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\"É uma sensação de vácuo...\": contribuições da sociologia da mobilidade sobre o uso da bicicleta na cidade de São Paulo / \"It feels like being pushed in...\": contributions of sociology of mobility on bicycle use in the in the city of São PauloAbilio, Carolina Cássia Conceição 13 July 2018 (has links)
O uso da bicicleta na cidade de São Paulo para fins de deslocamento não é um fenômeno novo e muito menos trazido e/ou baseado sobre infraestrutura existente. Ciclistas enfrentam as ruas da cidade há mais de 10 anos, e tem tido influências crescentes na participação de políticas públicas de mobilidade que concernem a bicicleta. Contudo, fato é que a inclusão da bicicleta como peça-chave no desenho de políticas municipais durante os anos de 2012-2016 deu visibilidade acadêmica, social, econômica e cultural à bicicleta. Essa emersão deu margem à uma onda de novos ciclistas e impactou concretamente o cenário da bicicleta urbana na cidade. Essa pesquisa contemplou dois objetivos: o primeiro deles compreender como a bicicleta é utilizada pelos diversos atores sociais da cidade, e o impacto disso com relação à estilos de vida, sociabilidades, apropriação do espaço urbano, e o aspecto intrinsicamente corporal que tangencia essa experiência. O segundo objetivo foi a construção empírica diferenciada de um problema de pesquisa contemporâneo norteado pelo Paradigma das Novas Mobilidades e os Métodos Móveis, amparado no campo do conhecimento recente da Sociologia da Mobilidade. Ao contrário do discurso predominante relacionado à bicicleta, no qual se associa o \"novo\" modal à liberdade, simplicidade, economia, facilidade e praticidade, os resultados encontrados apontam que isso é apenas uma faceta da experiência vivida por ciclistas em uma cidade com alto índice de desigualdade como São Paulo, circunscrita a um grupo de ciclistas que circulam em determinados espaços sociais. Fazendo uso do conceito de motilidade surgido a partir de uma visão crítica pautada no Paradigma das Novas Mobilidades, é argumentado que embora a bicicleta tenha sido associada nos últimos anos com liberdade e direito à cidade por parte de seus usuários, em muitos casos a experiência que se tem da cidade sob essa perspectiva é agressiva, desconfortável, perigosa e nociva à saúde. A bicicleta é o instrumento único por meio da qual uma parcela empobrecida da população, moradora de regiões periféricas, é capaz de acessar trabalho, lazer, bens e serviços da cidade. Por outro lado, moradores de bairros centrais usufruem da maior porcentagem da infraestrutura cicloviária existente, e utilizam a bicicleta como mais uma modalidade de transporte em seu leque de opções. A pesquisa também possibilitou algumas inovações metodológicas, na forma de uma ferramenta desenvolvida para a coleta dos dados. Por fim, ao pensar no planejamento de uma política pública que concerne o Sistema de Mobilidade Urbana, é necessário pautar a bicicleta como sendo um mais um dispositivo inserido dentro de sistema coletivo de transportes que não abarcou a tempo o crescimento exponencial da cidade e de sua região metropolitana, tornando-o desconexo, obsoleto e à margem das necessidades cotidianas de seus usuários. Para que os benefícios da bicicleta possam impactar em grande escala a população da cidade, é essencial que ela seja pensada e planejada como um elemento na complexa rede de mobilidade da cidade de São Paulo - em meio a sistemas de transporte sobre trilhos, ônibus, automóveis particulares, e mobilidade a pé -, e não apenas como um dispositivo que margeia esse sistema. / The use of the bicycle in the city of São Paulo for purposes of mobility is not a new phenomenon, much less brought and/or based on existing infrastructure. Cyclists have faced the city streets for more than 10 years, and have had growing influence in the participation of public mobility policies concerning cycling. However, the inclusion of cycling as a key element in the design of municipal policies during the years 2012-2016 gave academic, social, economic and cultural visibility to the bicycle. This emergence gave way to a wave of new cyclists and affected the urban bike scene in the city. This research contemplated two objectives: the first one was to understand how the bicycle is used by the various social actors of the city, and its impact regarding lifestyles, sociabilities, appropriation of urban space, and the