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Influência das secas severas na ocorrência de incêndios florestais e perdas de carbono no Sul da Amazônia, estudo de caso em terras indígenasBarros, Heberton Henrique Dimas de 25 October 2016 (has links)
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Previous issue date: 2016-10-25 / Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq / The severe droughts that plague the Amazon have been associated with increased frequency and intensity of forest fires and agricultural burning, especially in the last decade, which has seen an increase in the intensity and frequency of drought events caused by warming of surface water in the Pacific (El Niño) and the North Atlantic (AMO - Atlantic Multidecadal Oscillation). Although ever more common throughout the Amazon, deforestation-frontier regions have shown increased susceptibility to the occurrence of fires in recent years when affected by severe drought because the fire has its greatest source of ignition from human activity. In the already consolidated agricultural areas in the triple-border region between the states of Rondônia, Mato Grosso and Amazonas, forests are concentrated in indigenous territories where, in the most extreme cases, these forests form barriers, with indigenous lands inhibiting deforestation and forest degradation because they have a relationship of control and land management that inhibits its advance. The strategy adopted by some indigenous groups in this region is the formation of blocks of contiguous indigenous lands to strengthen land management, where indigenous peoples are grouped into forest regions called “ethno- environmental corridors.” We analyzed two of these corridors located in the triple-border region under different intensities of human disturbance based on historical deforestation rates. We used satellite images from Landsat in time series covering the 1986-2015 period and examined the occurrence and recurrence of fire within the indigenous areas and in their surroundings. Finally, we performed a forest biomass inventory to assess the reduction in carbon stocks caused by recurrence of forest fires in the indigenous lands. Although significant, we found that the relationships of forest fires and agricultural burning with oceanic oscillations are weak. Themost influential was the AMO (r 2 = 0.209, p <0.05) in the southern portion of Amazonas state and El Niño (r 2 = 0.159; p <0.05),innortheastern Rondônia and in northwestern Mato Grosso. Driven by deforestation in the surrounding area, the corridor under greatest pressure had forest cover reduced 4.9 times more than in the corridor with lower anthropic pressure. As for the fire, the corridor under greater pressure had an area of 750,140 ha of forests burned, a value 6.8 times greater than the area burned in the corridor under less pressure. Indigenous lands had areas affected by fire 9.6 (r 2 = 0.629) and 4.6 (r 2 = 0.301) times smaller than in their respective surrounding areas in the corridors within greater and lesser human pressure, respectively. With the occurrence of severe drought, indigenous lands under greater pressure were most affected by fire, with an annual average area affected 52.8% higher than the area affected in neutral years, while in the surroundings of the indigenous lands the area affected by fires in years of severe drought increased by 30.0%. When we compare the areas affected by recurrent fires with adjacent unburned forests, we observed that there was a reduction in the stock of total biomass of 26.6% after the first fire, 46.0% after the second and 57.7% after the third fire (r 2 = 0.732; p <0.02). Although effective in curbing deforestation, the area of forests degraded by fire has increased considerably in these areas, as there is external pressure from the surrounding area that is able to radically change the culture of these people. The indigenous people tend to adopt the economic matrix of the surrounding areas, changing their farming practices and production within their territories, thus changing the landscape and the risk of future emissions in years with severe droughts in the Amazon. / As secas severas que assolam a Amazônia têm sido associadas com o aumento na frequência e intensidade de incêndios florestais e queimadas, em especial na última década onde foi observado o aumento na intensidade e frequência destes eventos de seca ocasionados pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico (El Niño) e do Atlântico Norte (AMO – AtlanticMultidecadalOscillation). Embora mais frequentes em toda a Amazônia, as regiões de fronteira de desmatamento tem demonstrado maior susceptibilidade a ocorrência de incêndios nestes anos afetados por secas severas, pois o fogo tem na atividade antrópica sua maior fonte de ignição. Nas áreas agrícolas já consolidadas entre os estados de Rondônia, Mato Grosso e Amazonas, as matrizes florestais estão concentradas nas Terras Indígenas, onde, nos casos mais extremos, essas florestas formam verdadeiras barreiras dispostas em mosaicos de terras indígenas capazes de inibir o avanço do desmatamento e degradação florestal, pois a conservação das florestas está atrelada a sua luta histórica pelo direito a terra e garantia dos direitos humanos. A estratégia adotada por alguns grupos indígenas nesta região é a formação de blocos de terras indígenas fronteiriças para o fortalecimento da gestão territorial, onde os povos se agrupam em verdadeiros maciços florestais denominados “Corredores Etnoambientais”. Para avaliar os efeitos das secas severas e a interação antrópica na ocorrência de incêndios florestais analisamos dois corredores etnoambientais localizados na tríplice fronteira sob diferentes intensidades de pressão humana baseado nas taxas históricas de desflorestamento e nos sistemas de governança, neste caso as terras indígenas e seu entorno imediato. Para tanto foram analisadas séries temporais de imagens da série do satélite Landsat no período entre 1986-2015 e verificada a ocorrência e reincidência do fogo dentro das terras indígenas e entorno. Por fim, foi realizado o inventário florestal de biomassa para quantificar a redução nos estoques de carbono derivados da recorrência de incêndios florestais dentro das TIs e quantificar as emissões comprometidas e herdadas pela degradação da floresta por incêndios florestais e sua variação interanual frente um cenário de alterações no clima. Embora significativas, verificamos que as relações entre a ocorrência de incêndios florestais com as oscilações e anomalias oceânicas são fracas, com maior influência do AMO (r 2 = 0,209; p < 0,02) no sul do Amazonas e dos eventos de El Niño (r 2 = 0,159; p < 0,03) na região nordeste de Rondônia e noroeste do Mato Grosso. A área sob maior pressão teve uma redução da cobertura florestal 4,9 vezes maior que o corredor sob menor pressão antrópica, impulsionado pelo desmatamento no entorno. Quanto aos incêndios, o corredor sob maior pressão teve uma área de 750.140 ha de florestas queimadas, valor 6,8 vezes superior a área afetada por incêndios no corredor sob menor pressão. As TIs tiveram uma área afetada por incêndios 9,6 vezes menor(r 2 = 0,629) e 4,6 (r 2 = 0,301) do que o entorno nos corredores sob maior e menor pressão antrópica, respectivamente. Nos anos de ocorrência de secas severas as TIs sob maior pressão foram mais afetadas pelo fogo, com uma área média anual 52,8% maior do que a área afetada em anos neutros, enquanto o entorno das TIs teve um aumento de 30,0% na área afetada por incêndios em anos de secas severas. Quando verificamos o efeito dos incêndios recorrentes na perda dos estoques de carbono, observamos que houve uma redução no estoque de biomassa total de 26,6% após o primeiro incêndio, 46,3% após o segundo e 56,0% após o terceiro incêndio (r 2 = 0,732; p < 0,02), com os efeitos mais pronunciados na redução do estoque da biomassa viva acima do solo e aumento do estoque nas árvores mortas em pé. Ao longo dos 30 anos da série analisada estimamos que as emissões brutas comprometidas foram de 11.694,9 ± 6.848,8GgC, sendo 87% referente às perdas líquidas comprometidas pela redução do estoque de carbono na biomassa viva acima do solo e 13,0% permaneceram na área como emissões herdadas pelo acumulo da necromassa. Por fim, verificamos neste trabalho que, embora efetivas na contenção do desmatamento, a área de florestas degradadas por incêndios tem aumentado consideravelmente nas terras indígenas, pois existe uma pressão externa do entorno que é capaz de influenciar radicalmente a cultura destes povos que passa a adotar a matriz econômica do entorno dentro dos seus territórios, alterando suas práticas de cultivo e produção, consequentemente alterando a paisagem e o risco de emissões futuras em anos de ocorrência de secas severas na Amazônia. Tanto é que verificamos as emissões comprometidas aumentam nos anos de secas severas, com acumulo de necromassa em florestas degradadas que continuam a pegar fogo mesmo em anos neutros ande há a ação humana.
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