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Restauração ecológica em campos invadidos por Urochloa decubens nos campos sulinos

Thomas, Pedro Augusto January 2017 (has links)
Ecossistemas campestres encontram-se fortemente impactados por conversão de hábitat e por espécies exóticas invasoras. É necessário restaurar os ecossistemas campestres ao redor do globo. Entretanto, para os ecossistemas campestres brasileiros há poucas experiências de restauração e precisamos testar a viabilidade de técnicas normalmente empregadas em outros lugares. O objetivo deste estudo foi testar diferentes combinações de técnicas para restauração de campos invadidos por Urochloa decumbens nos Campos Sulinos, sul do Brasil. Combinaram-se duas técnicas de controle da espécie invasora (aplicação de herbicida e remoção superficial de solo) e duas técnicas de introdução de espécies nativas (transposição de feno e semeadura direta). Foram estabelecidos oito blocos em um experimento bifatorial no Morro Santana, Porto Alegre, combinando dois fatores e cada um com três tratamentos (duas técnicas mais o controle). A cobertura de vários grupos de espécies, riqueza de espécies e composição de espécies foram avaliadas por análises de variância, e então também por análise de coordenadas principais. Adicionalmente, a relação entre a cobertura da invasora e das espécies nativas foi investigada. As técnicas de controle da invasora mostraram-se eficientes tanto na redução da cobertura da espécie, como em permitir a entrada de espécies nativas na comunidade. Comparando as duas técnicas, aplicação de herbicida pareceu ser melhor do que a remoção superficial de solo, pois parcelas que tiveram a aplicação tiveram menor cobertura da invasora e maior riqueza de espécies. Já as técnicas de introdução de espécies mostraram-se insuficientes para adicionar espécies nativas na comunidade para competir com U. decumbens. Padrões de composição de espécies diferiram entre os tratamentos. Técnicas de controle do invasor diferiram grandemente do seu controle, que foi dominado por U. decumbens. Uma clara relação existe entre a cobertura da invasora e a presença e cobertura de espécies nativas. Então o controle da espécie invasora é fundamental para uma maior recuperação da vegetação. Entretanto, os resultados aqui apresentados correspondem a apenas oito meses após a finalização da implementação do experimento, e ações futuras de manejo na área deverão combinar novamente o controle da invasora com introdução de espécies nativas. / Grasslands ecosystems are strongly impacted by land use and invasive species. It is necessary restore these ecosystems around the world. However, there are few experiences with ecological restoration for the Brazilian grasslands and we need to test the viability of techniques normally used in others grasslands ecosystems. The aim of this study was to test different combinations of techniques to the ecological restoration of grasslands invaded by Urochloa decumbens in Campos, Southern Brazil. We combine two techniques to control the invasive species (herbicide application and topsoil removal) and two techniques to introduce native species (hay transfer and direct sowing). We established nine blocks in a bi-factorial experiment on Morro Santana, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, combining two factors and each one with three treatments (two techniques plus the control). The coverage of various groups of species, species richness, and species composition were evaluated by variance analyses, and the later also by a principal ordination analysis. Additionally, the relation between invader coverage and native species was investigated. Both techniques to control invasive species have shown to be efficient to reduce the coverage of the invasive species, as well as to allow the arrival of native species. Specifically comparing them, the herbicide application seems to be a better treatment than the topsoil removal, once plots with herbicide had lower invasive species coverage and higher species richness. However, the species introduction techniques failed efficiently to add native species to the community composition and to compete with U. decumbens. Species composition patterns differed among the treatments. The invader control techniques greatly differed from their control, which was dominated by U. decumbens. A clear relationship exists between the invader coverage and the presence and coverage of native species. Thus, the control of the invasive species is fundamental to further vegetation recovery. Nevertheless, results here presented correspond to just eight months from the experiment implantation and future monitoring and management actions on the area should combine once more the control of the invasive species and the introduction of native species.
