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\"Estudo de mutações do gene OTOF em pacientes com deficiência auditiva e sua relação com a neuropatia auditiva\" / Study of mutations in the OTOF gene in patients with hearing impairment and its relation with auditory neuropathyRomanos, Jihane 16 November 2006 (has links)
A herança autossômica recessiva pode ser responsável por aproximadamente 77% dos casos de surdez hereditária. Em 1996, Chaib e col. mapearam o loco responsável por surdez profunda neurossensorial de herança recessiva na região cromossômica 2p22-23 (DFNB9). Em 1999, Yasunaga e col. identificaram esse gene como o que codifica a proteína OTOFerlina (OTOF) nessa região. Até hoje, já foram descritas 31 mutações patogênicas diferentes no gene OTOF em populações de várias origens, com destaque a mutação Q829X que foi encontrada em ~3% dos casos de surdez na Espanha (Migliosi e col., 2002; Rodríguez-Ballesteros e col., 2003). Alguns pacientes com mutações no gene OTOF apresentavam neuropatia auditiva, um tipo de deficiência auditiva neurossensorial caracterizada pela ausência ou anomalia das ondas no exame dos Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Encefálico ou BERA com a presença das emissões otoacústicas e/ou microfonismo coclear. O objetivo desse projeto foi investigar a contribuição relativa das mutações no gene OTOF ao casos de neuropatia auditiva e de outros tipos surdez em famílias brasileiras. Uma amostra de 343 propósitos portadores de deficiência auditiva foi submetida ao estudo da mutação Q829X. Não foi identificada em nenhum caso. Dessa casuística foram selecionados 48 propósitos de famílias com consangüinidade ou com 2 ou mais afetados na irmandade e quatro pacientes com neuropatia auditiva e com consangüinidade parental ou com dois ou mais afetados na irmandade. Além disso, foram também selecionados 7 casos isolados com neuropatia auditiva e 5 casos de portadores de alterações no tronco encefálico. Essa amostra totalizou 64 propósitos. Propósitos dessas 64 famílias foram genotipados em relação a cinco marcadores de microssatélites ligados ao gene OTOF. A análise dos haplótipos excluiu ligação ao gene OTOF em 34 casos, 19 não eram conclusivos e 11 indicaram possibilidade de ligação ao gene OTOF (incluindo uma família com pais consangüíneos e neuropatia auditiva e três propósitos com neuropatia auditiva). Simultaneamente, os 64 propósitos foram triados para mutações em oito exons do gene OTOF, nos quais mutações já haviam sido descritas, por meio de SSCP seguido de seqüenciamento. Os 11 casos com resultados compatíveis com ligação ao gene OTOF (4 com neuropatia auditiva) e os sete casos de neuropatia auditiva foram selecionados para o seqüenciamento de todos os exons (total de 18 propósitos). Identificamos no total 58 alterações diferentes. Onze variantes eram potencialmentes patogênicas, encontradas em sete dos propósitos, todos pertencentes ao grupo dos 18 selecionados. Quatro casos eram heterozigotos compostos [98G>A (R33Q) e 2401G>T e 2402A>T (E801L)]; [1841G>A (G614E) e 3239G>C (R1080P)], [3751T>G (C1251G) e 5431A>T (K1811X)] e [2348delG (G783fs) e 5800-5801insC (L1934fs)], dois eram heterozigotos [1552-1567del16 (R518fs); 2905- 2923del19ins11 (A969fs)] sem que uma segunda mutação fosse detectada e um apresentava a mutação em homozigose [3400C>T (R1134X)]. Desses sete propósitos com mutações patogênicas, somente um paciente com mutação em heterozigose não apresentava neuropatia auditiva. Dentre os 11 casos com neuropatia auditiva, seis tinham pelo menos uma mutação no gene OTOF que poderia ser a causa de surdez. Esse achado reforça a associação entre o fenótipo da neuropatia auditiva e mutações no gene OTOF. A variante Q829X não foi encontrada nenhuma vez em nossa amostra, portanto, não deve ser causa importante de surdez na nossa população. Porém, nosso estudo mostra que mutações no gene OTOF são causas freqüentes de neuropatia auditiva no Brasil (mais de 50% dos casos). Nossos resultados reforçam a hipótese que pacientes com neuropatia auditiva devem ser selecionados para pesquisa de mutações no gene OTOF e que talvez mais de 50% dos casos de neuropatia auditiva tenham causa genética. / 77% of nonsyndromic prelingual deafness have an autosomal recessive inheritance. In 1996, Chaib et al. mapped a locus associated with sensorineural nonsyndromic recessive deafness to chromosome region 2p22-23 (DFNB9) by linkage studies. In 1999, Yasunaga et al. identified the OTOF gene encoding OTOFerlin, in this region. To date, there are 31 different pathogenic mutations described in the OTOF gene, from populations of variable origins. A Q829X mutation was found at a frequency of ~3% of deafness in Spain (Migliosi e col., 2002; Rodríguez-Ballesteros e col., 2003). Some affected individuals with mutations in the OTOF gene were reported to present auditory neuropathy, a type of deafness characterized by an absent or severely abnormal auditory brainstem response, with preservation of otoacoustic emissions and/or cochlear microphonics. The main purpose of this project was to investigate the relative contribution of OTOF mutations to auditory neuropathy and other type of deafness, amongst Brazilian families. We