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“ANGOLA É UM PAÍS DE PRETOS!”?: RELAÇÕES RACIAIS, DISPOSIÇÕES DE PODER E FIGURAÇÕES IDENTITÁRIAS EM FILHOS DA PÁTRIA, DE JOÃO MELOSantos, Kelly Ane Evangelista January 2016 (has links)
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Kelly Ane Evangelista Santos -Dissertação definitiva 21- 02 - 2017.pdf: 1091598 bytes, checksum: c6bb4efa610a2c95ca1223a0db515dae (MD5) / A presente dissertação examina as figurações do negro, do mestiço e do branco flagradas no livro de contos Filhos da Pátria, do escritor angolano João Melo, no plano de relações inter-raciais e transnacionais, e os modos pelos quais tais procedimentos se relacionam a diferentes propostas de construção e de desconstrução das noções de identidade individual, coletiva e nacional de Angola. Investigam-se as formas como as estratégias discursivas identificadas na obra problematizam as imagens das diferentes categorias raciais cristalizadas no imaginário social angolano e a maneira como essas imagens, na pós-independência, contribuem para a reiteração de uma ambiência marcada pela continuidade de conflitos sociais, étnicos e raciais característicos da colonização, e,em grande parte, atrelada à intervenção de instituições de poder e de sujeitos cujas visões construídas de si mesmo, do outro e do mundo são, ainda, reguladas por valores e conceitos que compuseram o imaginário colonial.A análise tenta elucidar as motivações e objetivos existenciais, políticos e culturais que estariam enunciados e presentes na obra, mediante um dado projeto estético e político autoral. O estudo é desenvolvido a partir da apreciação das vozes de narradores e de personagens estabelecendo-se articulações com discursos críticos e teóricos do âmbito dos estudos literários e da crítica cultural, ancorados na literatura, história, sociologia, filosofia africanas e ocidentais, e em textos não literários publicados pelo autor.As principais deduções apontam para a construção de um discurso que propõe a constante necessidade de reflexão crítica acerca de concepções múltiplas e consequentes de uma pretendida identidade negra,questionando discursos homogeneizantes e essencialistas segundo os quais a negritude, enquanto signo identitário, pode traduzir exclusivamente as identidades culturais e nacionais de Angola. Desta forma, o escritor defende também a necessidade de reconhecimento da existência de diferentes identidades coletivas no interior da sociedade angolana, o que configura, de modo transversal nas narrativas analisadas, a formulação de um projeto literário e político de base multiculturalista a promover uma peculiar proposta de construção de identidades nacionais multirraciais e multiculturais para a Angola contemporânea. / Esta disertación examina las figuraciones del negro, del mestizo y del blanco formuladas en el libro de cuentos Filhos da Patria, del escritor angoleño João Melo, en términos de las relaciones interraciales y transnacionales, y los modos en que tales procedimientos se refieren a diferentes propuestas de construcción y deconstrucción de los conceptos de identidad individual, colectiva y nacional de Angola. Se investigan las formas con las que las estrategias discursivas identificadas en la obra problematizan las imágenes de diferentes categorías raciales cristalizadas en el imaginario social angoleño y la forma en que estas imágenes, en el periodo posterior a la independencia, contribuyen para la reiteración de una atmósfera marcada por la continuidad de los conflictos sociales, étnicos y raciales característicos de la colonización, y, vinculada, en gran medida, a la intervención de las instituciones de poder y de individuos cuyas visiones construidas sobre sí mismo, el otro y el mundo siguen siendo reguladas por valores y conceptos que compusieron el imaginario colonial. El análisis trata de aclarar las motivaciones y objetivos existenciales, políticos y culturales que estarían enunciados y presentes en la obra, mediante un determinado proyecto estético y político del autor. El estudio fue desarrollado por medio del examen de las voces de los narradores y de los personajes mediante el establecimiento de articulaciones con los discursos críticos y teóricos del ámbito de los estudios literarios y la crítica cultural, anclados en la literatura, la historia, la sociología, las filosofías africanas y occidentales, y en los textos no literarios publicados por el autor. Las principales deducciones apuntan para la construcción de un discurso que propone la constante necesidad de reflexionar acerca de las múltiples y consecuentes concepciones de una deseada identidad negra, cuestionando discursos homogeneizadores y esencialistas según los cuales la negritud, comprendida como signo de identidad, puede traducir, exclusivamente, las identidades culturales y nacionales de Angola. De este modo, el escritor también defiende la necesidad de reconocer la existencia de diferentes identidades colectivas dentro de la sociedad angoleña, lo que conforma, transversalmente en las narrativas analizadas, la formulación de un proyecto literario y político de base multiculturalista con el objetivo de promover una peculiar propuesta de construcción de identidades nacionales y multirraciales en la Angola contemporánea.
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