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Discurso como prática de transformação social: o político e o pedagógico na educação intercultural PankakáBARBALHO, José Ivamilson Silva 31 January 2012 (has links)
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Previous issue date: 2012 / FACEPE / Nosso estudo analisa o lugar do discurso como prática de transformação social,
baseado nos pressupostos conceituais e analíticos instituídos por Norman Fairclough
(mudança discursiva em relação à mudança social e cultural); as repercussões de sentido sobre
o papel da escola para os povos indígenas do Nordeste; a influência e profusão do debate
acadêmico quanto aos muitos significados e representações da educação diferenciada,
pleiteada pelos povos indígena do país; a relevância da perspectiva intercultural da educação
no campo da diversidade cultural e os processos de formações discursivas e interdiscursivas
no âmbito da práxis político-pedagógica desenvolvida por professores/as e lideranças do povo
Pankará.
Argumenta-se, nesta tese, que práticas discursivas estabelecem conexões com formações
discursivas, gerando novas práticas, em torno de determinados campos de saber e poder. Tal
partilhamento pode favorecer, inclusive, sistemas discursivos a favor da participação dos
sujeitos, na luta por direitos fundamentais e pela implementação de projetos educacionais
congruentes. Trata-se, entre outras coisas, de uma análise que procura explicitar a prática dos
educadores/as Pankará, a partir do lugar social requerido a educação; as muitas respostas a
discursividade da identidade cultural; a ação conscientizadora realizada por tais atores no
interior de suas escolas; e as proposições/propostas/projetos em educação diferenciada
orientados para assegurar maior legimitidade e autonomia no plano das atividades políticopedagógicas.
Nesse sentido, definimos a educação intercultural Pankará (e suas implicações
epistemológicas) como parte de um movimento social e cultural destinado a promover
mudanças no sistema educacional vigente, de modo a favorecer, no seio da comunidade
educativa, o desenvolvimemto de valores, posturas, atitudes e conhecimentos necessários para
atuarem vivamente, seja dentro de sua cultura étnica, seja próximo da sociedade circundante,
(res)situando-os em contextos próprios ou diferentes.
Defendemos nessa tese que o conjunto de ações perspectivadas e delineadas por
professores/as Pankará tem se caracterizado como discurso e prática de transformação social,
conferindo aos processos de educação (relativas à prática pedagógica desencadeadas em salas
de aula), uma dimensão excepcional, factível ao projeto de sociedade instituído pela
comunidade indígena; que as demandas de educação escolar em andamento (perspectivas
didático-metodológicas), mostram ser possível desenvolver um sistema educacional alternativo,
enquanto movimento ativo de linguagens, rupturas e produção de sentido. Tal posicionamento
busca se configurar numa maneira particular de prática de transformação social, sob mote de
formações discursivas, posicionando e reposicionando constantemente seus principais
consecutores/as. Isso supõe localizar, no plano dos argumentos delineados nessa investigação,
as “opções” dos sujeitos por relações interculturais, em oposição de assimetrias ideológicas e
políticas. Por fim, arguimos que há entre esses atores, ampla, profunda e crescente consciência
política, ancorada por um intenso, porém renovado, compromisso com valores democráticos
populares, prefigurados no espírito de construção e realização de uma sociedade cada vez mais
justa, solidária, livre da dominação e exploração econômica ou cultural; projeto, porquanto, que
se encontra intimamente ligado aos apelos específicos da educação escolar Pankará.
Ressaltamos, assim, como maneira de incorporar o discurso na perspectiva da educação
intercultural Pankará, se faz necessário compreender as principais necessidades educativas dos
sujeitos da pesquisa.
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