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Trajetórias educacionais de mulheres: uma leitura interseccional da deficiência

Farias , Adenize Queiroz de 14 December 2017 (has links)
Submitted by Leonardo Cavalcante (leo.ocavalcante@gmail.com) on 2018-05-24T14:48:22Z No. of bitstreams: 1 Arquivototal.pdf: 1308133 bytes, checksum: 5e8edd9d6322bffba07fbf25b81ad6ac (MD5) / Made available in DSpace on 2018-05-24T14:48:22Z (GMT). No. of bitstreams: 1 Arquivototal.pdf: 1308133 bytes, checksum: 5e8edd9d6322bffba07fbf25b81ad6ac (MD5) Previous issue date: 2017-12-14 / In spite of significant advances and increasing possibilities of social participation experienced by both women and persons with disabilities, the naturalization of their bodies remains as the main factor related to the permanence of practices of silencing and discrimination. In this doctoral research, the starting point is the observation that feminist movements, as well as the vast literature on gender issues, are fragile when it comes to the intersection with disability; in turn, most studies on disability neglect the female condition. Considering that gender and disability intersect as factors of oppression and discrimination that heighten female vulnerability and inequalities, the argument presented in this dissertation is that, in the case of women with disabilities, the process of precariousness of life occurs through the intersection of ableist and sexist structures. By establishing strong barriers to access to school, higher education, and to the full exercise of their sexuality, such structures place them in unequal positions in relation to men with disabilities and women without disabilities. Therefore, the purpose of this research, located in the area of Cultural Studies of Education, was to analyze the effects of ableist and sexist structures in the experience of inequality and multiple vulnerabilities of women with disabilities. Based on literature review and an empirical approach to the trajectories of women with disabilities, it discusses the precariousness of the life they experience from the perspective of ableism and gender inequalities. It uses the notion of trajectory proposed by Pierre Bourdieu, which emphasizes the individual action of certain subjects (habitus), in close relation with wider social contexts (fields). The narratives of the educational trajectories of Maria Aparecida Ramos de Menezes, Joana Belarmino de Souza, and Nayara de Almeida Adriano, professors with disabilities at Federal University of Paraíba, collected through interviews conducted in the first semester of 2016, seek to answer the research question: "How ableist and sexist inequalities appear in the educational trajectories of women with disabilities within family, school, and higher education?" Based on their narratives, which evoke my own trajectory as a woman with a visual disability, the analysis points at the common experiences of inequality lived by women with disabilities, which exclude them from participation in the public sphere and deny their right to autonomous choice and decision-making, within a sexist and ableist culture. However, the trajectories of these three women reveal that education makes it possible to breakdown such barriers and contribute to the educational and social development of other women with disabilities. By presenting the relevant contributions of feminist perspectives regarding a new understanding of disability, this dissertation aims at strengthening the debate about the transformation of able-normative mentalities, a still incipient debate in both movements of women and people with disabilities, in order to open new possibilities of empowerment and social participation. / Apesar dos significativos avanços e das crescentes possibilidades de participação social vivenciadas por mulheres e pessoas com deficiência, observa-se que a naturalização de seus corpos é fator principal da manutenção de práticas de silenciamento e discriminação. Nesta pesquisa doutoral, constata-se inicialmente que os movimentos feministas, assim como a vasta literatura em torno de questões de gênero, são frágeis quando se trata da intersecção com a deficiência; por sua vez, a maioria dos estudos sobre deficiência negligencia a condição feminina. Ao considerar que gênero e deficiência se entrecortam como fatores de opressão e discriminação que potencializam a vulnerabilidade e a desigualdade feminina, o argumento desta tese é que, no caso da mulher com deficiência, o processo de precariedade da vida se dá pela intersecção de estruturas capacitistas e sexistas. Estas estruturas, ao estabelecerem sólidas barreiras ao acesso à escola, à universidade e ao pleno exercício de sua sexualidade, as colocam em posições desiguais em relação aos homens com deficiência e às mulheres sem deficiência. Assim, o objetivo geral da investigação, situada na área dos Estudos Culturais da Educação, foi analisar os efeitos das estruturas capacitistas e de gênero na experiência de desigualdade e múltiplas vulnerabilidades de mulheres com deficiência. Com base em revisão de literatura e abordagem empírica de trajetórias de mulheres com deficiência, discute-se a precariedade da vida dessas mulheres, sob as perspectivas do capacitismo e das desigualdades de gênero. Utiliza-se a noção de trajetória proposta por Pierre Bourdieu, a qual destaca a ação individual de determinados sujeitos (habitus), em estreita relação com contextos sociais mais amplos (campos). Os relatos das trajetórias educacionais de Maria Aparecida Ramos de Menezes, Joana Belarmino de Souza e Nayara de Almeida Adriano, professoras com deficiência em atuação na Universidade Federal da Paraíba, colhidos através de entrevistas realizadas no primeiro semestre de 2016, buscam responder à pergunta de pesquisa: De que forma as desigualdades capacitistas e de gênero se evidenciam nas trajetórias familiares, escolares e acadêmicas de mulheres com deficiência? Com base em suas narrativas, que evocam a minha própria trajetória como mulher com deficiência visual, a análise aponta experiências de desigualdade vivenciadas pelo coletivo de mulheres com deficiência que, resultantes de uma cultura sexista e capacitista, as excluem da participação na esfera pública e lhes negam o direito de realizar escolhas e tomar decisões por conta própria. Todavia, as trajetórias dessas três mulheres revelam que, através da educação, é possível romper com as barreiras supracitadas e contribuir para o desenvolvimento educacional e social de outras mulheres com deficiência. Ao apresentar as relevantes contribuições das perspectivas feministas no tocante a uma nova compreensão acerca da deficiência, espero fortalecer o debate, ainda incipiente em ambos os movimentos, de mulheres e pessoas com deficiência, acerca da ruptura de mentalidades corpo-normativas, para suscitar novas possibilidades de empoderamento e participação social.

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