. É feita uma comparação entre os verbos inacusativos e os inergativos, tendo em vista serem ambos monoargumentais. Apesar disso, apresentam estruturas sintáticas completamente distintas. Suas estruturas-D mostram tais diferenças. Os inacusativos subcategorizam um Determiner Phrase (DP) complemento (posição de objeto). Os inergativos selecionam somente argumento externo. Quando ocorre a inversão do DP sujeito, este permanece em sua posição de base, dentro do V(erb)P(hrase). De acordo com autores relevantes (Pontes, 1986; Kato, 2000; Menuzzi, 2003) para este trabalho, os verbos inacusativos são compatíveis com a ordem V(erbo)S(ujeito) no PB. Nas sentenças VS com inacusativos, são verificadas duas possibilidades de concordância. Quando o verbo concorda com o DP sujeito pós-verbal ([pro] Chegaram as visitas), a concordância resulta da cadeia entre o DP sujeito pós-verbal e o expletivo nulo pro pré-verbal. Quando o verbo permanece na 3ª pessoa do singular ([pro] Chegou as visitas), a concordância é realizada com o expletivo nulo pro pré-verbal, que, de acordo com Mioto et al. (2007), é singular. A concordância com o expletivo pré-verbal é como no francês, por exemplo. Porém, no francês, o expletivo pré-verbal não é nulo, é lexical (Il). / This academic work deals with the unaccusative verbs and the free inversion of the subject in declarative sentences in Brazilian Portuguese (BP). This study is based on a bibliographic review, in the light of the Generative Syntax, under the Government-Binding (GB) Theory. It is proposed by Chomsky (1981), in accordance with the Principles and Parameters model. Firstly, a summary of the fundamental topics (Lexicon, Verb Subcategorization, Case Theory, θ-Theory, Argument Structure) within the GB is made, not to mention that these topics are absolutely related to the main subject. Thereafter, the unaccusative verbs (monoargumental) and their particularity are presented. A comparison is made between the unaccusative and the inergative verbs. Although they are both monoargumental verbs, they have different syntactic structures from each other. Their Dstructures show such differences. The unaccusative verbs subcategorize a Determiner Phrase (DP) complement (in the object place), while the inergative ones select an external argument. When the inversion of the DP subject occurs, it remains in its original position within the Verb Phrase (VP). According to relevant authors (Pontes, 1986; Kato, 2000; Menuzzi, 2003) to this work, the unaccusative verbs are compatible with the V(erb)S(ubject) order in BP. The occurance of two kinds of agreement is verified in the sentences when the DP subject occupies the post-verbal position. When the verb agrees with the post-verbal DP subject ([pro] Chegaram as visitas), the agreement results from a chain between the post-verbal DP subject and the null expletive pro. When the verb remains in the 3rd person of singular ([pro] Chegou as visitas), it reveals that the agreement is with the pre-verbal null expletive pro, singular according to Mioto et al. (2007). The agreement with the pre-verbal expletive is likewise in French. However in French the pre-verbal expletive is not null; it is the lexical one il.
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Os verbos inacusativos e a inversão do sujeito em sentenças declarativas do português brasileiro

Ferreira, Ivana Kátia de Souza January 2011 (has links)
Este trabalho trata sobre os verbos inacusativos e a livre inversão do sujeito em sentenças declarativas do português brasileiro (PB). É um estudo, com base em revisão bibliográfica, à luz da Sintaxe Gerativa, sob a perspectiva da Teoria da Regência e da Ligação (TRL), proposta por Chomsky (1981), em conformidade com o modelo Princípios e Parâmetros. Primeiramente, é feito um apanhado de tópicos fundamentais (Léxico, Subcategorização Verbal, Teoria do Caso, Teoria Theta, Estrutura de Argumentos) para a TRL, bem como relacionados ao assunto a ser discutido. Após essa exposição, são apresentados os verbos inacusativos (monoargumentais) e as suas especificidades. É feita uma comparação entre os verbos inacusativos e os inergativos, tendo em vista serem ambos monoargumentais. Apesar disso, apresentam estruturas sintáticas completamente distintas. Suas estruturas-D mostram tais diferenças. Os inacusativos subcategorizam um Determiner Phrase (DP) complemento (posição de objeto). Os inergativos selecionam somente argumento externo. Quando ocorre a inversão do DP sujeito, este permanece em sua posição de base, dentro do V(erb)P(hrase). De acordo com autores relevantes (Pontes, 1986; Kato, 2000; Menuzzi, 2003) para este trabalho, os verbos inacusativos são compatíveis com a ordem V(erbo)S(ujeito) no PB. Nas sentenças VS com inacusativos, são verificadas duas possibilidades de concordância. Quando o verbo concorda com o DP sujeito pós-verbal ([pro] Chegaram as visitas), a