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Loucos nas ruas : um estudo sobre o atendimento à população de rua adulta em sofrimento psíquico na cidade do RecifeMaria da Cunha Albuquerque, Cintia 31 January 2008 (has links)
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Previous issue date: 2008 / A concretização deste trabalho só foi possível devido à existência de tantas histórias
de vida marcadas pelo estigma da loucura e pela condição de vivenciá-la nas ruas da
cidade do Recife. É pela preocupação e cuidado com essas histórias que este
trabalho se justifica e ganha sentido, propondo-se a refletir sobre a temática do
direito e acesso à saúde da população de rua em sofrimento mental. Mais
especificamente, buscando compreender como os serviços de assistência social e
saúde mental estão acolhendo a demanda de sofrimento psíquico que acomete
pessoas adultas que moram nas ruas da nossa cidade. Ao trabalhar com População
de Rua colocamos em cheque muitos dos conceitos imprescindíveis para o
funcionamento normal e correto dos serviços, pois historicamente as
contingências e realidades desta população não vêm sendo levadas em
consideração. Para alcançar tais objetivos, foram escutadas diversas vozes e versões
sobre três histórias de vida de pessoas em sofrimento psíquico que vivem nas ruas
da cidade do Recife. Narrativas apresentadas por familiares, profissionais, exvizinhos
foram ouvidas e refletidas, na tentativa de entender o percurso desde o
início do sofrimento, a ida para as ruas e as alternativas construídas para a
resolução de cada caso. Procurei compreender os diversos posicionamentos e as
diferentes versões das pessoas envolvidas em cada caso escolhido, buscando
entendê-los nos endereçamentos do diálogo. Na narrativa dos familiares, procurei
as explicações e sinais para o início do sofrimento psíquico de cada usuário, bem
como os motivos que os levaram a sair de casa e se distanciarem de suas famílias;
com os profissionais do SESR, as entrevistas tiveram como foco a situação
encontrada no primeiro atendimento na rua e os caminhos percorridos junto a cada
usuário no seu processo de atendimento; com os profissionais dos Caps e das Casas
de Acolhida do Iasc, quis saber como cada usuário chegou e foi acolhido naquele
serviço, qual a avaliação feita de cada história de vida e que encaminhamentos foram
construídos para solucionar cada caso. Dessa forma, foram escutadas diversas
versões e opiniões sobre as referidas histórias, o que permitiu a construção de uma
outra versão para análise, que será aqui apresentada. Essa, trouxe um leque de
possibilidades e questionamentos sobre o cuidado em saúde mental oferecido à
população em situação de rua na nossa cidade. Algumas questões saltaram aos
olhos, que foram: a transferência da responsabilidade pelo cuidado do Estado para a
família; a exigência de ter que sair das ruas, possuir referência familiar e domiciliar
para iniciar o tratamento em saúde mental; e, por fim, a (im)possibilidade de compartilhamento da responsabilidade pelos moradores de rua pelas políticas de
Saúde e Assistência Social da nossa cidade. Para que o atendimento oferecido à
população de rua em sofrimento mental em Recife consiga ser efetivado de forma tal
que respeite as especificidades dessas pessoas, parece necessário que ocorra o
estranhamento dos profissionais e serviços frente às condições dessas pessoas que
vivem nas ruas, ocasionando a desnaturalização de conceitos e pré-requisitos já
estabelecidos, pois só assim será possível a invenção de novas e diferentes formas
de atenção e cuidado para com a População de Rua. Por fim, defendo que o respeito
às diferenças e a garantia universal e integral de proteção social, tão presentes nos
discursos e nas leis vigentes em nosso país, precisam ser ampliados para qualquer
grupo social, mesmo que ele desorganize e se contraponha às nossas certezas e
convicções sobre a melhor forma de estar no mundo
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