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Restauração ecológica em campos invadidos por Urochloa decubens nos campos sulinos

Thomas, Pedro Augusto January 2017 (has links)
Ecossistemas campestres encontram-se fortemente impactados por conversão de hábitat e por espécies exóticas invasoras. É necessário restaurar os ecossistemas campestres ao redor do globo. Entretanto, para os ecossistemas campestres brasileiros há poucas experiências de restauração e precisamos testar a viabilidade de técnicas normalmente empregadas em outros lugares. O objetivo deste estudo foi testar diferentes combinações de técnicas para restauração de campos invadidos por Urochloa decumbens nos Campos Sulinos, sul do Brasil. Combinaram-se duas técnicas de controle da espécie invasora (aplicação de herbicida e remoção superficial de solo) e duas técnicas de introdução de espécies nativas (transposição de feno e semeadura direta). Foram estabelecidos oito blocos em um experimento bifatorial no Morro Santana, Porto Alegre, combinando dois fatores e cada um com três tratamentos (duas técnicas mais o controle). A cobertura de vários grupos de espécies, riqueza de espécies e composição de espécies foram avaliadas por análises de variância, e então também por análise de coordenadas principais. Adicionalmente, a relação entre a cobertura da invasora e das espécies nativas foi investigada. As técnicas de controle da invasora mostraram-se eficientes tanto na redução da cobertura da espécie, como em permitir a entrada de espécies nativas na comunidade. Comparando as duas técnicas, aplicação de herbicida pareceu ser melhor do que a remoção superficial de solo, pois parcelas que tiveram a aplicação tiveram menor cobertura da invasora e maior riqueza de espécies. Já as técnicas de introdução de espécies mostraram-se insuficientes para adicionar espécies nativas na comunidade para competir com U. decumbens. Padrões de composição de espécies diferiram entre os tratamentos. Técnicas de controle do invasor diferiram grandemente do seu controle, que foi dominado por U. decumbens. Uma clara relação existe entre a cobertura da invasora e a presença e cobertura de espécies nativas. Então o controle da espécie invasora é fundamental para uma maior recuperação da vegetação. Entretanto, os resultados aqui apresentados correspondem a apenas oito meses após a finalização da implementação do experimento, e ações futuras de manejo na área deverão combinar novamente o controle da invasora com introdução de espécies nativas. / Grasslands ecosystems are strongly impacted by land use and invasive species. It is necessary restore these ecosystems around the world. However, there are few experiences with ecological restoration for the Brazilian grasslands and we need to test the viability of techniques normally used in others grasslands ecosystems. The aim of this study was to test different combinations of techniques to the ecological restoration of grasslands invaded by Urochloa decumbens in Campos, Southern Brazil. We combine two techniques to control the invasive species (herbicide application and topsoil removal) and two techniques to introduce native species (hay transfer and direct sowing). We established nine blocks in a bi-factorial experiment on Morro Santana, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, combining two factors and each one with three treatments (two techniques plus the control). The coverage of various groups of species, species richness, and species composition were evaluated by variance analyses, and the later also by a principal ordination analysis. Additionally, the relation between invader coverage and native species was investigated. Both techniques to control invasive species have shown to be efficient to reduce the coverage of the invasive species, as well as to allow the arrival of native species. Specifically comparing them, the herbicide application seems to be a better treatment than the topsoil removal, once plots with herbicide had lower invasive species coverage and higher species richness. However, the species introduction techniques failed efficiently to add native species to the community composition and to compete with U. decumbens. Species composition patterns differed among the treatments. The invader control techniques greatly differed from their control, which was dominated by U. decumbens. A clear relationship exists between the invader coverage and the presence and coverage of native species. Thus, the control of the invasive species is fundamental to further vegetation recovery. Nevertheless, results here presented correspond to just eight months from the experiment implantation and future monitoring and management actions on the area should combine once more the control of the invasive species and the introduction of native species.
