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Acessando representações mentais para predizer estímulos: como crenças modulam sinais cerebrais

Perera, Ricardo Augusto 03 March 2017 (has links)
Submitted by Silvana Teresinha Dornelles Studzinski (sstudzinski) on 2017-05-09T13:37:10Z No. of bitstreams: 1 Ricardo Augusto Perera_.pdf: 6032138 bytes, checksum: a3f62ff5aeb1298ea332f8079b47bee9 (MD5) / Made available in DSpace on 2017-05-09T13:37:10Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Ricardo Augusto Perera_.pdf: 6032138 bytes, checksum: a3f62ff5aeb1298ea332f8079b47bee9 (MD5) Previous issue date: 2017-03-03 / CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior / Utilizando o framework teórico denominado Predictive Processing (Clark, 2013), que assume que cérebros são essencialmente máquinas que predizem seus próximos inputs e o fazem minimizando o erro de predição (diferença entre o input previsto e o recebido) de modo semelhante a uma inferência bayesiana, procurou-se, nesta dissertação, encontrar padrões de atividade eletrofisiológica que sinalizassem o recrutamento de crenças epistêmicas. Conjecturou-se que enquanto frases são lidas, representações de estados de coisas e eventos são mentalmente modeladas de modo gradual e preditivo, e que os estímulos vindouros são antecipados com base naquilo que se afigura “o mais provável” em termos epistêmicos, semânticos, sintáticos, léxicos e perceptuais. Devido ao fato de já serem conhecidas as respostas eletrofisiológicas que são moduladas por violações de expectativa dos níveis semântico, sintático, léxico e perceptual, assim como o preciso intervalo temporal em que se manifestam, foi possível estudar como a expectativa gerada por crenças modula os sinais cerebrais. Os experimentos realizados no Laboratório de Filosofia Experimental e Estudos da Cognição, localizado na UNISINOS, apresentavam frases em um monitor (palavra por palavra) que aludiam a fatos conhecidos apenas por um grupo de participantes (filósofos), estruturadas de modo que apenas uma única palavra, aparecendo no final de cada sentença, fosse capaz de as tornar verdadeiras (e.g. “Teeteto é um diálogo escrito por Platão”). O modelo proposto assume que, antes de aparecer a palavra final, o significado dos termos é acessado (no caso exemplificado, um texto específico e uma relação), um estado de coisas representado (i.e. existir um x tal que x escreveu Teeteto), e uma busca iniciada pelo melhor candidato a x, tendo as crenças do sujeito como alvo do rastreio. A crença relevante é então recrutada e a representação do x identificado (Platão) acessada. Informações sobre a melhor predição semântica (o filósofo Platão) são utilizadas para selecionar o mais provável item léxico que tenha Platão como significado. Os participantes aos quais eram atribuídas crenças filosóficas apresentaram Event-Related Potentials correlacionados a processamento léxico-semântico significativamente diferentes dos participantes do grupo dos não-filósofos. Considerando que a única diferença relevante entre os dois grupos era a conjecturada posse ou ausência de determinadas crenças, os resultados foram interpretados como sinalizando o recrutamento de crenças em processos preditivos subjacentes à compreensão textual. Os resultados contrariam posições eliminativistas que consideram que o vocabulário mentalista acerca de crenças, intenções e desejos carece de significado, uma vez que a diferença encontrada sugere que de fato há algo em cérebros que é denotado por meio dessas expressões (ainda que de modo vago e grosseiro) e que está a modular os sinais. Ainda que não compreendamos prontamente o exato modo como se efetiva a instanciação de crenças por cérebros, podemos estudar o modo como elas são recrutadas e integram diversos processos cognitivos (i.e. seus papéis causais). / Using the theoretical framework called Predictive Processing (Clark, 2013), which assumes that brains are essentially machines that predict their next inputs and do so by minimizing prediction error (difference between predicted and received input) similar to a Bayesian inference, it was sought, in this dissertation, to find patterns of electrophysiological activity that signal the recruitment of epistemic beliefs. It has been conjectured that as sentences are read, representations of states of affairs and events are mentally modeled in a gradual and predictive fashion, and that the upcoming stimuli are anticipated on the basis of what appears to be "most likely" in epistemic, semantic, syntactic, lexical and perceptual terms. Due to the fact that the electrophysiological responses that are modulated by violations of expectation of the semantic, syntactic, lexical and perceptual levels are known, as well as the precise time interval in which they are manifested, it was possible to study how the expectation generated by beliefs modulates the cerebral signals. The experiments carried out in the Laboratory of Experimental Philosophy and Studies of Cognition, located at UNISINOS, presented sentences on a monitor (word by word) that alluded to facts known only by a group of participants (philosophers), structured in a way that only a single word, appearing at the end of each sentence, would be able to make them true (e.g. "Theaetetus is a dialogue written by Plato"). The proposed model assumes that, before the final word appears, the meaning of the terms is accessed (in the exemplified case, a specific text and a relation), a state of affairs represented (i.e. there is an x such that x wrote Theaetetus), and a search initiated to find the best candidate for x, taking the subject's beliefs as the target of tracking. The relevant belief is then recruited and the representation of the identified x (Plato) accessed. Information on the best semantic prediction (the philosopher Plato) is used to select the most likely lexical item that has Plato as meaning. Participants for which philosophical beliefs were ascribed presented Event-Related Potentials correlated to lexical-semantic processing significantly different from participants in the non-philosophers group. Considering that the only relevant difference between the two groups was the conjectured possession or absence of certain beliefs, the results were interpreted as signaling the recruitment of beliefs in predictive processes underlying textual comprehension. The results contradict eliminativist positions that consider that the mentalist vocabulary about beliefs, intentions, and desires is meaningless, since the difference found suggests that there is indeed something in brains that is denoted by these expressions (albeit vaguely and coarse) and that is modulating the signals. Although we do not readily understand exactly how belief instantiation by brains is effective, we can study how they are recruited and integrate various cognitive processes (i.e. their causal roles).

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