concordância resulta da cadeia entre o DP sujeito pós-verbal e o expletivo nulo pro pré-verbal. Quando o verbo permanece na 3ª pessoa do singular ([pro] Chegou as visitas), a concordância é realizada com o expletivo nulo pro pré-verbal, que, de acordo com Mioto et al. (2007), é singular. A concordância com o expletivo pré-verbal é como no francês, por exemplo. Porém, no francês, o expletivo pré-verbal não é nulo, é lexical (Il). / This academic work deals with the unaccusative verbs and the free inversion of the subject in declarative sentences in Brazilian Portuguese (BP). This study is based on a bibliographic review, in the light of the Generative Syntax, under the Government-Binding (GB) Theory. It is proposed by Chomsky (1981), in accordance with the Principles and Parameters model. Firstly, a summary of the fundamental topics (Lexicon, Verb Subcategorization, Case Theory, θ-Theory, Argument Structure) within the GB is made, not to mention that these topics are absolutely related to the main subject. Thereafter, the unaccusative verbs (monoargumental) and their particularity are presented. A comparison is made between the unaccusative and the inergative verbs. Although they are both monoargumental verbs, they have different syntactic structures from each other. Their Dstructures show such differences. The unaccusative verbs subcategorize a Determiner Phrase (DP) complement (in the object place), while the inergative ones select an external argument. When the inversion of the DP subject occurs, it remains in its original position within the Verb Phrase (VP). According to relevant authors (Pontes, 1986; Kato, 2000; Menuzzi, 2003) to this work, the unaccusative verbs are compatible with the V(erb)S(ubject) order in BP. The occurance of two kinds of agreement is verified in the sentences when the DP subject occupies the post-verbal position. When the verb agrees with the post-verbal DP subject ([pro] Chegaram as visitas), the agreement results from a chain between the post-verbal DP subject and the null expletive pro. When the verb remains in the 3rd person of singular ([pro] Chegou as visitas), it reveals that the agreement is with the pre-verbal null expletive pro, singular according to Mioto et al. (2007). The agreement with the pre-verbal expletive is likewise in French. However in French the pre-verbal expletive is not null; it is the lexical one il.
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Construções com o verbo acabar em português brasileiro / Constructions with the verb acabar in brazilian portuguese

Rodero, Aline Garcia 30 June 2010 (has links)
Neste trabalho, propomos uma análise do verbo acabar e de algumas das sentenças em que ele pode aparecer à luz de modelos formais para a análise linguística. Buscamos investigar as características sintático-semânticas dessas sentenças e procuramos identificar que tipo de estrutura sintática melhor representa sua formação. Travaglia (2004b) discute a poligramaticalização do verbo acabar e mostra que esse verbo está se gramaticalizando em sentidos diferentes. Esse autor aponta sete valores gramaticais em diferentes estágios de gramaticalização para tal verbo, além do sentido como verbo pleno. Sugerimos uma redução das oito possibilidades de interpretação de acabar sugeridas por Travaglia a cinco, pois quatro dos exemplos diferenciados por aquele autor parecem permitir uma mesma leitura. Nas sentenças que analisamos nesta dissertação, fazemos um recorte abrangendo o verbo acabar que traz uma idéia de resultado ou fase final de um evento, com uma leitura algo aconteceu e, no final das contas, a situação terminou de tal forma. Vários testes foram feitos para definir o estatuto desse verbo, como auxiliar ou como aspectualizador, porém esses testes não apontam para uma mesma direção. Observamos que acabar não apresenta um comportando uniforme, ora comportando-se como um verbo auxiliar, ora como um aspectualizador. Apesar do grande número de características que observamos para esse verbo comportando-se como um auxiliar, o consideramos como um aspectualizador (na terminologia de Wachowicz (2005, 2007)), principalmente pelo fato de operar sobre o intervalo de tempo denotado pelo verbo principal, restringindo esse intervalo para sua fase final ou para seu resultado, que é uma forte característica dos aspectualizadores, conforme Lunguinho (2005, 2009) e Wachowicz (2005, 2007). Esse verbo apresenta todas as características de alçamento perante os testes propostos por Davies & Dubinsky (2004). O verbo acabar está selecionando uma proposição em todos os exemplos em foco neste trabalho, uma small clause, e o sujeito lógico da predicação no núcleo dessa small clause alça para a posição de sujeito superficial. O verbo acabar funciona como um verbo inacusativo, selecionando apenas um argumento interno, no caso, uma SC. Ferreira (2009) prevê que um verbo inacusativo funcione como uma