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A poética do detalhe no episódio da lanterna mágica em À la recherche du temps perdu / The poetic detail in the magic lantern episode of A la recherche du temps perdu

Leandro, João Gonçalves Vilela 07 April 2015 (has links)
A fortuna crítica de À la recherche du temps perdu sempre teve como um dos seus principais motes a relação da obra com outras artes, ou seja, uma construção estética baseada em uma relação de homologia estrutural com outros sistemas artísticos, dentre eles a música, a arquitetura, a própria literatura e a pintura. Essa construção faz com que a obra venha constantemente acompanhada do epíteto de museu imaginário. Especificamente, o nome do pintor holandês Johannes Ver Meer tem um lugar privilegiado na estética proustiana. Entretanto, nem todas as telas são mencionadas ao longo da narrativa. Somada a isso, a tessitura da escritura de Marcel Proust revela-se como um saber fortemente indiciário. Assim, a partir de índices que percorrem epístolas de Proust, textos críticos e a própria narrativa de À la recherche du temps perdu, esta tese cujo recorte de leitura é especificamente o episódio da lanterna mágica e seus desdobramentos defende que uma das telas de Ver Meer, a saber, A arte da pintura, é uma ausência epistêmica que, no entanto, faz-se presente, deixando inscritos na obra seus efeitos de significação. A fim de compreendermos essa presença-ausente, esta tese recorre ao conceito de letra, conforme o ensino de Jacques Lacan, os textos freudianos nos quais esse conceito estava em latência e os esclarecimentos e avanços feitos por Jacques Derrida, especificamente em seus textos da década de sessenta do século passado. Por efeitos de significação, concebe-se a ideia de que A arte da pintura realiza-se como uma ideia ausente, mas pungente no que tange aos efeitos estéticos de esmero do detalhe e dos processos descritivos, implicando uma relação de similitude entre o narrador em seu quarto, em lincipit de À la recherche du temps perdu e no episódio da lanterna mágica, e um artista em seu ateliê, presente na tela de Ver Meer, que incidirá em uma poética do detalhe. / The critical fortune of À la Recherche du Temps Perdu has always had, as one of its main threads, the relationship of work with other art forms, in other words, an aesthetic construction based on a relationship of structural homology with other Arts, including music, architecture, literature itself and painting. This ensures that the work is constantly accompanied by the epithet of the imaginary museum. Specifically, the name of the Dutch painter Johannes Ver Meer has a privileged place in the Proustian aesthetic. Nevertheless, not all canvases are mentioned during the narrative. Added to this, the tone of the Marcel Proust text reveals itself as a clear, evidentiary wisdom. Therefore, from indices that permeate the Proust missives, critical texts and the narrative of À la Recherche du Temps Perdu, this thesis, the scope of which is limited specifically to the episode of the Magic Lantern and its ramifications, argues that one of Ver Meers canvases, namely that of the Art of Painting, is epistemically absent, however it makes its presence felt through its effects of significance on the piece. In order to understand this absent-presence, this thesis uses the concept of the letter, according to the teachings of Jacques Lacan, Freudian texts in which this concept was latent, and in the clarifications and advances made by Jacques Derrida in his writings of the 1960s. For purpose of meaning, one has conceived the idea that The Art of Painting be like a missing yet poignant idea touching the aesthetic effects of minute detail and of the descriptive processes, implying an affinity in relationship between the narrator in his chamber, in l\'incipit of la Recherche du Temps Perdu and the episode of the Magic Lantern, and the artist in his studio, present on Ver Meers canvas, reflected in a poetic detail.
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A poética do detalhe no episódio da lanterna mágica em À la recherche du temps perdu / The poetic detail in the magic lantern episode of A la recherche du temps perdu

João Gonçalves Vilela Leandro 07 April 2015 (has links)
A fortuna crítica de À la recherche du temps perdu sempre teve como um dos seus principais motes a relação da obra com outras artes, ou seja, uma construção estética baseada em uma relação de homologia estrutural com outros sistemas artísticos, dentre eles a música, a arquitetura, a própria literatura e a pintura. Essa construção faz com que a obra venha constantemente acompanhada do epíteto de museu imaginário. Especificamente, o nome do pintor holandês Johannes Ver Meer tem um lugar privilegiado na estética proustiana. Entretanto, nem todas as telas são mencionadas ao longo da narrativa. Somada a isso, a tessitura da escritura de Marcel Proust revela-se como um saber fortemente indiciário. Assim, a partir de índices que percorrem epístolas de Proust, textos críticos e a própria narrativa de À la recherche du temps perdu, esta tese cujo recorte de leitura é especificamente o episódio da lanterna mágica e seus desdobramentos defende que uma das telas de Ver Meer, a saber, A arte da pintura, é uma ausência epistêmica que, no entanto, faz-se presente, deixando inscritos na obra seus efeitos de significação. A fim de compreendermos essa presença-ausente, esta tese recorre ao conceito de letra, conforme o ensino de Jacques Lacan, os textos freudianos nos quais esse conceito estava em latência e os esclarecimentos e avanços feitos por Jacques Derrida, especificamente em seus textos da década de sessenta do século passado. Por efeitos de significação, concebe-se a ideia de que A arte da pintura realiza-se como uma ideia ausente, mas pungente no que tange aos efeitos estéticos de esmero do detalhe e dos processos descritivos, implicando uma relação de similitude entre o narrador em seu quarto, em lincipit de À la recherche du temps perdu e no episódio da lanterna mágica, e um artista em seu ateliê, presente na tela de Ver Meer, que incidirá em uma poética do detalhe. / The critical fortune of À la Recherche du Temps Perdu has always had, as one of its main threads, the relationship of work with other art forms, in other words, an aesthetic construction based on a relationship of structural homology with other Arts, including music, architecture, literature itself and painting. This ensures that the work is constantly accompanied by the epithet of the imaginary museum. Specifically, the name of the Dutch painter Johannes Ver Meer has a privileged place in the Proustian aesthetic. Nevertheless, not all canvases are mentioned during the narrative. Added to this, the tone of the Marcel Proust text reveals itself as a clear, evidentiary wisdom. Therefore, from indices that permeate the Proust missives, critical texts and the narrative of À la Recherche du Temps Perdu, this thesis, the scope of which is limited specifically to the episode of the Magic Lantern and its ramifications, argues that one of Ver Meers canvases, namely that of the Art of Painting, is epistemically absent, however it makes its presence felt through its effects of significance on the piece. In order to understand this absent-presence, this thesis uses the concept of the letter, according to the teachings of Jacques Lacan, Freudian texts in which this concept was latent, and in the clarifications and advances made by Jacques Derrida in his writings of the 1960s. For purpose of meaning, one has conceived the idea that The Art of Painting be like a missing yet poignant idea touching the aesthetic effects of minute detail and of the descriptive processes, implying an affinity in relationship between the narrator in his chamber, in l\'incipit of la Recherche du Temps Perdu and the episode of the Magic Lantern, and the artist in his studio, present on Ver Meers canvas, reflected in a poetic detail.

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