enrolled 343 Brazilian unrelated subjects with nonsyndromic hearing loss. A specific test for the Q829X mutation was performed first. We failed to find any subjects carrying this mutation. From this group, we selected 48 probands from families with consanguinity or with two or more affected sibs and four probands with diagnosis of auditory neuropathy and from consanguineous unions or with two or more affected sibs. In addition, we selected 7 isolated subjects with auditory neuropathy and 5 cases with diagnosis of brainstem alteration. This gave a total of 64 probands. Subjects from the 64 families were genotyped for five microsatellites markers, linked to the OTOF gene. The analysis of the haplotype excluded linkage to the OTOF gene in 34 families, it was inconclusive in 19 families and it showed compatibility with linkage in the remaining 11 families (including one with consanguineous parents and auditory neuropathy and three with diagnosis of auditory neuropathy). Simultaneously, the 64 subjects were screened for mutations in 8 exons previously identified to other mutations using the SSCP technique. In positive cases, DNA sequencing was carried out. In the 11 subjects consistent with putative linkage to OTOF gene and the 7 isolated cases of auditory neuropathy, an exon by exon screening for mutations in the OTOF gene was performed using DNA sequencing (Total of 18 subjects). We found a total of 58 different variants. Eleven were possibly causative mutations and were found in seven of the 18 subjects. Amongst them, four cases were compound heterozygotes R33Q with E801L, G614E with E1080P, 2348delG with 5800-5801insC and K1811X with C1251G, two cases were heterozygotes [1552- 1567del16 and 2905-2923del19in11] without a second mutation and one presented a mutation in homozygous form [3400C>T (R1134X)]. Among these seven probands, only one patient with a heterozygote mutation did not have a diagnosis of auditory neuropathy. In the 11 cases of auditory neuropathy, six had at least one mutation in the OTOF gene that is the probable cause of their deafness. These findings support the association between auditory neuropathy and mutations in the OTOF gene. While we failed to confirm the high frequency of Q829X mutation found in Spain, our study shows that mutations in the OTOF gene are frequent causes of auditory neuropathy in Brazil (more than 50%). Our results reinforced that patients with auditory neuropathy must be selected for mutation detection in the OTOF gene and that more than 50% of cases of auditory neuropathy have a defined genetic etiology.
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\"Estudo de mutações do gene OTOF em pacientes com deficiência auditiva e sua relação com a neuropatia auditiva\" / Study of mutations in the OTOF gene in patients with hearing impairment and its relation with auditory neuropathyJihane Romanos 16 November 2006 (has links)
A herança autossômica recessiva pode ser responsável por aproximadamente 77% dos casos de surdez hereditária. Em 1996, Chaib e col. mapearam o loco responsável por surdez profunda neurossensorial de herança recessiva na região cromossômica 2p22-23 (DFNB9). Em 1999, Yasunaga e col. identificaram esse gene como o que codifica a proteína OTOFerlina (OTOF) nessa região. Até hoje, já foram descritas 31 mutações patogênicas diferentes no gene OTOF em populações de várias origens, com destaque a mutação Q829X que foi encontrada em ~3% dos casos de surdez na Espanha (Migliosi e col., 2002; Rodríguez-Ballesteros e col., 2003). Alguns pacientes com mutações no gene OTOF apresentavam neuropatia auditiva, um tipo de deficiência auditiva neurossensorial caracterizada pela ausência ou anomalia das ondas no exame dos Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Encefálico ou BERA com a presença das emissões otoacústicas e/ou microfonismo coclear. O objetivo desse projeto foi investigar a contribuição relativa das mutações no gene OTOF ao casos de neuropatia auditiva e de outros tipos surdez em famílias brasileiras. Uma amostra de 343 propósitos portadores de deficiência auditiva foi submetida ao estudo da mutação Q829X. Não foi identificada em nenhum caso. Dessa casuística foram selecionados 48 propósitos de famílias com consangüinidade ou com 2 ou mais afetados na irmandade e quatro pacientes com neuropatia auditiva e com consangüinidade parental ou com dois ou mais afetados na irmandade. Além disso, foram também selecionados 7 casos isolados com neuropatia auditiva e 5 casos de portadores de alterações no tronco encefálico. Essa amostra totalizou 64 propósitos. Propósitos dessas 64 famílias foram genotipados em relação a cinco marcadores de microssatélites ligados ao gene OTOF. A análise dos haplótipos excluiu ligação ao gene OTOF em 34 casos, 19 não eram conclusivos e 11 indicaram possibilidade de ligação ao gene OTOF (incluindo uma família com pais consangüíneos e neuropatia auditiva e três propósitos com neuropatia auditiva). Simultaneamente, os 64 propósitos foram triados para mutações em oito exons do gene OTOF, nos quais mutações já haviam sido descritas, por meio de SSCP seguido de seqüenciamento. Os 11 casos com resultados compatíveis com ligação ao gene OTOF (4 com neuropatia