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Restauração ecológica em campos invadidos por Urochloa decubens nos campos sulinos

Thomas, Pedro Augusto January 2017 (has links)
Ecossistemas campestres encontram-se fortemente impactados por conversão de hábitat e por espécies exóticas invasoras. É necessário restaurar os ecossistemas campestres ao redor do globo. Entretanto, para os ecossistemas campestres brasileiros há poucas experiências de restauração e precisamos testar a viabilidade de técnicas normalmente empregadas em outros lugares. O objetivo deste estudo foi testar diferentes combinações de técnicas para restauração de campos invadidos por Urochloa decumbens nos Campos Sulinos, sul do Brasil. Combinaram-se duas técnicas de controle da espécie invasora (aplicação de herbicida e remoção superficial de solo) e duas técnicas de introdução de espécies nativas (transposição de feno e semeadura direta). Foram estabelecidos oito blocos em um experimento bifatorial no Morro Santana, Porto Alegre, combinando dois fatores e cada um com três tratamentos (duas técnicas mais o controle). A cobertura de vários grupos de espécies, riqueza de espécies e composição de espécies foram avaliadas por análises de variância, e então também por análise de coordenadas principais. Adicionalmente, a relação entre a cobertura da invasora e das espécies nativas foi investigada. As técnicas de controle da invasora mostraram-se eficientes tanto na redução da cobertura da espécie, como em permitir a entrada de espécies nativas na comunidade. Comparando as duas técnicas, aplicação de herbicida pareceu ser melhor do que a remoção superficial de solo, pois parcelas que tiveram a aplicação tiveram menor cobertura da invasora e maior riqueza de espécies. Já as técnicas de introdução de espécies mostraram-se insuficientes para adicionar espécies nativas na comunidade para competir com U. decumbens. Padrões de composição de espécies diferiram entre os tratamentos. Técnicas de controle do invasor diferiram grandemente do seu controle, que foi dominado por U. decumbens. Uma clara relação existe entre a cobertura da invasora e a presença e cobertura de espécies nativas. Então o controle da espécie invasora é fundamental para uma maior recuperação da vegetação. Entretanto, os resultados aqui apresentados correspondem a apenas oito meses após a finalização da implementação do experimento, e ações futuras de manejo na área deverão combinar novamente o controle da invasora com introdução de espécies nativas. / Grasslands ecosystems are strongly impacted by land use and invasive species. It is necessary restore these ecosystems around the world. However, there are few experiences with ecological restoration for the Brazilian grasslands and we need to test the viability of techniques normally used in others grasslands ecosystems. The aim of this study was to test different combinations of techniques to the ecological restoration of grasslands invaded by Urochloa decumbens in Campos, Southern Brazil. We combine two techniques to control the invasive species (herbicide application and topsoil removal) and two techniques to introduce native species (hay transfer and direct sowing). We established nine blocks in a bi-factorial experiment on Morro Santana, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, combining two factors and each one with three treatments (two techniques plus the control). The coverage of various groups of species, species richness, and species composition were evaluated by variance analyses, and the later also by a principal ordination analysis. Additionally, the relation between invader coverage and native species was investigated. Both techniques to control invasive species have shown to be efficient to reduce the coverage of the invasive species, as well as to allow the arrival of native species. Specifically comparing them, the herbicide application seems to be a better treatment than the topsoil removal, once plots with herbicide had lower invasive species coverage and higher species richness. However, the species introduction techniques failed efficiently to add native species to the community composition and to compete with U. decumbens. Species composition patterns differed among the treatments. The invader control techniques greatly differed from their control, which was dominated by U. decumbens. A clear relationship exists between the invader coverage and the presence and coverage of native species. Thus, the control of the invasive species is fundamental to further vegetation recovery. Nevertheless, results here presented correspond to just eight months from the experiment implantation and future monitoring and management actions on the area should combine once more the control of the invasive species and the introduction of native species.
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Modelo de simulação da dinâmica de vegetação em paisagens de coexistência campo-floresta no sul do Brasil

Blanco, Carolina Casagrande January 2011 (has links)
Uma questão que ainda instiga discussões na literatura ecológica é como explicar a coocorrência dinâmica e milenar de formações florestais e campestres sob um mesmo regime climático que tende a favorecer as primeiras, como ocorre atualmente com mosaicos florestacampo no sul do Brasil. A partir de meados do século XX, têm-se evidenciado um fenômeno mundial de avanço de elementos lenhosos sobre áreas abertas. Neste sentido, a modelagem dos processos ecológicos envolvidos na manutenção de ambas as formações numa escala de paisagem permite o esclarecimento dos mecanismos que atuam na manutenção dessa coexistência até o presente e permite prever estados futuros diante dos prognósticos de drásticas alterações climáticas globais já nas próximas décadas. Para tanto, desenvolveu-se um modelo espacialmente explícito (2D-aDGVM) que agrega um Modelo Adaptativo Global de Dinâmica de Vegetação (aDGVM) e ainda inclui heterogeneidades topográficas, propagação do fogo e dispersão de sementes. Este modelo busca satisfazer a necessidade de modelagem mais realista de processos biofísicos, fisiológicos e demográficos na escala de indivíduos e relacionados de forma adaptativa às variações ambientais e aos regimes de distúrbios, ao mesmo tempo que agrega importantes processos ecológicos espaciais, até então pouco ou nada abordados por esse grupo de modelos numa escala de paisagem. Com este modelo, avaliaram-se os efeitos das variações