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História natural, com ênfase na biologia reprodutiva, de uma população migratória de Sporophila aff. plumbea (AVES, EMBERIZIDAE) do sul do Brasil

Repenning, Márcio January 2012 (has links)
Made available in DSpace on 2013-08-07T19:12:36Z (GMT). No. of bitstreams: 1 000438958-Texto+Completo-0.pdf: 7628582 bytes, checksum: 4850a53a30c2eed8635083e48af6428e (MD5) Previous issue date: 2012 / Sporophila aff. plumbea (patativa-de-bico-amarelo) is a rare Seedeater that breeds in highland grasslands of southern Brazil. No aspect of its natural history had been studied previously. Historically this Seedeater has been considered as being the same as Sporophila plumbea plumbea (Wied 1930) which breeds in the Cerrado biome, has a relatively slender body and a characteristic black bill in adult males. Statistically significant differences in morphology and color, and segregation in breeding areas and habitat use allow us to infer that S. aff. plumbea (provisory name) is a true species and does not belong to S. p. plumbea (nominal species). We first found S. aff. plumbea in December 2005, and studied its natural history in the grasslands of the Araucaria plateau in Rio Grande do Sul (RS) and Santa Catarina (SC) states from 2007 - 2008 until 2010-2011. We focused our study on reproductive biology, by monitoring 133 nests and 71 breeding territories, conducting studies in three areas of 650 ha and 200 ha (RS) and 1,000 ha (SC) where the species was known to be present. Additionally, from 2009 to the present we have investigated their breeding sites in the Campos Gerais do Paraná (PR, Paraná State) and wintering grounds in central Brazil. Based on our study, we currently know that (1) biology: Sporophila. aff. plumbea is 12 cm long and weighs 12 g; is a long-distance migrant with a well-documented breeding area from northern PR to northeast RS; after breeding, it migrates from southern to central Brazil (Cerrado) together with other species of Sporophila (capuchinos); is a strong flier and has a wide vocal repertoire with complex songs; is a habitat specialist, living only in fields with dense stands of tall shrubs in areas of hill valleys (700 to 900 m altitude) in the interior of the Southern Brazilian Plateau; the breeding area is estimated to be 293,822 ha; the density is 0. 015 breeding pairs per hectare, with an actively reproducing population of 4,407 pairs; it is a grass-seed specialist with a preference for relatively large seeds such as Piptochaetium stipoides and Paspalum guenoarum; it responds negatively to habitat degradation, with strong evidence of population decline, and should be considered a Critically Endangered species in Brazil because of the multiple threats to the populations. (2) Territoriality and mating system: the species arrives to breed in the southern part of its range from mid-October, disappearing altogether in March; the males arrive a week before the females and compete for reproductive territories; the younger males arrive a month later. The species is monogamous, although we have recorded the first cases of bigamy in the genus (2. 5%); older males defend more stable territories (average 1. 41 ha) and feature the highest rates of return (41) to the same territories (philopatry), observed in three successive reproductive seasons; females and young are also philopatric, but to a lesser degree; their territory does not occupy the fields on an ongoing basis and the species quantitatively selects specific places to nest within the grassland matrix; the dynamics of territoriality was directly affected by habitat disturbance and by the age of males. (3) Reproduction: S. aff. plumbea breeds for a mean period of 3. 8 months, and the breeding season is correlated with photoperiod and phenology of the grasses; nesting peaks in November and December; the nest is an open cup constructed (in 5 days, only by the female) basically with cobwebs and inflorescences of Eragrostis spp., averaging 70 cm above the ground, and in shrubs of the genus Eupatorium, Escallonia and Myrcia predominantly; the clutch size is two eggs on average, with a maximum of three eggs, restricted to the beginning of the reproductive period; the eggs are laid one a day on average, and incubation most often starts with the laying of the first egg; incubation, performed only by females, lasts 12 days, and hatching of nestlings is synchronous. The nestling period lasts 10 days and both parents care for the offspring; after fledging, the male exclusively cares for young males while the female cares for young females; daily estimated survival rate (DSR) of nests (90 nests monitored from 2007- 2010) as modeled by the MARK program, was 0. 94 and varied temporally in the breeding season. Apparent reproductive success was 36%, and the estimated reproductive success (MARK) was 20%. The quadratic model best explained the changes in survival rates of nests, along with camouflage and height of the nest from the ground; other hypotheses tested, including year-to-year variation, age of the nest, and species of support plant did not prove to be important factors for nest survival; multiple breeding attempts (maximum three) occur, averaging 1. 75 nests per female in each breeding season, seemingly an important strategy for the species to produce descendants. Predation was the main cause of nest loss (40. 7%), followed by abandonment of nests and trampling by cattle (37%). Parasitism of nestlings by the fly Phylornis seguyi was correlated with the nests later in the breeding season and with periods of higher temperatures and low mortality of hatchlings; lizards and snakes have been observed preying on nests, and strong evidence suggests that birds and mammals also predate on nests. An average of 82. 4% eggs hatched; the annual production of offspring was 0. 