construção de alçamento. Essa autora considera os auxiliares como um subgrupo dos verbos inacusativos e esses, por sua vez, como um subgrupo dos verbos de alçamento. Por conta disso, prevemos que acabar esteja em uma intersecção entre os subgrupos de verbos inacusativos que selecionam uma SC, um CP, um DP e os verbos auxiliares, já que apresenta algumas características desse último. Comparamos as propriedades de acabar com algumas propriedades das passivas das línguas naturais, como discutido em Jaeggli (1986). Duas das propriedades das passivas das línguas naturais são também propriedades dos verbos inacusativos e, logo, dos verbos de alçamento: i) o NP na posição de sujeito não recebe papel-; e ii) o NP na posição de VP não recebe Caso verbal. Então, essas propriedades se verificam tanto para as passivas quanto para o verbo acabar, porém de formas um pouco diferentes. Sendo assim, essas construções podem ter uma mesma leitura, mas não a mesma estrutura sintática. É possível estabelecer uma relação entre as sentenças passivas e as estruturas de alçamento em que acabar pode ocorrer, devido ao fato de verbos auxiliares e inacusativos apresentarem propriedades de verbo de alçamento, como explicado em Ferreira (2009). Além disso, passivas podem apresentar algumas características comuns àquelas construções. Assim, obtemos uma leitura parecida para todas essas construções. / In this dissertation, we offer an analysis of the verb acabar and some sentences in which it can figure according to the formal linguistics. We investigate the syntactic-semantic characteristics of these sentences and try to identify what kind of syntactic structure best represents them. Travaglia (2004b) discusses the poligrammaticalization of the verb acabar and shows that this verb is grammaticalizing in different ways. This author shows seven grammar values in different levels of grammaticalization for this verb, besides its meaning as a lexical verb. We suggest a reduction of these eight possibilities to interpret acabar into five, since four examples analysed in different ways by that author seems to allow a same reading. In the sentences we analyse in this dissertation, we reduce the scope of our investigation only to the verb acabar that brings an idea of an event result or final phase, bringing a reading like: something happened and, by the end, the situation ended up like this. Many tests were done to define this verb as an auxiliary or aspectualizer, but these tests dont show the same results. We observe that acabar dont exhibit an uniform behaviour, sometimes working as an auxiliary verb, other times as an apectualizer. In spite of the great range of characteristics that we observe for this verb behaving as an auxiliary, we consider it an aspectualizer (following Wachowicz (2005, 2007)), mainly due to the way it works over the time interval expressed by the main verb, restricting this interval to its final phase or to its result, that is a strong characteristic for the aspectualizers, according to Lunguinho (2005, 2009) and Wachowicz (2005, 2007). This verb shows all raising characteristics according to the tests proposed by Davies & Dubinsky (2004). The verb acabar is selecting a proposition in all of the examples in focus on this dissertation, a small clause, and the logical subject of the predicate in the nucleus of this small clause raises to a superficial subject position. The verb acabar works as an unnacusative verb, selecting only one internal argument, in this case, a SC. Ferreira (2009) assumes that an unnucusative verb behaves as a raising structure. This author considers auxiliaries as a subgroup of the unnacusatives, and the later verbs, as a subgroup of the raising verbs. For this reason, we assume that acabar is in crossroads between unnacusative verbs subgroup that selects a SC, a CP, a DP and the auxiliary verbs, since it shows some characteristics of these verbs. We compare the properties of acabar with some properties of passives in natural languages, as discussed in Jaeggli (1986). Two of the three properties of passives in natural languages are also the properties of unnacusative verbs and, consequently, of raising verbs: i) the NP in the subject position doesnt receive a -role; and ii) the NP in the position of VP doesnt receive structural Case. So, these properties are true not only for the passives, but also for the verb acabar, but in different ways. Then, these constructions can have the same reading, but not the same syntactic structure. It is possible to establish a relation between these passive sentences and the raising structures in which acabar can occur, in spite of the fact that auxiliary verbs and unnacusatives present properties of raising verbs, as discussed in Ferreira (2009). Besides, passives can present some characteristics common to that constructions. Then, we get a similar reading to all of these constructions.
