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O processo de gestar e parir entre os Guajajara da área de abrangência do polo base de Arame, no Estado do Maranhão / The childbearing and giving birth among the Guajajaras in the Arame complex area

LIMA, Dannielle Pinto 30 April 2015 (has links)
Submitted by Rosivalda Pereira (mrs.pereira@ufma.br) on 2017-10-31T17:39:20Z No. of bitstreams: 1 DaniellePintoLima.pdf: 4421246 bytes, checksum: 8f5854008c9b4538576f57e58e82c249 (MD5) / Made available in DSpace on 2017-10-31T17:39:20Z (GMT). No. of bitstreams: 1 DaniellePintoLima.pdf: 4421246 bytes, checksum: 8f5854008c9b4538576f57e58e82c249 (MD5) Previous issue date: 2015-04-30 / Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / This is a qualitative research with an ethnographic approach that aims to study childbearing and giving birth among the Guajajaras in the Arame complex area, in Maranhão State. For this purpose, this study sought to describe the main sociocultural practices and the traditional indigenous care patterns, as well as the therapeutic itinerary of the indigenous pregnant, reports the influence of western medical practices in the universe of Guajajaras women, and identifies the problem-situations of these women in relation to the theme studied. The results show that the process of childbearing and giving birth among the Guajajaras involves sociocultural practices and unique traditional care, with the menarche and the “moqueado feast” as the beginning of this process. The pregnancy is a period of no rituals or specific care. Child birth that in less than three decades ago, in its great majority, was performed in the village, in squatting position, surrounded by people who the pregnant trusted, nowadays is performed mainly in hospitals with the pregnant alone or just with restricted company, in a lithotomy position, and having medical or surgical interventions. In the post-natal period special care is experienced and a series of food and physical restriction happens in 30 to 40 days immediately after the postpartum. The therapeutic itinerary of these women is complex and influenced by many factors like: age, prior personal and/or family experience, difficulties in transportation and communication, precarity in health assistance t o the villages, as well as the incentive to the hospital birth given by the professionals. Among the factors that appear to influence most in the changing occurred in the process of childbearing and giving birth Guajajara over time are: the lengthy time of coexistence with the “non-indigenous” population, the evangelization of the population, the ethnocentric practices of the healthy system, and the apparently fragility of FUNAI’s performance. Even with the use of biomedicine knowledge at some time during the pregnant and puerperal cycle, the majority of the Guajajaras is able to articulate their traditional knowledge with the biomedical technicians. It was concluded that, in one hand the inclusion of new therapeutic resources in this process brought possib le benefits, as the capacity of resolution, and the search for minimization of health risks; on the other hand, it has created risks and damage like the childbearing medicalization. This research reveals an urgent necessity to revise the assistance given to this population in order to provide a secure service, of quality, and that not only consider the sociocultural aspects and the parties involved, but also that the two knowledges can be used harmonically so that the provision of health services can be offered in a decent way. / Trata-se de uma pesquisa qualitativa com abordagens etnográficas, que objetiva estudar o processo de gestar e parir entre os Guajajara da área de abrangência do polo base de Arame, no Estado do Maranhão. Para tanto, buscou-se descrever as principais práticas socioculturais e de cuidados tradicionais indígenas, bem como o itinerário terapêutico das gestantes indígenas e relatar a influência das práticas da medicina ocidental no universo das mulheres Guajajara, e identificar as situações-problema das mesmas em relação ao tema estudado. Os resultados apontam que o processo de gestar e parir entre os Guajajara envolve práticas socioculturais e de cuidados tradicionais singulares, com a menarca e a festa do moqueado marcando o início deste processo. A gravidez não apresenta rituais ou cuidados específicos. Os partos, que há menos de três décadas, em sua maioria, eram realizados na aldeia, de cócoras, cercado de pessoas da confiança da gestante, atualmente, ocorrem majoritariamente no hospital, com a gestante sozinha ou com companhia restrita, em posição de litotomia e com utilização de intervenções medicamentosas ou cirúrgicas. No pós-parto são vivenciados rituais específicos e uma série de restrições alimentares e físicas, durante os 30 a 40 dias de resguardo. O itinerário terapêutico destas mulheres é complexo e influenciado por múltiplos fatores como: idade, experiência anterior pessoal e/ou familiar, dificuldades de transporte e comunicação, precariedades na assistência à saúde nas aldeias, assim como o estímulo ao parto hospitalar dados pelos profissionais. Dentre os fatores que aparentam mais influenciar na mudança ocorrida no processo de gestar e parir Guajajajara, ao longo do tempo está: o extenso tempo de convivência com a população “não indígena”, a evangelização da população, a atuação etnocêntrica do sistema de saúde e a aparente fragilidade da atuação da FUNAI. Mesmo se utilizando os conhecimentos da biomedicina, em algum momento do período gravídico puerperal, a maioria dos Guajajara consegue articular seus saberes tradicionais com os biomédicos. Conclui-se que, se por um lado, a inclusão de novos recursos terapêuticos neste processo trouxe possíveis benefícios, como a capacidade resolutiva, e a busca pela minimização de riscos à saúde, por outro, gerou novos riscos e danos como a medicalização do parto. Esta pesquisa revela uma necessidade urgente de rever a assistência prestada a esta população de modo que seja prestado um serviço seguro, de qualidade e que possa não apenas considerar os aspectos socioculturais e atores envolvidos, mas que de fato os dois saberes possam ser usados harmonicamente para a oferta de serviços de saúde dignos.

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