auditiva) e os sete casos de neuropatia auditiva foram selecionados para o seqüenciamento de todos os exons (total de 18 propósitos). Identificamos no total 58 alterações diferentes. Onze variantes eram potencialmentes patogênicas, encontradas em sete dos propósitos, todos pertencentes ao grupo dos 18 selecionados. Quatro casos eram heterozigotos compostos [98G>A (R33Q) e 2401G>T e 2402A>T (E801L)]; [1841G>A (G614E) e 3239G>C (R1080P)], [3751T>G (C1251G) e 5431A>T (K1811X)] e [2348delG (G783fs) e 5800-5801insC (L1934fs)], dois eram heterozigotos [1552-1567del16 (R518fs); 2905- 2923del19ins11 (A969fs)] sem que uma segunda mutação fosse detectada e um apresentava a mutação em homozigose [3400C>T (R1134X)]. Desses sete propósitos com mutações patogênicas, somente um paciente com mutação em heterozigose não apresentava neuropatia auditiva. Dentre os 11 casos com neuropatia auditiva, seis tinham pelo menos uma mutação no gene OTOF que poderia ser a causa de surdez. Esse achado reforça a associação entre o fenótipo da neuropatia auditiva e mutações no gene OTOF. A variante Q829X não foi encontrada nenhuma vez em nossa amostra, portanto, não deve ser causa importante de surdez na nossa população. Porém, nosso estudo mostra que mutações no gene OTOF são causas freqüentes de neuropatia auditiva no Brasil (mais de 50% dos casos). Nossos resultados reforçam a hipótese que pacientes com neuropatia auditiva devem ser selecionados para pesquisa de mutações no gene OTOF e que talvez mais de 50% dos casos de neuropatia auditiva tenham causa genética. / 77% of nonsyndromic prelingual deafness have an autosomal recessive inheritance. In 1996, Chaib et al. mapped a locus associated with sensorineural nonsyndromic recessive deafness to chromosome region 2p22-23 (DFNB9) by linkage studies. In 1999, Yasunaga et al. identified the OTOF gene encoding OTOFerlin, in this region. To date, there are 31 different pathogenic mutations described in the OTOF gene, from populations of variable origins. A Q829X mutation was found at a frequency of ~3% of deafness in Spain (Migliosi e col., 2002; Rodríguez-Ballesteros e col., 2003). Some affected individuals with mutations in the OTOF gene were reported to present auditory neuropathy, a type of deafness characterized by an absent or severely abnormal auditory brainstem response, with preservation of otoacoustic emissions and/or cochlear microphonics. The main purpose of this project was to investigate the relative contribution of OTOF mutations to auditory neuropathy and other type of deafness, amongst Brazilian families. We enrolled 343 Brazilian unrelated subjects with nonsyndromic hearing loss. A specific test for the Q829X mutation was performed first. We failed to find any subjects carrying this mutation. From this group, we selected 48 probands from families with consanguinity or with two or more affected sibs and four probands with diagnosis of auditory neuropathy and from consanguineous unions or with two or more affected sibs. In addition, we selected 7 isolated subjects with auditory neuropathy and 5 cases with diagnosis of brainstem alteration. This gave a total of 64 probands. Subjects from the 64 families were genotyped for five microsatellites markers, linked to the OTOF gene. The analysis of the haplotype excluded linkage to the OTOF gene in 34 families, it was inconclusive in 19 families and it showed compatibility with linkage in the remaining 11 families (including one with consanguineous parents and auditory neuropathy and three with diagnosis of auditory neuropathy). Simultaneously, the 64 subjects were screened for mutations in 8 exons previously identified to other mutations using the SSCP technique. In positive cases, DNA sequencing was carried out. In the 11 subjects consistent with putative linkage to OTOF gene and the 7 isolated cases of auditory neuropathy, an exon by exon screening for mutations in the OTOF gene was performed using DNA sequencing (Total of 18 subjects). We found a total of 58 different variants. Eleven were possibly causative mutations and were found in seven of the 18 subjects. Amongst them, four cases were compound heterozygotes R33Q with E801L, G614E with E1080P, 2348delG with 5800-5801insC and K1811X with C1251G, two cases were heterozygotes [1552- 1567del16 and 2905-2923del19in11] without a second mutation and one presented a mutation in homozygous form [3400C>T (R1134X)]. Among these seven probands, only one patient with a heterozygote mutation did not have a diagnosis of auditory neuropathy. In the 11 cases of auditory neuropathy, six had at least one mutation in the OTOF gene that is the probable cause of their deafness. These findings support the association between auditory neuropathy and mutations in the OTOF gene. While we failed to confirm the high frequency of Q829X mutation found in Spain, our study shows that mutations in the OTOF gene are frequent causes of auditory neuropathy in Brazil (more than 50%). Our results reinforced that patients with auditory neuropathy must be selected for mutation detection in the OTOF gene and that more than 50% of cases of auditory neuropathy have a defined genetic etiology.
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