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Homem não chora: um estudo sobre viuvez masculina em camadas médias urbanasMaria Lago Falcão, Tânia 31 January 2009 (has links)
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Previous issue date: 2009 / Viuvez. Palavra que traz embutida uma ausência. Fenômeno que chega na vida de alguém sem
fazer parte, previamente, do seu projeto de vida, e que por isso tende a trazer modificações
inesperadas e provavelmente jamais imaginadas. Dentre todos os eventos que ocorrem com as
pessoas durante seu ciclo de vida, aquele relacionado com a morte de alguém muito próximo
afetivamente é talvez o mais traumático, deixando as marcas mais profundas. Em grande parte
das investigações onde a viuvez é assinalada, isto é feito de forma incidental, dentro de
trabalhos cujo foco central é a velhice e as mulheres, além de serem oriundas
predominantemente da área biomédica e/ou saúde mental. No Brasil, a pesquisa em viuvez
tem contemplado majoritariamente o gênero feminino, havendo núcleos de estudos em
algumas universidades brasileiras, cujas linhas de pesquisa se referem a idosas. Estudos e
publicações sobre viuvez, como problema enfrentado também por homens, são bastante
escassos em todos os campos do conhecimento científico. É aqui que se insere esta tese: um
estudo sobre viuvez masculina em camadas médias urbanas. Para tentar dar conta da proposta,
centro a investigação nos procedimentos de reorganização de vida de homens residentes na
grande Recife, no Nordeste do Brasil, após a morte da esposa/companheira. Os objetivos da
pesquisa buscavam descobrir as reações imediatas, mediatas e tardias desses homens, as
eventuais mudanças nos modos de vida e relações sociais, os meios de suporte econômico, de
serviços, pessoal-social e pessoal-emocional utilizados, a existência (ou não) de prescrições
sociais ligadas à viuvez masculina e as representações que regem esse universo, em nosso
meio. O instrumento utilizado para a coleta de dados foi a entrevista narrativa, aplicada em
encontro que se realizou, em geral, na residência ou no local de trabalho do enviuvado. O
número total de 20 homens compôs a amostra da pesquisa, com idades variando de 36 a 82
anos, e com tempo de viuvez de seis meses a 34 anos. A vivência da doença e/ou morte da
esposa foi quase sempre acompanhada integralmente pelo marido. Alguns dos enviuvados
recasaram; outros optaram por não fazê-lo; alguns tinham passado por transformações
pessoais; a maioria assumiu a administração total da casa. A criação dos filhos, o trabalho e a
religiosidade são os recursos de maior impacto para uma adequada adaptação à nova situação.
Os principais suportes utilizados vêm das redes sociais, sendo que empregada doméstica e
amigo íntimo ocupam uma posição importante entre os apoios recebidos. Todas as histórias
narradas mostram um teor de emoção que geralmente os estereótipos culturais e o senso
comum negam aos homens. Faz-se a constatação que homens choram, sim: nas entrevistas, a
maioria fica com a voz embargada, outros choram livremente, a ponto de não conseguir falar.
As emoções, do vivido ontem e da saudade hoje, estão bem presentes. Enfim, esta tese fala de
dor, sofrimento e morte, mas também de vida, felicidade e amor. Mas, fundamentalmente,
busca contribuir, a partir de experiência local, para a ampliação e legitimação do campo da
Antropologia das Emoções, no país
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