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Construções com o verbo acabar em português brasileiro / Constructions with the verb acabar in brazilian portuguese

Aline Garcia Rodero 30 June 2010 (has links)
Neste trabalho, propomos uma análise do verbo acabar e de algumas das sentenças em que ele pode aparecer à luz de modelos formais para a análise linguística. Buscamos investigar as características sintático-semânticas dessas sentenças e procuramos identificar que tipo de estrutura sintática melhor representa sua formação. Travaglia (2004b) discute a poligramaticalização do verbo acabar e mostra que esse verbo está se gramaticalizando em sentidos diferentes. Esse autor aponta sete valores gramaticais em diferentes estágios de gramaticalização para tal verbo, além do sentido como verbo pleno. Sugerimos uma redução das oito possibilidades de interpretação de acabar sugeridas por Travaglia a cinco, pois quatro dos exemplos diferenciados por aquele autor parecem permitir uma mesma leitura. Nas sentenças que analisamos nesta dissertação, fazemos um recorte abrangendo o verbo acabar que traz uma idéia de resultado ou fase final de um evento, com uma leitura algo aconteceu e, no final das contas, a situação terminou de tal forma. Vários testes foram feitos para definir o estatuto desse verbo, como auxiliar ou como aspectualizador, porém esses testes não apontam para uma mesma direção. Observamos que acabar não apresenta um comportando uniforme, ora comportando-se como um verbo auxiliar, ora como um aspectualizador. Apesar do grande número de características que observamos para esse verbo comportando-se como um auxiliar, o consideramos como um aspectualizador (na terminologia de Wachowicz (2005, 2007)), principalmente pelo fato de operar sobre o intervalo de tempo denotado pelo verbo principal, restringindo esse intervalo para sua fase final ou para seu resultado, que é uma forte característica dos aspectualizadores, conforme Lunguinho (2005, 2009) e Wachowicz (2005, 2007). Esse verbo apresenta todas as características de alçamento perante os testes propostos por Davies & Dubinsky (2004). O verbo acabar está selecionando uma proposição em todos os exemplos em foco neste trabalho, uma small clause, e o sujeito lógico da predicação no núcleo dessa small clause alça para a posição de sujeito superficial. O verbo acabar funciona como um verbo inacusativo, selecionando apenas um argumento interno, no caso, uma SC. Ferreira (2009) prevê que um verbo inacusativo funcione como uma construção de alçamento. Essa autora considera os auxiliares como um subgrupo dos verbos inacusativos e esses, por sua vez, como um subgrupo dos verbos de alçamento. Por conta disso, prevemos que acabar esteja em uma intersecção entre os subgrupos de verbos inacusativos que selecionam uma SC, um CP, um DP e os verbos auxiliares, já que apresenta algumas características desse último. Comparamos as propriedades de acabar com algumas propriedades das passivas das línguas naturais, como discutido em Jaeggli (1986). Duas das propriedades das passivas das línguas naturais são também propriedades dos verbos inacusativos e, logo, dos verbos de alçamento: i) o NP na posição de sujeito não recebe papel-; e ii) o NP na posição de VP não recebe Caso verbal. Então, essas propriedades se verificam tanto para as passivas quanto para o verbo acabar, porém de formas um pouco diferentes. Sendo assim, essas construções podem ter uma mesma leitura, mas não a mesma estrutura sintática. É possível estabelecer uma relação entre as sentenças passivas e as estruturas de alçamento em que acabar pode ocorrer, devido ao fato de verbos auxiliares e inacusativos apresentarem propriedades de verbo de alçamento, como explicado em Ferreira (2009). Além disso, passivas podem apresentar algumas características comuns àquelas construções. Assim, obtemos uma leitura parecida para todas essas construções. / In this dissertation, we offer an analysis of the verb acabar and some sentences in which it can figure according to the formal linguistics. We investigate the syntactic-semantic characteristics of these sentences and try to identify what kind of syntactic structure best represents them. Travaglia (2004b) discusses the poligrammaticalization of the verb acabar and shows that this verb is grammaticalizing in different ways. This author shows seven grammar values in different levels of grammaticalization for this verb, besides its meaning as a lexical verb. We suggest a reduction of these eight possibilities to interpret acabar into five, since four examples analysed in different ways by that author seems to allow a same reading. In the sentences we analyse in this dissertation, we reduce the scope of our investigation only to the verb acabar that brings an idea of an event result