topográficas da radiação solar incidente e destas nos mecanismos de interação (feedbacks) positiva e negativa que surgem daqueles processos na escala de indivíduos e que definem localmente os limites da coexistência entre elementos arbóreos e herbáceos. Ainda, foram analisados os efeitos do aumento da temperatura, precipitação e CO2 atmosférico, desde o período pré-industrial até projeções futuras para as próximas décadas, na performance das diferentes fisiologias envolvidas, bem como no balanço daquelas interações entre as mesmas e, finalmente, na sensibilidade da dinâmica dos mosaicos floresta-campo. Os resultados evidenciaram que, sob o regime climático vigente, uma coexistência relativamente estável entre floresta e campo numa mesma paisagem é mantida por uma alta freqüência de distúrbios, que por sua vez, resulta do forte feedback positivo do acúmulo de biomassa inflamável da vegetação campestre na intensidade do fogo, proporcionado pela condição altamente produtiva do atual clima mesotérmico. Por outro lado, intensificadas pela declividade do terreno, as heterogeneidades espaciais afetaram o balanço dessas interações, interferindo nos padrões espaço-temporais relacionados ao comportamento do fogo e dependentes da densidade de elementos arbóreos. Ainda, tanto esses efeitos observados na escala das manchas de vegetação, como o arranjo espacial inicial das mesmas na paisagem, afetaram as taxas de expansão florestal. Em outras palavras, a manutenção da coexistência de duas formações vegetais constituídas por elementos de inerente assimetria competitiva é possível pela manutenção de uma maior conectividade daquela que propicia o distúrbio, superando a vantagem da outra, que por sua vez é dependente da densidade dos indivíduos. Numa escala de paisagem, isto causa a manutenção de uma baixa conectividade entre as manchas florestais, propiciando sua relativa estabilidade num contexto de dispersão predominante a curtas distâncias. Contudo, embora ambos os sistemas tenham apresentado incremento no crescimento, produtividade e fecundidade, observou-se uma sensibilidade maior no sentido de aumento das taxas de avanço florestal em resposta às projeções climáticas futuras, principalmente nos próximos 90 anos, mesmo na presença do fogo. Isto seria proporcionado pela vantagem fotossintética das árvores-C3 sobre gramíneas-C4 na presença do fogo sob altas concentrações de CO2 atmosférico. Por fim, uma abordagem mais sistêmica dos mosaicos como estados alternativos mostrou ser adequada para o entendimento dos mecanismos que propiciam essa coexistência dinâmica na paisagem. / A longstanding problem in ecology is how to explain the coexistence over thousands of years of forests and natural grasslands under the same climatic regime, which favors the first, such as in forest-grasslands mosaics in South Brazil. Since the middle of the 20th century, a worldwide bush encroachment phenomenon of woody invasion in open vegetation has been threatening this relatively stable coexistence. In this sense, modelling ecological processes that arbitrate the maintenance of both vegetation formations at the landscape scale allows a better understanding of the mechanisms behind the maintenance of this coexistence, as well as predictions of future states under projections of drastic climate change over the next decades. For this, we developed a bidimensional spatial explicit model (2D-aDGVM) that aggregates an adaptive Global Vegetation Model (aDGVM), which includes topographic heterogeneity, fire spread and seed dispersal. The model aims at fulfilling the need for a more realistic representation of biophysical, physiological and demographical processes using an individualbased approach as it adapts these processes to environmental variations and disturbance regimes. In addition, the model includes important spatial ecological processes that have gained less attention by such models adopting a landscape-scale approach. Therefore, we evaluated the effect of topographic variations in incoming solar radiation on positive and on negative feedbacks that rise from those individual-based processes, and which in turns define the limiting thresholds upon which woody and grassy forms coexist. Additionally, the effects of increasing temperature, rainfall and atmospheric CO2 levels on the performance of distinct physiologies (C3-tree and C4-grass) were analyzed, as well as the sensitivity of forestgrassland mosaics to changes in climate from the preindustrial period to the next decades. Results showed that a relatively stable coexistence of forests and grasslands in the same landscape was observed with more frequent fires under the present climatic conditions. This was due to strong positive feedbacks of the huge accumulation of flammable grass biomass on fire intensity promoted by the high productivity of the present mesic conditions. On the other hand, spatio-temporal density dependent processes linked to fire and enhanced by slope at the patch scale, as well as the initial spatial arrangement of vegetation patches affected the rate of forest expansion at the landscape scale. The persistence of coexisting vegetation formations with an inherent asymmetry of competitive interactions was possible when the higher connectivity of the fire-prone patches (grassland) affected negatively the performance of the entire fire-sensitive system (forest). This was possible by overcoming its local densitydependent advantage, or by maintaining it with a low connectivity, which is expected to reduce the rate of coalescence of forest patches in a scenario of predominantly short distance dispersal. Despite the increments in biomass production, stem growth and fecundity that were observed in both grassland and forest, climate change increased the rates of forest expansion over grasslands even in presence of fire, and mainly over the next 90 years. This was attributed to a high photosynthetic advantage of C3-trees over C4-grasses in presence of fire under higher atmospheric CO2 levels. Finally, in the face of the general observed tendency of forest expansion over grasslands, the ancient grasslands have persisted as alternative ecosystem states in forest-grassland mosaics. In this sense, exploring this dynamic coexistence under the concept of alternative stable states have showed to be the most appropriate approach, and the outcomes of this novel perspective may highlight the understanding of the mechanisms behind the long-term coexistence.