intrinsically corporal aspect that tangents the cycling experience. The second objective was the differentiated empirical construction of a contemporary research problem guided by the New Mobilities Paradigm and the Mobile Methods, supported by the recent field of knowledge of the Sociology of Mobility. Unlike the predominant discourse related to the bicycle, in which the \"new\" modal is associated with freedom, simplicity, economy, ease, and practicality, the results found point out that this is only one facet of the experience of cyclists in a city with a high index of inequality as São Paulo, circumscribed to a group of cyclists that circulate in certain social spaces. Making use of the concept of motility arising from a critical view based on the New Mobilities Paradigm, it is argued that although the bicycle has been associated in recent years with freedom and right to the city by its users, in many cases the city experience by cycling is aggressive, uncomfortable, dangerous and harmful to health. The bicycle is the only instrument through which an impoverished portion of the population, living in peripheral regions, is able to access work, leisure, goods, and services of the city. On the other hand, residents of central districts enjoy the largest percentage of existing bicycle infrastructure and use the bicycle as another mode of transportation in their range of options. The research also enabled some methodological innovations, in the form of a tool developed for data collection. Finally, when thinking about the planning of a public policy that concerns the Urban Mobility System, it is necessary to pinpoint the bicycle as one more device inserted within a collective transportation system that did not include the exponential growth of the city and its metropolitan region, making it disconnected, obsolete and at the margin of the daily needs of its users. In order for the bicycle\'s benefits to impact the city\'s population on a large scale, it is essential that it be designed and planned as an element adding to the complex mobility network of São Paulo - amid transport rail systems, buses, private cars, and walk -, and not simply as a tool that serves this systems.
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\"É uma sensação de vácuo...\": contribuições da sociologia da mobilidade sobre o uso da bicicleta na cidade de São Paulo / \"It feels like being pushed in...\": contributions of sociology of mobility on bicycle use in the in the city of São PauloCarolina Cássia Conceição Abilio 13 July 2018 (has links)
O uso da bicicleta na cidade de São Paulo para fins de deslocamento não é um fenômeno novo e muito menos trazido e/ou baseado sobre infraestrutura existente. Ciclistas enfrentam as ruas da cidade há mais de 10 anos, e tem tido influências crescentes na participação de políticas públicas de mobilidade que concernem a bicicleta. Contudo, fato é que a inclusão da bicicleta como peça-chave no desenho de políticas municipais durante os anos de 2012-2016 deu visibilidade acadêmica, social, econômica e cultural à bicicleta. Essa emersão deu margem à uma onda de novos ciclistas e impactou concretamente o cenário da bicicleta urbana na cidade. Essa pesquisa contemplou dois objetivos: o primeiro deles compreender como a bicicleta é utilizada pelos diversos atores sociais da cidade, e o impacto disso com relação à estilos de vida, sociabilidades, apropriação do espaço urbano, e o aspecto intrinsicamente corporal que tangencia essa experiência. O segundo objetivo foi a construção empírica diferenciada de um problema de pesquisa contemporâneo norteado pelo Paradigma das Novas Mobilidades e os Métodos Móveis, amparado no campo do conhecimento recente da Sociologia da Mobilidade. Ao contrário do discurso predominante relacionado à bicicleta, no qual se associa o \"novo\" modal à liberdade, simplicidade, economia, facilidade e praticidade, os resultados encontrados apontam que isso é apenas uma faceta da experiência vivida por ciclistas em uma cidade com alto índice de desigualdade como São Paulo, circunscrita a um grupo de ciclistas que circulam em determinados espaços sociais. Fazendo uso do conceito de motilidade surgido a partir de uma visão crítica pautada no Paradigma das Novas Mobilidades, é argumentado que embora a bicicleta tenha sido associada nos últimos anos com liberdade e direito à cidade por parte de seus usuários, em muitos casos a experiência que se tem da cidade