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O impossível material de algumas proposições para a realidade da educação escolar indígena: aporias, alquimias e ideologiasSilva, Renato Izidoro da January 2011 (has links)
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Previous issue date: 2011 / Trata da educação escolar indígena acerca da configuração de sua realidade contemporânea. Sugerimos como hipótese central que a educação escolar indígena contemporânea apresenta como sendo uma de suas facetas mais relevantes e possivelmente hegemônicas em relação a outros direcionamentos nesse campo, a constituição e desenvolvimento profícuo de uma realidade científica confluente com o privilégio e a ênfase que nossa sociedade nacional e globalizada investe sobre a produção de ciência, cultura, política e economia na forma de textos e literaturas fundamentalmente codificadas a partir da escrita, designando a modernidade ocidental como sendo grafocêntrica alfabética em detrimento de outros modos de informação, comunicação, pensamento e práticas próprias de outras formas de sociedade como o caso das etnias indígenas. Defendemos que a prerrogativa empreendida em prol do desenvolvimento textual ou literário grafocentrado no sistema alfabético de comunicação governamental e acadêmico provoca um distanciamento do pensamento e da ação cientifica que se anunciam como comprometidos com as realidades mundanas, objetiva, material – em oposição ao ideal – realista das escolas indígenas cada vez mais presentes e participantes da vida comunitária das inúmeras e diversas etnias habitantes do território político e econômico brasileiro. O privilégio sobre as produções textuais tem como guia hodierno quatro conceitos legislativos e também científicos fundamentais para a configuração teórica e prática da educação escolar indígena: interculturalidade, bilinguismo, diferenciada e específica. Em sendo o centro motriz das experiências e análises acadêmicas e políticas sobre a educação escolar indígena, tais conceitos surgem e são assim reforçados como proposições teóricas e políticas para o desenvolvimento de intervenções educacionais no seio das aldeias indígenas tomando como ambiente privilegiado a escola. Entretanto, os incontáveis fracassos, os diversos efeitos colaterais teóricos e metodológicos provocados pelas aplicações das proposições legislativas; o agravamento de situações específicas junto a um imenso conjunto de mal-entendidos ao lado do acirramento de contradições filosóficas, ideológicas, políticas, econômicas, científicas, críticas e experimentais fizeram com que passássemos a desconfiar – e investigar as – das possibilidades objetivas de realização dos referidos conceitos fundamentais fora dos campos de produções imaginárias – mentais – e textuais concebidas aqui como virtuais, assim como impossíveis de realização dentro das dinâmicas mundanas das comunidades indígenas, suas escolas e seus sujeitos. Em suma, os excelentes e esclarecedores desdobramentos das produções textuais e literárias sobre educação escolar indígena, assim como por esse meio a produção e aperfeiçoamento de instrumentos teórico-metodológicos e técnicotecnológicos cada vez mais complexos e arrojados, não vêm correspondendo com as aparências superestruturais e com as bases infra-estruturais da vida indígena na Modernidade. Assim, a dúvida que passou a nos acometer toma a forma de perguntas como: não seriam os quatro conceitos fundamentais da educação escolar indígena atual aporias e ideologias cujas tentativas de efetivação não seriam esquadrinhadas pelo que entendemos por práticas da alquimia? Nesse sentido, a partir de pensadores como Bachelard, Peirce e Marx/Gramsci sugerimos como práxis o estabelecimento de experimentações cada vez mais radicais e controladas dos mencionados quatro conceitos fundamentais em contextos particulares de educação escolar indígena não em prol da afirmação dos mesmos, mas sim em favor de um ponto de vista científico que tem como garantia de um conhecimento aproximado do real a dúvida e a desconfiança sobre as proposições teóricas geralmente tidas como imutáveis e necessárias. / Salvador
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