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Modelo de simulação da dinâmica de vegetação em paisagens de coexistência campo-floresta no sul do Brasil

Blanco, Carolina Casagrande January 2011 (has links)
Uma questão que ainda instiga discussões na literatura ecológica é como explicar a coocorrência dinâmica e milenar de formações florestais e campestres sob um mesmo regime climático que tende a favorecer as primeiras, como ocorre atualmente com mosaicos florestacampo no sul do Brasil. A partir de meados do século XX, têm-se evidenciado um fenômeno mundial de avanço de elementos lenhosos sobre áreas abertas. Neste sentido, a modelagem dos processos ecológicos envolvidos na manutenção de ambas as formações numa escala de paisagem permite o esclarecimento dos mecanismos que atuam na manutenção dessa coexistência até o presente e permite prever estados futuros diante dos prognósticos de drásticas alterações climáticas globais já nas próximas décadas. Para tanto, desenvolveu-se um modelo espacialmente explícito (2D-aDGVM) que agrega um Modelo Adaptativo Global de Dinâmica de Vegetação (aDGVM) e ainda inclui heterogeneidades topográficas, propagação do fogo e dispersão de sementes. Este modelo busca satisfazer a necessidade de modelagem mais realista de processos biofísicos, fisiológicos e demográficos na escala de indivíduos e relacionados de forma adaptativa às variações ambientais e aos regimes de distúrbios, ao mesmo tempo que agrega importantes processos ecológicos espaciais, até então pouco ou nada abordados por esse grupo de modelos numa escala de paisagem. Com este modelo, avaliaram-se os efeitos das variações topográficas da radiação solar incidente e destas nos mecanismos de interação (feedbacks) positiva e negativa que surgem daqueles processos na escala de indivíduos e que definem localmente os limites da coexistência entre elementos arbóreos e herbáceos. Ainda, foram analisados os efeitos do aumento da temperatura, precipitação e CO2 atmosférico, desde o período pré-industrial até projeções futuras para as próximas décadas, na performance das diferentes fisiologias envolvidas, bem como no balanço daquelas interações entre as mesmas e, finalmente, na sensibilidade da dinâmica dos mosaicos floresta-campo. Os resultados evidenciaram que, sob o regime climático vigente, uma coexistência relativamente estável entre floresta e campo numa mesma paisagem é mantida por uma alta freqüência de distúrbios, que por sua vez, resulta do forte feedback positivo do acúmulo de biomassa inflamável da vegetação campestre na intensidade do fogo, proporcionado pela condição altamente produtiva do atual clima mesotérmico. Por outro lado, intensificadas pela declividade do terreno, as heterogeneidades espaciais afetaram o balanço dessas interações, interferindo nos padrões espaço-temporais relacionados ao comportamento do fogo e dependentes da densidade de elementos arbóreos. Ainda, tanto esses efeitos observados na escala das manchas de vegetação, como o arranjo espacial inicial das mesmas na paisagem, afetaram as taxas de expansão florestal. Em outras palavras, a manutenção da coexistência de duas formações vegetais constituídas por elementos de inerente assimetria competitiva é possível pela manutenção de uma maior conectividade daquela que propicia o distúrbio, superando a vantagem da outra, que por sua vez é dependente da densidade dos indivíduos. Numa escala de paisagem, isto causa a manutenção de uma baixa conectividade entre as manchas florestais, propiciando sua relativa estabilidade num contexto de dispersão predominante a curtas distâncias. Contudo, embora ambos os sistemas tenham apresentado incremento no crescimento, produtividade e fecundidade, observou-se uma sensibilidade maior no sentido de aumento das taxas de avanço florestal em resposta às projeções climáticas futuras, principalmente nos próximos 90 anos, mesmo na presença do fogo. Isto seria proporcionado pela vantagem fotossintética das árvores-C3 sobre gramíneas-C4 na presença do fogo sob altas concentrações de CO2 atmosférico. Por