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TEMPO EM SUSPENSÃO: objeto reconvocado em Farnese de AndradeBARRETO, R. F. P. 05 September 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008-09-05 / A obra do artista brasileiro Farnese de Andrade (1926-1996) é ambígua e singular. Com uma
vasta produção na área do desenho, da gravura, da pintura e do objeto (que é o ponto principal
desta pesquisa), o artista propôs um diálogo tanto com as vanguardas modernas quanto com o
experimentalismo da arte contemporânea. Mas sua produção também estabelece uma forte
conexão com outros espaços mais enraizados no nosso passado cultural, a partir do qual
reconvoca os tantos elementos velhos, gastos pelo tempo e pelo uso, já com um passado
inscrito em suas bordas. Sargaços do mar, objetos do cotidiano de velhas cozinhas coloniais,
ex-votos, santos e oratórios outrora destinados às questões da fé ou, ainda, bonecas quebradas
com seus olhos furados, bolas de vidro, mãos faltantes, vasos de cristal. Tudo já com um valor
afetivo imbricado em suas ranhuras. Com esses elementos carregados de histórias, Farnese
criou seus instigantes objetos: assemblages feitas com coisas dentro de coisas,
cuidadosamente arrumadas, aprisionadas, afogadas em resinas coaguladas e condenadas a
uma eterna solidão. Farnese criou um novo lar para esses seres de outrora, que agora,
destituídos de suas funções originais, se eternizam como objetos de arte, mas ainda assim
evocam segredos e lembranças de um tempo que não volta mais. Na obra de Farnese, esse
tempo encontra um espaço de reconciliação. O tempo está suspenso, por ora.
Palavras-Chave:
Farnese de Andrade. Objeto na arte. Tempo em suspensão. Assemblage. Arte Contemporânea.
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