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Saúde e doença entre os índios Mura de Autazes (Amazonas)Scopel, Daniel January 2007 (has links)
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-graduação em Antropologia / Made available in DSpace on 2012-10-23T15:14:54Z (GMT). No. of bitstreams: 1
244980.pdf: 2856403 bytes, checksum: 3503bf9e56f5dd469da458817930eb27 (MD5) / Esta dissertação é uma etnografia que trata da experiência de adoecer e curar-se, a partir de conceitos analíticos propostos pela Antropologia da Saúde. O objetivo é compreender como a sociedade Mura de Autazes (Amazonas) vivencia a hanseníase e os contextos em que essa experiência decorre. Trata-se de uma etnografia que procura situar experiências individuais e coletivas da doença em um quadro descritivo geral da sociedade Mura, cuja população é de 7.629 habitantes, distribuída em 27 aldeias. Destaca-se que, para a Organização Mundial de Saúde, a hanseníase é um problema de saúde pública no Brasil e o estado do Amazonas é classificado como hiper-endêmico pelo Ministério da Saúde. Do ponto de vista indígena e de suas lideranças, a hanseníase insere-se como problema e preocupação dentro de um conjunto de doenças, cujos diagnósticos e tratamentos relacionam-se diretamente com o Serviço de Saúde Estatal, ainda que, entre os Mura de Autazes, o número absoluto de casos de hanseníase seja pequeno (apenas 3 indivíduos estavam em tratamento no ano de 2006). Os dados apresentados e analisados foram obtidos através de trabalho de campo percorrendo seis aldeias Mura a partir da observação participante e da realização de entrevistas. Estas foram realizadas não apenas com pessoas que estiveram doentes, mas também, com seus familiares, vizinhos, amigos, lideranças e especialistas Mura (pajés, parteiras e herbanários) e, ainda, com profissionais de saúde. Os resultados apontam para a articulação de concepções nativas com práticas biomédicas em que são evocadas causalidades nativas para hanseníase, embora seja o diagnóstico biomédico quem focaliza os sintomas da hanseníase. Há uma percepção nativa que distingue casos antigos e recentes pautada nas mudanças ocorridas na oferta e na forma de tratamento biomédico. A construção social da doença, em seu contexto, dentro das relações sociais Mura, está permeada pelas relações micro-políticas que são estruturadas em torno de relações de parentesco (reciprocidade e co-substancialidade) estabelecendo e reestruturando estas mesmas relações.
This dissertation is about experience of being ill and cure. It is based on analytic concepts proposed by the Anthropology of Health. It aims to understand how individuals of Mura's society of Autazes (Amazonas-Brazil) experiences "hanseníase" (leprosy) and the contexts that the experience happens. It is an ethnography that seeks to situate the individual and collective experiences of the illness in a descriptive frame of the Mura's society, whose population is about 7.629 inhabitants, distributed in 27 villages. For the World Health Organization, leprosy is a problem of public health in Brazil. The State of Amazonas is classified like hiperendemic by the Ministério da Saúde (Brazilian National Department of the Health). From the native point of view and for his leaders, "hanseníase" inserts itself as problem and worry inside a set of diseases, whose diagnoses and treatment are related directly with the Public Services of Health. Between the Mura, the absolute number of leprosy cases is small (only 3 individuals were under treatment in 2006). The data presented and analyzed here were obtained through a fieldwork carried out at six Mura villages through participant observation and interviews. These were carried out not only with persons that were patients, but also with their relatives, neighbors, friends, traditional leaders and Mura specialists (medicine men, midwives and people who knows medicine plants) and also professionals of health. The results point to the articulation of native conceptions with biomedical practices, which are evoked in natives causalities for "hanseníase", although is the biomedic diagnosis that focuses the symptoms of the "hanseníase". There is a perception that distinguishes the recent cases of the old cases, based on changes occurred in the offer and in the form of biomedic treatment. The social construction of the illness in a especific social context, inside the Mura´s social relations, is penetrated by the micro-political relations that are structured around relationship (thought reciprocity and co-substanciality) establishing and re-structuring these same relations.
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