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A natureza do psíquico e o sentido da metapsicologia na psicanálise freudiana.Caropreso, Fátima Siqueira 15 September 2006 (has links)
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Previous issue date: 2006-09-15 / O texto Sobre a concepção das afasias , publicado em 1891, pode ser considerado
o passo inaugural da metapsicologia freudiana, devido à reflexão aí presente sobre a
natureza da representação. A crítica empreendida por Freud às concepções neurológicas
predominantes sobre as afasias e à teoria neurológica mais geral que as embasavam acaba
levando-o a redefinir o conceito de representação, central para o que se tornaria a sua
metapsicologia. Encontramos também, nesse texto, a origem da noção de aparelho : Freud
apresenta aí o conceito de aparelho de linguagem , de cujos desenvolvimentos posteriores
resultará, em 1900, a noção de aparelho psíquico . Embora encontremos, nessa
monografia de 1891, uma primeira formulação dos conceitos freudianos de representação e
de aparelho, não está presente ainda, nesse momento, a idéia de um psíquico inconsciente.
Ao contrário, é notável a recusa explícita de Freud da possibilidade de existência de algo
que seja ao mesmo tempo mental e inconsciente: a mente restringir-se-ia ao consciente e,
portanto, a idéia de uma representação inconsciente, se entendida literalmente, seria uma
contradição em termos, tendo em vista as hipóteses sustentadas por Freud nesse trabalho. O
primeiro lugar em que Freud desvincula explicitamente os conceitos de mente e de
consciência é no Projeto de uma psicologia , texto redigido em 1895, mas publicado
postumamente em 1950. Nos textos sobre as neuroses que se intercalam entre 1891 e 1895,
podemos perceber que já há uma certa relutância de Freud em manter a identificação do
mental à consciência, mas ele não chega a descartá-la de fato, o que é feito somente no
Projeto... . Freud propõe aí que o psíquico seja independente e mais amplo do que a
consciência: esta deixa de corresponder a todo o psíquico e passa a ser pensada como uma
qualidade que pode vir a se acrescentar a uma pequena parte dos processos psíquicos
inconscientes. Para incorporar a noção de psíquico inconsciente em sua teoria, Freud passa
a considerar, no Projeto... , que a representação não é mais, como havia sido pensado em
1891, o concomitante psíquico de um processo cortical associativo; a representação passa a
ser o próprio processo cortical. Em 1895, Freud identifica claramente o psíquico
inconsciente a processos cerebrais e tenta formular uma teoria sobre esses processos em
termos neurológicos. A metapsicologia, portanto, nesse momento inicial do pensamento
freudiano, ainda é explicitamente uma neuropsicologia. Sabemos que, nos textos
metapsicológicos posteriores de Freud, essa referência explícita à neurologia desaparece.
Mas será que isso quer dizer que Freud deixou de lado sua concepção do Projeto... de que
os processos psíquicos inconscientes seriam processos cerebrais? A metapsicologia, de
início claramente uma neurologia, passou a ser uma pura psicologia, porque a natureza do
seu objeto de estudo passou a ser pensada de outra forma, isto é, porque Freud deixou de
acreditar que os processos psíquicos inconscientes sejam processos cerebrais? Nessa tese,
percorreremos os textos metapsicológicos de Freud tentando encontrar, por um lado, uma
resposta a essas questões e, por outro, tentando esclarecer como esse conceito de psíquico
inconsciente vai sendo desenvolvido ao longo do pensamento metapsicológico freudiano. O
que justifica o conceito de um psíquico inconsciente? Quais são suas propriedades? Que
relação há entre o inconsciente e a consciência? Qual a natureza desse psíquico
inconsciente e qual é o estatuto da metapsicologia freudiana? Essas são as questões que se
procurará desenvolver aqui.
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