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A RECEPÇÃO DE FREGE DA NOÇÃO KANTIANA DE EXISTÊNCIA / FREGE S RECEPTION OF THE KANTIAN NOTION OF EXISTENCE

Vaz, Bruno Rafaelo Lopes 13 February 2006 (has links)
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / In this work the relationship between two famous conceptions of existence is investigated. The first, proposed by Kant, excludes the concept of existence from the set of possible predicates or properties of objects. The second, later proposed by Frege, treats the concept of existence as a higher-level predicate, i.e., it presents this concept as a predicate of predicates rather than as a predicate of objects. A closer look at these conceptions reveals, however, that despite this similarity it would be premature to identify their conceptions, because there are differences with regard to the systems in which they are embedded as well as differences with regard to the aims that they pursue. The present work tries to show that Kant developed his conceptions of the concept of existence in an epistemological context whose aim was, as he makes clear in his opus magnum, to warrant the claim that every knowledge should have besides a conceptual element also a counterpart arising from the intuition. Frege, on the other hand, develops his conception in a basically logical context, in which the treatment of expressions is submitted to strong rigor. The aim of the present work is to compare Kant s and Frege s approaches in order to answer the question whether there are significant differences between their characterizations of the concept of existence and, if so, which ones. One important result of the present work is that the differences in their positions are consequences of some differences between the contexts in which they are developed. Another result is that their conceptions include some common theses, such as the claim that the concept of existence is not a concept that can be used to characterize an object, or the claim that existential statements constitute an odd type of judgement whose appearance in natural languages suggests an erroneous reading of them. On the other hand, however, there are significant differences between the positions advocated by Kant and Frege as, for instance, differences with regard to the possibility of deriving statements of existence from the analysis of concepts, a possibility that is categorically denied by Kant but admitted, with some qualifications, by Frege. The third important result finally is that Frege s conception of existence must be regarded as an improvement, not as a mere repetition, of Kant s conception. / Este trabalho apresenta um estudo da relação entre duas célebres abordagens do conceito de existência. A primeira, apresentada por Kant, exclui o conceito de existência do conjunto dos possíveis predicados ou propriedades de objetos. A segunda, apresentada mais tarde por Frege, trata o conceito de existência como um predicado de nível superior, i.e., apresenta o conceito como um predicado de predicados, e não como um conceito que se aplica diretamente a objetos. Apesar de ambas abordagens se parecerem muito entre si, um estudo mais aprofundado de ambas servirá para mostrar que a diferença entre os sistemas teóricos em que se inserem, bem como entre os objetivos que visavam, sugerem que seria precipitado identificá-las. Tentar-se-á mostrar, neste trabalho, que Kant desenvolve suas concepções a respeito deste conceito num contexto epistemológico, tendo em vista, como fica claro na sua opus magnum, garantir o requisito de que todo conhecimento deve ter, além do elemento conceitual, também uma contraparte advinda da intuição. Frege, por sua vez, apresenta suas teses a respeito do tema dentro de um contexto basicamente lógico, onde se fazia necessária uma rigorização do tratamento das expressões que compõem a linguagem. O objetivo do presente trabalho consiste em estudar a abordagem de cada autor separadamente, e, em seguida, comparar as duas abordagens a fim de mostrar se existem diferenças significativas entre as caracterizações que ambos deram ao conceito de existência, e, em caso positivo, mostrar quais seriam estas diferenças. Dentre os principais resultados a que se chegou, destacam-se as diferenças que as posições dos autores possuem; diferenças sugeridas pela diferenciação entre os contextos de apresentação da temática nos dois autores. Também se destaca a equivalência das teses de ambos em alguns aspectos, como por exemplo, a tese segundo a qual o conceito de existência não se encontra entre os conceitos que podem servir para caracterizar um objeto, ou a alegação de que os enunciados existenciais constituem um tipo único de juízo, cuja aparência nas linguagens naturais sugere uma leitura errônea dos mesmos. Deve-se mencionar, por outro lado, a diferença significativa de posições de Kant e Frege em outros aspectos, como no que tange à possibilidade de se derivar existência por meio de análise conceitual, possibilidade negada categoricamente por Kant e admitida, com algumas ressalvas, por Frege. Por fim, destaca-se a possibilidade de se interpretar as teses de Frege como um aperfeiçoamento, mas não como uma mera repetição, das teses de Kant.

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