or final phase, bringing a reading like: something happened and, by the end, the situation ended up like this. Many tests were done to define this verb as an auxiliary or aspectualizer, but these tests dont show the same results. We observe that acabar dont exhibit an uniform behaviour, sometimes working as an auxiliary verb, other times as an apectualizer. In spite of the great range of characteristics that we observe for this verb behaving as an auxiliary, we consider it an aspectualizer (following Wachowicz (2005, 2007)), mainly due to the way it works over the time interval expressed by the main verb, restricting this interval to its final phase or to its result, that is a strong characteristic for the aspectualizers, according to Lunguinho (2005, 2009) and Wachowicz (2005, 2007). This verb shows all raising characteristics according to the tests proposed by Davies & Dubinsky (2004). The verb acabar is selecting a proposition in all of the examples in focus on this dissertation, a small clause, and the logical subject of the predicate in the nucleus of this small clause raises to a superficial subject position. The verb acabar works as an unnacusative verb, selecting only one internal argument, in this case, a SC. Ferreira (2009) assumes that an unnucusative verb behaves as a raising structure. This author considers auxiliaries as a subgroup of the unnacusatives, and the later verbs, as a subgroup of the raising verbs. For this reason, we assume that acabar is in crossroads between unnacusative verbs subgroup that selects a SC, a CP, a DP and the auxiliary verbs, since it shows some characteristics of these verbs. We compare the properties of acabar with some properties of passives in natural languages, as discussed in Jaeggli (1986). Two of the three properties of passives in natural languages are also the properties of unnacusative verbs and, consequently, of raising verbs: i) the NP in the subject position doesnt receive a -role; and ii) the NP in the position of VP doesnt receive structural Case. So, these properties are true not only for the passives, but also for the verb acabar, but in different ways. Then, these constructions can have the same reading, but not the same syntactic structure. It is possible to establish a relation between these passive sentences and the raising structures in which acabar can occur, in spite of the fact that auxiliary verbs and unnacusatives present properties of raising verbs, as discussed in Ferreira (2009). Besides, passives can present some characteristics common to that constructions. Then, we get a similar reading to all of these constructions.
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A inacusatividade na fala de comunidades rurais afro- brasileiras isoladas

Carvalho, Guilhermina Maria Bastos Mendes de January 2006 (has links)
Submitted by Suelen Reis (suziy.ellen@gmail.com) on 2013-05-13T18:34:15Z No. of bitstreams: 1 Dissertacao Guilhermina de Carvalho.pdf: 1949804 bytes, checksum: f16a6247125289fdaeafe457a4a446f6 (MD5) / Approved for entry into archive by Rodrigo Meirelles(rodrigomei@ufba.br) on 2013-05-16T17:15:10Z (GMT) No. of bitstreams: 1 Dissertacao Guilhermina de Carvalho.pdf: 1949804 bytes, checksum: f16a6247125289fdaeafe457a4a446f6 (MD5) / Made available in DSpace on 2013-05-16T17:15:10Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Dissertacao Guilhermina de Carvalho.pdf: 1949804 bytes, checksum: f16a6247125289fdaeafe457a4a446f6 (MD5) Previous issue date: 2006 / Esta dissertação analisa a variação da ordem SV/VS em construções com verbos inacusativos de 18 (dezoito) entrevistas, extraídas do Corpus Base do Dialeto Rural Afro-Brasileiro, da região da Bahia, procurando conciliar uma abordagem sociolingüística variacionista com um aparato teórico gerativista. O corpus analisado reúne três comunidades localizadas em regiões diferentes do estado da Bahia, em que se fixou mão-de-obra escrava: Helvécia, no extremo-sul do Estado; Cinzento, no semi-árido; e Sapé, no Recôncavo Baiano. Assume-se, como objeto de estudo, a perspectiva de uma das ordens, a ordem VS, procurando caracterizar os fatores lingüísticos e extralingüísticos que a condicionam, estes últimos em função de motivações externas (sócio-históricas), ligadas a essas comunidades rurais afro-brasileiras, vivendo em relativo isolamento. A análise estatística demonstra que há fatores sintáticos e semântico-discursivos relevantes no condicionamento da ordem VS, sobrelevando a natureza do verbo inacusativo em relação com o argumento interno que seleciona. Esta análise conclui que as ordens SV e VS não constituem propriamente um caso de variação, mas sim, um fenômeno de configuração heterogênea, em distribuição complementar. / Salvador

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