57 per nest, and only 1/3 of eggs generated fledglings. / A patativa-de-bico-amarelo (Sporophila aff. plumbea), é um raro papa-capim que se reproduz nos campos de altitude da região sul do Brasil. Nenhum aspecto de sua história natural foi estudado em detalhes. Historicamente vem sendo tratado como sinônimo de Sporophila plumbea plumbea (Wied 1930). Esta última tem suas áreas de reprodução associada ao bioma Cerrado, possui porte mais delgado e bico preto nos machos adultos. Diferenças significativas na morfologia, coloração, segregação nas áreas de reprodução e no uso do habitat permitem que tratemos S. aff. plumbea (nome provisório) como um táxon a parte de S. p. plumbea (subespécie nominal). Encontramos S. aff. plumbea pela primeira vez em dezembro de 2005 e estudamos sua história natural nos campos do planalto das araucárias do Rio Grande do Sul (RS) e Santa Catarina (SC) de 2007-2008 até 2010-2011. Focamos nosso estudo na biologia reprodutiva por meio do monitoramento de 133 ninhos e de 71 territórios reprodutivos pesquisando nas três áreas, de 650 ha e 200 ha (RS) e 1. 000 ha (SC) onde a espécie era registrada. Adicionalmente, desde 2009 até o presente investigamos suas áreas de reprodução nos Campos Gerais do Paraná, e áreas de invernagem no Brasil Central. Hoje sabemos que: (1) quanto à sua biologia geral, Sporophila aff. plumbea que mede 12 cm e pesa 12 g, é um migrante de longa distância com área de reprodução documentada desde o norte do PR até o canto nordeste do RS. Junto com caboclinhos e coleiras, após a reprodução, emigra dos campos de altitude do sul do Brasil para o Cerrado do Brasil central. Apresenta grande poder de voo e tem um vasto repertório vocal com canto complexo. É especialista de habitat, vivendo somente em campos densamente povoados com arbustos altos em regiões de vales (700 a 900 m de altitude), no interior do planalto meridional brasileiro. Sua área de reprodução estimada é de 293. 822 ha, sua densidade populacional é de 0,015 casais reprodutivos por ha e sua população reprodutivamente ativa é de 4. 407 casais. Trata-se de uma especialista em sementes de gramíneas com preferência por espécies com sementes relativamente grandes como Piptochaetium stipoides e Paspalum guenoarum. Responde de forma negativa a degradação de seu habitat, com fortes evidências de declínio populacional e deve ser considerada uma espécie Criticamente Ameaçada de Extinção no Brasil em virtude das múltiplas ameaças sobre as suas populações. (2) Quanto à territorialidade e sistema de acasalamento, trata-se de uma espécie que chega para reproduzir no sul de sua distribuição a partir de meados de outubro, desaparecendo por completo em março. Os machos chegam uma semana antes das fêmeas e disputam por territórios reprodutivos. Um mês mais tarde chegam os machos mais jovens. A espécie é monogâmica embora tenhamos registrado os primeiros casos de bigamia no gênero. Os machos mais velhos defendem os territórios (média 1,41 ha) mais estáveis e apresentam as maiores taxas de retorno (41%) aos mesmos territórios (filopatria), isto observado em três sucessivas temporadas reprodutivas. Fêmeas e jovens também se mostram filopátricos, mas em menor grau. Seus territórios não ocupam os campos de forma contínua e detectamos quantitativamente que a espécie seleciona locais específicos para nidificar dentro da matriz campestre estudada. A dinâmica da territorialidade na espécie foi diretamente afetada pelas perturbações ao seu habitat e pela idade dos machos. (3) A reprodução de S. aff. plumbea dura 3,8 meses e tem correlação com fotoperíodo e a fenologia das gramíneas. A nidificação é sincrônica com um pico nos meses de novembro e dezembro. O ninho é uma taça aberta construído (em 5 dias apenas pela fêmea) basicamente com teias de aranha e inflorescências de Eragrostis spp., a 70 cm do solo em média e predominantemente em arbustos dos gêneros Eupatorium, Escallonia e Myrcia. O tamanho das posturas é de dois ovos em média com ninhadas de três ovos restritas ao início do período reprodutivo. A postura é realizada a intervalo médio de um dia e a incubação na maioria das vezes inicia com a postura do primeiro ovo. A incubação, tarefa exclusiva das fêmeas dura 12 dias e a eclosão dos filhotes é sincrônica.O período de ninhegos dura 10 dias e a tarefa de cuidado da prole é biparental. Após os filhotes deixarem os ninhos machos se encarregaram de cuidar de forma exclusiva seus filhotes machos e as fêmeas seus filhotes fêmeas. A sobrevivência diária dos ninhos estimada (90 ninhos monitorados de 2007-2010) pelas modelagens construídas no programa MARK foi de 0,94 e variou temporalmente na estação de reprodução. O sucesso reprodutivo aparente é de 36% e o sucesso reprodutivo estimado (MARK) é de 20%. O modelo quadrático é o que melhor explica as variações nas taxas de sobrevivência de ninhos junto com as variáveis de camuflagem e altura dos ninhos. Outras hipóteses testadas como variação interanual, idade dos ninhos e tipo de planta suporte não se mostraram determinantes na sobrevivência dos ninhos. Múltiplas tentativas de reprodução ocorrem na ordem de 1,75 (máximo três) ninhos em média por fêmea em cada estação de reprodução, mostrando-se uma importante estratégia para produção de descendentes bem sucedida. A predação foi a principal causa de perda de ninhadas (40,7%), seguida do abandono dos ninhos e o pisoteio pelo gado (37%). O parasitismo de ninhegos por Phylornis seguyi esteve correlacionado com os ninhos mais tardios na estação e com períodos de maiores temperaturas e ocasiona baixa mortalidade de filhotes. Lagartos e cobras foram observados predando ninhos e fortes evidências sugerem que aves e mamíferos também atuem como predadores de ninhos. Uma média de 82,4% dos ovos eclodiu; a produção anual de filhotes foi de 0,57/ninho e apenas 1/3 dos ovos geraram filhotes que voaram (fledglings).

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