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O peso dos mortos queridos: um estudo sobre vitimização indireta por violência oficialOliveira Junior, Pedro de 09 August 2013 (has links)
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DISSERTAÇÃO de Pedro de Oliveira Junior.pdf: 1403430 bytes, checksum: f44bb4c7ba69da814a7fc94ea3317841 (MD5) / O presente estudo tem como escopo compreender as reações e respostas entre famílias de vítimas de homicídios perpetrados por policiais militares em Salvador. Para atingir os objetivos dessa pesquisa, foram selecionados 12 casos de homicídios para a investigação e coleta de dados: 8 casos acompanhados por duas organizações não governamentais, 1 assistido por um projeto social e os demais, 3 casos, foram selecionados entre aqueles em que os familiares das vítimas não receberam ou, atualmente, não recebem assistência de redes sociais e institucionais de apoio. São casos de homicídios, predominantemente, de jovens, de 15 a 24 anos, perpetrados por policiais militares em serviço e fora de serviço. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas não estruturadas (abertas), semiestruturadas, observação direta e análise documental. Como ponto de partida, o estudo tece uma discussão acerca do enfrentamento dos homicídios no contexto baiano, a partir da biopolítica de segurança pública desenvolvida no estado da Bahia e a violência letal oficial produzida. Como resultado, a pesquisa discute uma vitimização indireta por homicídio, marcada por uma violação do Eu dos familiares das vítimas, num nível bastante profundo: o Eu foi “abatido” pela perda violenta, inexplicavelmente repentina e considerada injusta. Diante desse impacto, a perda configurou um longo e complexo processo de mudanças em suas vidas, assinalado por fases. Primeiramente, uma fase de confusão foi experienciada a partir de uma série de alterações significativas e inesperadas promovidas em seu cotidiano. Uma fase de desorganização configurou-se quando eles começaram a reagir, reconhecendo os problemas advindos com a morte do membro familiar. E esta reação atinge a fase de reorganização por meio dos sentidos atribuídos à perda e a canalização da dor e dos sentimentos negativos que os sobrecarregam emocionalmente – como a raiva, ódio e a vingança. A pesquisa procura demonstrar que nesse processo, a busca por justiça, junto ao sistema de justiça criminal, exerceu um papel essencial. Ela emergiu no processo de reação a perda, como uma resposta a violência oficial perpetrada contra o ente querido, e contribuiu, ainda que de forma ambígua e dolorosa, na recuperação de si e da vida cotidiana dos familiares. A guisa de conclusão, o estudo apresenta um padrão de homicídio em que a magnitude dos efeitos da vitimização indireta é mais elevada e as reações mais complexas. A pesquisa evidencia que, ao lado das perdas materiais e alterações psicoemocionais significativas e da busca por justiça, os familiares das vítimas vivenciaram mudanças no
próprio Eu e em seu esquema de imagens para julgar a si mesmo, aos outros e o mundo que vive. Eles vivenciam episódios de abatimento do Eu e de sua representação social.
This project has the objective to understand the reactions and responses among families of victims murdered by military police in Salvador. To achieve the objectives of this research, we selected twelve homicide cases for examination and data collection: eight cases assisted by two non-governmental organizations, one assisted by a social project, and the remaining three cases were selected from those in which relatives of the victims have not received or are not currently receiving assistance from social and institutional support networks. The homicide cases are predominantly of youngsters, 15-24 years old, perpetrated by military police on duty and off duty. Data collection was done through unstructured interviews (open interviews), semi-structured, direct observation and document analysis. As a starting point, the study initiates a discussion about coping with homicide in the context of Bahia, based on the biopolitics of public security developed by the state and the official lethal violence produced. As a result, the research presents indirect victimization by homicide, marked by a violation of the victims' families self, at a deep level: the self was "hit" by the violent loss, inexplicably sudden and considered unfair. Given this impact, the loss set up a long and complex process of changes in their lives, marked by phases. First, a phase of confusion was experienced due to a number of significant and unexpected changes occurring in their daily lives. A phase of disorganization unfolded when they began to react, recognizing the problems caused by the death of the family member. And this reaction reaches the stage of reorganization through the senses attributed to the loss and the channeling of pain and negative feelings that overwhelm them emotionally - as anger, hatred and revenge. The research aims to demonstrate that this process, the search for justice, through the criminal justice system, played an essential role. It emerged in the process of reacting to loss, as a response to official violence perpetrated against the loved one, and contributed, although in an ambiguous and painful way, to recover oneself and the family’s everyday life. As a conclusion, the study shows a homicide pattern in which the magnitude of the indirect victimization effects is higher and the reactions are more complex. The research shows that, alongside the material losses and significant psycho-emotional changes and the search for justice, the families of the victims experienced changes in their own self and on their image scheme to judge oneself, others and the world that live in. They experience episodes of collapse of the self and their social representation.
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