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A apropriação de uma tradição: Um estudo sobre o Festival de Música Folclórica de Santa Rosa do Tocantis/TOSouza, Eliane Castro de 08 August 2005 (has links)
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Previous issue date: 2005-08-08 / The Catholic religious celebrations called Folias of Saints are a Portuguese
Colonial inheritance registering time and daily life of farmers families in Tocantins,
specifically in the Southeast and the center of the State. In these regions as well as
planting and for spoon it has the time to celebration ( festar in Portuguese) to
congregate the foliões , to walk with the folias , to raise the mast in the day
consecrated to the saint. The folias of the Holy Spirit are recognized as most
traditional. The devotion is passed down of generation the generation. The party is of
the community, all share of its accomplishment. Roda , Catira and Sússia composes
the universe of the folia . Sacred, profane, heterogeneous and without delimited
borders, folias confer identity to communities. Carried through in the interior of these
communities it is related to its religiosity, the collective, the reciprocity and solidarity of
the individuals. It is a manifestation of its culture. It are of this context this
manifestation loses its originality and gain new meanings; it loses its usual character
and is presented as a spectacle.
It is from this point of view that is analyzed the Santa Rosa City s Folk Music
Festival. The creation and accomplishment of the festival are a concrete action of the
mediation of the municipal government on the tradition of the folias of saints. The
festival concern on music and rhythm developed by the foliões. Compositions of the
folias as catira , the sússia and the roda are segmented and transformed into
considered categories and awardees as better catira , better roda , better vena and
etc. The folião is played in a dimension destitute of an original sacred character and
yields to the competition. The festival gives emphasis to the plasticity and the aesthetic
one in detriment of the cultural meaning. It transforms the rituals of the folias into
ephemeral presentations that do not consist as part accomplishes of the life of the
foliões. It is a new inserted element in the dynamics of the culture provoking changes in
the values constructed and attributed to the cultural goods. Through the appropriation of
these goods for the government a new manifestation is invented where it withholds the
control of its accomplishment. This appropriation also implies in the construction of a process of identification of the city of Santa Rosa inside of the region, the State or even
of the Country. Thus the municipal government took for itself the guardianship of the
cultural preservation. However the idea of preservation through external agents if does
not apply to the cultural manifestations, it only related to the groups or communities that
carry through them. The continuity or not of the manifestation must it a negotiation in
the interior of each community. But the quarrel on the mediation of the municipal
government to the cultural manifestations is validates. It can contribute of some form to
rethink the elaboration and application of cultural politics. / Herança colonial portuguesa, as festas religiosas com as folias dos santos da Igreja
Católica marcam o tempo e o cotidiano das famílias camponesas no Tocantins,
especificamente no sudeste e no centro do Estado. Nessas regiões assim como para
plantar e para colher, há o tempo para festar reunir os foliões, girar com as folias,
levantar o mastro no dia consagrado ao santo. As folias do Divino são reconhecidas
como as mais tradicionais . A devoção é repassada de geração a geração. A festa é da
comunidade, todos compartilham da sua realização. A roda, a catira, a sússia compõe o
universo da folia sagrado e profano, heterogêneo e sem fronteiras delimitadas.
Realizadas no interior dessas comunidades diz respeito à sua religiosidade, à
coletividade, à reciprocidade e solidariedade dos indivíduos. É uma manifestação da sua
cultura. Fora desse contexto essa manifestação perde sua originalidade e ganha novos
significados; perde o seu caráter ordinário e é apresentada como um espetáculo.
É nesse sentido que é abordado o Festival de Música Folclórica de Santa Rosa do
Tocantins no Sudeste do Estado. A criação e realização do festival é uma ação concreta
da ingerência do poder público municipal junto à tradição das folias de santos. O
festival diz acerca da música e do ritmo desenvolvido pelos foliões. Composições das
folias como a catira, a sússia e a roda são segmentadas e transformadas em categorias
julgadas e premiadas no palco da cidade como a melhor catira , melhor roda , melhor
vena e etc,. O folião é jogado numa dimensão destituído de sacralidade onde a
reciprocidade cede lugar à competição. O festival dá ênfase à plasticidade e à estética
em detrimento do significado cultural. Transforma os rituais das folias em apresentações
efêmeras que não se constituem como parte efetiva da vida dos foliões. É um novo
elemento inserido na dinâmica da cultura provocando mudanças nos valores construídos
e atribuídos aos bens culturais. Através da apropriação desses bens pelo poder público
inventa-se uma nova manifestação onde ele detém o controle da sua realização. Essa
apropriação implica também na construção de um processo de identificação do
município de Santa Rosa dentro da região. Para tanto o poder público tomou para si a
tutoria da preservação cultural. Contudo a idéia de preservação através de agentes
externos não se aplica às manifestações culturais, somente diz respeito aos grupos ou comunidades que as realizam. A continuidade ou não da manifestação deve-se a uma
negociação no interior de cada comunidade. Ainda assim, a discussão sobre a ingerência
do poder público junto às manifestações culturais é pertinente, pois pode contribuir de
alguma forma para se repensar a elaboração e aplicação de políticas culturais.
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