sob essa perspectiva é agressiva, desconfortável, perigosa e nociva à saúde. A bicicleta é o instrumento único por meio da qual uma parcela empobrecida da população, moradora de regiões periféricas, é capaz de acessar trabalho, lazer, bens e serviços da cidade. Por outro lado, moradores de bairros centrais usufruem da maior porcentagem da infraestrutura cicloviária existente, e utilizam a bicicleta como mais uma modalidade de transporte em seu leque de opções. A pesquisa também possibilitou algumas inovações metodológicas, na forma de uma ferramenta desenvolvida para a coleta dos dados. Por fim, ao pensar no planejamento de uma política pública que concerne o Sistema de Mobilidade Urbana, é necessário pautar a bicicleta como sendo um mais um dispositivo inserido dentro de sistema coletivo de transportes que não abarcou a tempo o crescimento exponencial da cidade e de sua região metropolitana, tornando-o desconexo, obsoleto e à margem das necessidades cotidianas de seus usuários. Para que os benefícios da bicicleta possam impactar em grande escala a população da cidade, é essencial que ela seja pensada e planejada como um elemento na complexa rede de mobilidade da cidade de São Paulo - em meio a sistemas de transporte sobre trilhos, ônibus, automóveis particulares, e mobilidade a pé -, e não apenas como um dispositivo que margeia esse sistema. / The use of the bicycle in the city of São Paulo for purposes of mobility is not a new phenomenon, much less brought and/or based on existing infrastructure. Cyclists have faced the city streets for more than 10 years, and have had growing influence in the participation of public mobility policies concerning cycling. However, the inclusion of cycling as a key element in the design of municipal policies during the years 2012-2016 gave academic, social, economic and cultural visibility to the bicycle. This emergence gave way to a wave of new cyclists and affected the urban bike scene in the city. This research contemplated two objectives: the first one was to understand how the bicycle is used by the various social actors of the city, and its impact regarding lifestyles, sociabilities, appropriation of urban space, and the intrinsically corporal aspect that tangents the cycling experience. The second objective was the differentiated empirical construction of a contemporary research problem guided by the New Mobilities Paradigm and the Mobile Methods, supported by the recent field of knowledge of the Sociology of Mobility. Unlike the predominant discourse related to the bicycle, in which the \"new\" modal is associated with freedom, simplicity, economy, ease, and practicality, the results found point out that this is only one facet of the experience of cyclists in a city with a high index of inequality as São Paulo, circumscribed to a group of cyclists that circulate in certain social spaces. Making use of the concept of motility arising from a critical view based on the New Mobilities Paradigm, it is argued that although the bicycle has been associated in recent years with freedom and right to the city by its users, in many cases the city experience by cycling is aggressive, uncomfortable, dangerous and harmful to health. The bicycle is the only instrument through which an impoverished portion of the population, living in peripheral regions, is able to access work, leisure, goods, and services of the city. On the other hand, residents of central districts enjoy the largest percentage of existing bicycle infrastructure and use the bicycle as another mode of transportation in their range of options. The research also enabled some methodological innovations, in the form of a tool developed for data collection. Finally, when thinking about the planning of a public policy that concerns the Urban Mobility System, it is necessary to pinpoint the bicycle as one more device inserted within a collective transportation system that did not include the exponential growth of the city and its metropolitan region, making it disconnected, obsolete and at the margin of the daily needs of its users. In order for the bicycle\'s benefits to impact the city\'s population on a large scale, it is essential that it be designed and planned as an element adding to the complex mobility network of São Paulo - amid transport rail systems, buses, private cars, and walk -, and not simply as a tool that serves this systems.
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