Resumo: Considerando o fato de existirem poucos dados para o Paraná sobre o lobo-guará, espécie ameaçada de extinção, foi realizado um estudo na Fazenda Monte Alegre (FMA) com o intuito de analisar a composição e sazonalidade em sua dieta, com ênfase na alimentação frugívora da espécie. De abril de 2003 a março de 2004 foram coletadas 200 amostras fecais de lobos-guará na FMA, sendo identificados 76 itens presentes na dieta, composta por frutos (45,93%), vertebrados (26,07%), insetos (12,83%), gramíneas (10,76%) e lixo orgânico (4,41%). Os itens mais consumidos para cada categoria foram os frutos Syagrus romanzoffiana (jerivá) e Solanum lycocarpum (lobeira ou fruta-do-lobo), pequenos roedores Sigmodontinae, Coleoptera e lixo orgânico diverso. Houve maior consumo de itens durante a estação seca, sendo a amplitude de nicho da espécie maior na primavera e menor no inverno. Quanto à dieta frugívora, foram consumidos mais frutos de coloração amarela e de pequeno porte, e maior massa durante a estação seca. Deste modo, entende-se que, assim como para várias regiões de cerrado do país, algumas de maior preservação que a FMA, o lobo-guará apresentou uma dieta onívora e oportunista temporal, apesar dos impactos antrópicos em decorrência do manejo da silvicultura. Possivelmente, isso se deva à grande parcela da FMA que se destina à preservação de Floresta Ombrófila Mista e de campos naturais, ambos habitats deste canídeo, e onde se encontram recursos necessários à sobrevivência da espécie.