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Análise da paisagem visando a formação de corredores de biodiversidadeMuchailh, Mariese Cargnin 27 June 2013 (has links)
Objetivou-se com o estudo elaborar uma proposta de definição de áreas para a formação de corredores de biodiversidade, que possibilitasse relacionar os aspectos dos meios abióticos, bióticos bem como da estrutura da paisagem. A unidade de planejamento foi a porção superior da bacia do rio São Francisco Falso, com 4.629,47ha, situada no Terceiro Planalto Paranaense, área fortemente antropizada, com solos de alta fertilidade, com apenas 19% da cobertura original da Floresta Estacional Semidecidual. Por meio de imagens de satélite (SPOT), fotografias aéreas e levantamentos de campo foram efetuados diagnósticos do uso atual do solo, em especial o mapeamento semidetalhado de solos, e mapeamento da vegetação remanescente, com o objetivo de identificação das áreas de maior fragilidade, e dos fragmentos prioritários para conservação e das zonas necessárias à recuperação visando à conectividade dentre os fragmentos. As métricas da paisagem foram analisadas utilizando programas Fragstats e AcrView. Foram identificadas duas unidades geomórficas: relevos convexados e patamarizados. Nos convexados, situados na porção inicial da bacia, as zonas de alta fragilidade ambiental foram as porções inferiores das rampas longas, próximas aos cursos d’água, onde ocorrem solos hidromórficos (Organossolos, Gleissolos e Neossolos), altamente vulneráveis, e que foram submetidos a soterramentos devido aos processos erosivos originados nas porções superiores do relevo. Nas paisagens patamarizadas, que predominam a partir do segundo terço da área de estudo, as zonas de maior fragilidade foram os ambientes de encostas, nas porções de maior declividade, onde estão situados
solos rasos (Neossolos Litólicos e Neossolos Regolíticos), altamente erodíveis, e que também, em função da alta CTC, necessitam de cobertura vegetal para evitar a perda de
solos. Portanto, por meio do mapeamento dos solos foi possível a identificação das áreas de fragilidade quanto aos aspectos abióticos situadas nas encostas, com 642,10ha e em
ambientes fluviais, com 498,67ha, que representaram 13,94% do total da área de estudo.
Os fatores bióticos (vegetação) e de estrutura da paisagem (tamanho e disposição espacial dos fragmentos) resultaram na escolha dos remanescentes prioritários para a conservação. Foi observado que a preservação dos 18 maiores fragmentos, dentre os 57 remanescentes, representaria a conservação de 80% de toda cobertura florestal existente. Nesses fragmentos, definidos como prioritários, recomenda-se que os esforços para a manutenção da integridade devam ser efetivados com a ampliação de suas áreas, por meio de reflorestamento com essências nativas preferencialmente, em um raio de 35m no entorno, visando a diminuição dos efeitos de borda e o aumento da proteção contra os impactos da matriz, o que representaria 134,34ha de áreas a serem restauradas. O fragmento ao longo do rio (FEP), apesar de ser composto predominantemente por vegetação secundária e ser o mais afetado pelo efeito de borda, é o que apresenta a maior conectividade, representando 76% da área de cobertura florestal remanescente. Sua disposição espacial, sobre as áreas frágeis de influência fluvial, denota a importância da preservação para o incremento e manutenção dos fluxos biológicos na área e para a estabilidade do ambiente.A proposta final de implantação do corredor, bem como das áreas a serem recuperadas, foi resultante da interação das informações obtidas sob os aspectos abióticos, referente às zonas de fragilidades em encostas e fluviais; do meio biótico, com a conservação dos 18 fragmentos considerados prioritários e da recomposição de suas áreas de entorno, e ainda, com a conservação do fragmento situado ao longo dos ambientes fluviais (FEP). Essas áreas totalizaram 1.592,66ha, que representam 34,40% da área de estudo. Para isso, seria necessário um incremento de 735,82ha de cobertura florestal a ser implementada nas zonas descritas. O restante da área (3.036,81ha) que corresponde a 65,60%, seriam passíveis de produção agrosilvopastoril, cujo manejo deveria atender recomendações específicas de conservação dos recursos naturais. A conservação nas zonas recomendadas acarretaria em melhorias significativas nas condições ambientais, fato evidenciado não somente pelo
aumento na cobertura florestal, que de 19,37% passaria a 34,49%, mas pelos índices e métricas obtidos com a simulação da implantação do corredor. O número de fragmentos passaria de 57 para apenas 12, porém maiores e com maior conectividade. O tamanho médio dos fragmentos de 15,79ha passaria a 129,54ha, a conectividade de 2,25% a 13,63%, e o maior fragmento - FEP de 684,28ha a 1.512,44ha de áreas estrategicamente
conectadas ao longo dos ambientes fluviais. A metodologia pode ser considerada eficiente por relacionar os aspectos do meio físico, biológico e da estrutura da paisagem, proporcionando a estabilidade da bacia, incrementos nos fluxos biológicos e, conseqüentemente na conservação da biodiversidade. Também foi evidenciada a viabilidade de implementação no campo pois as áreas recomendadas para a recomposição situam-se em solos de baixo potencial agrícola e seu total pouco difere do previsto pela atual legislação ambiental
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