fim, uma abordagem mais sistêmica dos mosaicos como estados alternativos mostrou ser adequada para o entendimento dos mecanismos que propiciam essa coexistência dinâmica na paisagem. / A longstanding problem in ecology is how to explain the coexistence over thousands of years of forests and natural grasslands under the same climatic regime, which favors the first, such as in forest-grasslands mosaics in South Brazil. Since the middle of the 20th century, a worldwide bush encroachment phenomenon of woody invasion in open vegetation has been threatening this relatively stable coexistence. In this sense, modelling ecological processes that arbitrate the maintenance of both vegetation formations at the landscape scale allows a better understanding of the mechanisms behind the maintenance of this coexistence, as well as predictions of future states under projections of drastic climate change over the next decades. For this, we developed a bidimensional spatial explicit model (2D-aDGVM) that aggregates an adaptive Global Vegetation Model (aDGVM), which includes topographic heterogeneity, fire spread and seed dispersal. The model aims at fulfilling the need for a more realistic representation of biophysical, physiological and demographical processes using an individualbased approach as it adapts these processes to environmental variations and disturbance regimes. In addition, the model includes important spatial ecological processes that have gained less attention by such models adopting a landscape-scale approach. Therefore, we evaluated the effect of topographic variations in incoming solar radiation on positive and on negative feedbacks that rise from those individual-based processes, and which in turns define the limiting thresholds upon which woody and grassy forms coexist. Additionally, the effects of increasing temperature, rainfall and atmospheric CO2 levels on the performance of distinct physiologies (C3-tree and C4-grass) were analyzed, as well as the sensitivity of forestgrassland mosaics to changes in climate from the preindustrial period to the next decades. Results showed that a relatively stable coexistence of forests and grasslands in the same landscape was observed with more frequent fires under the present climatic conditions. This was due to strong positive feedbacks of the huge accumulation of flammable grass biomass on fire intensity promoted by the high productivity of the present mesic conditions. On the other hand, spatio-temporal density dependent processes linked to fire and enhanced by slope at the patch scale, as well as the initial spatial arrangement of vegetation patches affected the rate of forest expansion at the landscape scale. The persistence of coexisting vegetation formations with an inherent asymmetry of competitive interactions was possible when the higher connectivity of the fire-prone patches (grassland) affected negatively the performance of the entire fire-sensitive system (forest). This was possible by overcoming its local densitydependent advantage, or by maintaining it with a low connectivity, which is expected to reduce the rate of coalescence of forest patches in a scenario of predominantly short distance dispersal. Despite the increments in biomass production, stem growth and fecundity that were observed in both grassland and forest, climate change increased the rates of forest expansion over grasslands even in presence of fire, and mainly over the next 90 years. This was attributed to a high photosynthetic advantage of C3-trees over C4-grasses in presence of fire under higher atmospheric CO2 levels. Finally, in the face of the general observed tendency of forest expansion over grasslands, the ancient grasslands have persisted as alternative ecosystem states in forest-grassland mosaics. In this sense, exploring this dynamic coexistence under the concept of alternative stable states have showed to be the most appropriate approach, and the outcomes of this novel perspective may highlight the understanding of the mechanisms behind the long-term coexistence.
