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Práticas e significados em torno da ultrassonografia obstétrica e aborto em Salvador-Brasil.Lima, Mariana Ramos Pitta 12 November 2015 (has links)
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Dissertação. Mariana Ramos Pitta Lima. 2015.pdf: 1479737 bytes, checksum: 7c0a70d47fe34eb6897746d012ce177f (MD5) / Este artigo analisa as práticas e os significados em torno da ultrassonografia obstétrica (USG) realizada em mulheres com abortamento em ―MPS‖, uma maternidade pública em Salvador, Bahia, Brasil. Especificamente, explora as noções de Pessoa acionadas pelos sujeitos nas relações com a produção de imagens durante exame de USG, com base na análise de registros de observação participante, durante três meses, na sala em que o exame é realizado. A partir desse enfoque, buscamos identificar as noções de ‗gravidez‘, ‗concepto‘ e ‗feto-pessoa‘ constituídas pelos ecografistas e pelas mulheres com abortamento nas interações observadas. O artigo mostra como a USG ocupa um lugar central no itinerário abortivo das mulheres. Sua realização é uma prática incorporada e definidora de condutas na atenção ao abortamento nesse hospital público da rede SUS. Para os profissionais, todas as usuárias do serviço de USG estudado que chegam com sangramento são suspeitas a priori de terem provocadas um aborto – até provado o contrário. A etnografia revelou que nesse contexto se constitui três categorias distintas de ‗mulheres com aborto‘, cujo acionamento depende da interpretação da imagem ecográfica da condição e do conteúdo do útero. São mulheres com aborto completo, sem qualquer resto embrionário; mulheres com abortamento incompleto com alguns restos; e mulheres com ameaça de aborto com fetos ainda vivos. A forma de significar o estado de saúde e a condição moral de uma mulher com suspeita de aborto se relaciona com a presença ou não de um feto vivo no seu útero, além da idade gestacional em que a suspeita de abortamento ou o aborto aconteceu. Concluímos que, do ponto de vista simbólico, mulheres e profissionais colaboram ao produzir, a partir da interpretação da imagem ecográfica, um conhecimento sobre a gravidez, entendida como um processo que envolve estágios distintos. Quando as evidencias ecográficas indicam que houve (provavelmente) um aborto nos estágios iniciais de uma gravidez, os próprios profissionais colaboram com as mulheres em desativar o processo semiótico que levaria à atribuição de um sentido de natureza humana ao concepto. Por outro lado, quanto mais tarde se interrompeu uma gestação, mais provável é que o processo de significação sobre as imagens sustente a ideia de que ali havia Pessoa. Nesse caso e, sobretudo quando se detectou presença de um feto com vida, mais enfática se torna a condenação moral do ato do abortamento. A moral hegemônica sobre aborto e sua criminalização modulam as construções simbólicas e as práticas em torno do exame de USG em mulheres com abortamento.
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