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O silêncio e o segredo do cabeça de cuia: um estudo sobre a situação de violência vivida pelos gays no Vale do Rio Guaribas

Fernando Mafra de Souza Junior, Paulo 31 January 2011 (has links)
Made available in DSpace on 2014-06-12T23:16:05Z (GMT). No. of bitstreams: 2 arquivo6532_1.pdf: 1979918 bytes, checksum: cd5adaae4465b7a7145b88a7cb9bd6ad (MD5) license.txt: 1748 bytes, checksum: 8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33 (MD5) Previous issue date: 2011 / Este estudo trata da situação de violência vivida pelos gays no entorno do Vale do Rio Guaribas Piauí, tendo como objetivos: analisar as expressões da violência vivida pelos gays por meio da: 1) caracterização das formas de violência contra gays; 2) descrição dos mecanismos de enfrentamento da violência e efetivação das denúncias; e, 3) identificação das transformações ocorridas nas situações de violência após a realização das Paradas de LGBT na cidade de Picos. É uma pesquisa de metodologia qualitativa, na qual foram analisados os aspectos subjetivos da violência. Foram realizadas doze entrevistas, delimitadas através das técnicas de saturação de dados e bola de neve‟, tendo como seleção dos sujeitos pesquisados os seguintes critérios de coleta dos dados: a) ser indicado direta ou indiretamente pelos representantes do movimento LGBT na cidade de Picos; b) assumir o posicionamento gay em diversas situações do seu cotidiano; c) ter mais de 18 anos de idade. A análise dos dados se deu segundo as perspectivas foulcaultianas, configuradas no campo dos Estudos Gays e Teorias Queers. A hipótese que direcionou esta dissertação é de que a violência vivida pelos gays se constitui sob os mecanismos do poder que, através dos dispositivos da sexualidade e técnicas de hierarquização das subcategorias sexuais, fomentados pela economia burguesa, põem luminosidades sob o posicionamento-identitário gay, fazendo com que este apareça, ora como anormal e transgressor da heteronormatividade, ora como normal e regulador das práticas homossexuais. Os resultados mostraram que a situação de violência contra gay se expressa, freqüentemente, através dos olhares, gestos, palavras, agressões físicas e latrocínios, sendo as primeiras experiências percebidas no contexto familiar, doméstico e, sobretudo, escolar. A violência é, majoritariamente, associada às situações nas quais os eventos, lugares e posicionamentos dos sujeitos apresentaram-se regularizados e normatizados pela heterossexualidade, apontados como: reunião familiar, sala de aula, comércio, festas de rua, bares, praças e em negociações sexuais com parentes, vizinhos, garotos de programa e desconhecidos. É freqüente a discriminação verbal, controle dos gestos e olhares disciplinadores no ambiente familiar e doméstico; gestos e palavras pejorativas, agressões físicas, ameaças e atitudes preconceituosas e discriminatórias no ambiente escolar, comercial e em bares; nas festas de rua, praças, lugares ermos e residência das vítimas, as agressões verbais, físicas e latrocínios. As denúncias não são exercidas na comunidade, a polícia não é procurada porque a situação de violência é agravada, segundo experiências de alguns dos entrevistados, observando-se a lei do silêncio e a norma do segredo, pois às denúncias é praticada apenas entre os amigos, que entre si, procuram elaborar formas alternativas de enfrentamento da situação de violência. A violência contra gays no espaço público diminuiu consideravelmente após a realização das Paradas de LGBT, havendo um recrudescimento nos ambientes familiares e doméstico, percebida nas mudanças na forma de olhar, permanecendo de forma mais sutil nas atitudes preconceituosas, discriminação verbal e expressões gestuais

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