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Modelo de simulação da dinâmica de vegetação em paisagens de coexistência campo-floresta no sul do Brasil

Blanco, Carolina Casagrande January 2011 (has links)
Uma questão que ainda instiga discussões na literatura ecológica é como explicar a coocorrência dinâmica e milenar de formações florestais e campestres sob um mesmo regime climático que tende a favorecer as primeiras, como ocorre atualmente com mosaicos florestacampo no sul do Brasil. A partir de meados do século XX, têm-se evidenciado um fenômeno mundial de avanço de elementos lenhosos sobre áreas abertas. Neste sentido, a modelagem dos processos ecológicos envolvidos na manutenção de ambas as formações numa escala de paisagem permite o esclarecimento dos mecanismos que atuam na manutenção dessa coexistência até o presente e permite prever estados futuros diante dos prognósticos de drásticas alterações climáticas globais já nas próximas décadas. Para tanto, desenvolveu-se um modelo espacialmente explícito (2D-aDGVM) que agrega um Modelo Adaptativo Global de Dinâmica de Vegetação (aDGVM) e ainda inclui heterogeneidades topográficas, propagação do fogo e dispersão de sementes. Este modelo busca satisfazer a necessidade de modelagem mais realista de processos biofísicos, fisiológicos e demográficos na escala de indivíduos e relacionados de forma adaptativa às variações ambientais e aos regimes de distúrbios, ao mesmo tempo que agrega importantes processos ecológicos espaciais, até então pouco ou nada abordados por esse grupo de modelos numa escala de paisagem. Com este modelo, avaliaram-se os efeitos das variações topográficas da radiação solar incidente e destas nos mecanismos de interação (feedbacks) positiva e negativa que surgem daqueles processos na escala de indivíduos e que definem localmente os limites da coexistência entre elementos arbóreos e herbáceos. Ainda, foram analisados os efeitos do aumento da temperatura, precipitação e CO2 atmosférico, desde o período pré-industrial até projeções futuras para as próximas décadas, na performance das diferentes fisiologias envolvidas, bem como no balanço daquelas interações entre as mesmas e, finalmente, na sensibilidade da dinâmica dos mosaicos floresta-campo. Os resultados evidenciaram que, sob o regime climático vigente, uma coexistência relativamente estável entre floresta e campo numa mesma paisagem é mantida por uma alta freqüência de distúrbios, que por sua vez, resulta do forte feedback positivo do acúmulo de biomassa inflamável da vegetação campestre na intensidade do fogo, proporcionado pela condição altamente produtiva do atual clima mesotérmico. Por outro lado, intensificadas pela declividade do terreno, as heterogeneidades espaciais afetaram o balanço dessas interações, interferindo nos padrões espaço-temporais relacionados ao comportamento do fogo e dependentes da densidade de elementos arbóreos. Ainda, tanto esses efeitos observados na escala das manchas de vegetação, como o arranjo espacial inicial das mesmas na paisagem, afetaram as taxas de expansão florestal. Em outras palavras, a manutenção da coexistência de duas formações vegetais constituídas por elementos de inerente assimetria competitiva é possível pela manutenção de uma maior conectividade daquela que propicia o distúrbio, superando a vantagem da outra, que por sua vez é dependente da densidade dos indivíduos. Numa escala de paisagem, isto causa a manutenção de uma baixa conectividade entre as manchas florestais, propiciando sua relativa estabilidade num contexto de dispersão predominante a curtas distâncias. Contudo, embora ambos os sistemas tenham apresentado incremento no crescimento, produtividade e fecundidade, observou-se uma sensibilidade maior no sentido de aumento das taxas de avanço florestal em resposta às projeções climáticas futuras, principalmente nos próximos 90 anos, mesmo na presença do fogo. Isto seria proporcionado pela vantagem fotossintética das árvores-C3 sobre gramíneas-C4 na presença do fogo sob altas concentrações de CO2 atmosférico. Por fim, uma abordagem mais sistêmica dos mosaicos como estados alternativos mostrou ser adequada para o entendimento dos mecanismos que propiciam essa coexistência dinâmica na paisagem. / A longstanding problem in ecology is how to explain the coexistence over thousands of years of forests and natural grasslands under the same climatic regime, which favors the first, such as in forest-grasslands mosaics in South Brazil. Since the middle of the 20th century, a worldwide bush encroachment phenomenon of woody invasion in open vegetation has been threatening this relatively stable coexistence. In this sense, modelling ecological processes that arbitrate the maintenance of both vegetation formations at the landscape scale allows a better understanding of the mechanisms behind the maintenance of this coexistence, as well as predictions of future states under projections of drastic climate change over the next decades. For this, we developed a bidimensional spatial explicit model (2D-aDGVM) that aggregates an adaptive Global Vegetation Model (aDGVM), which includes topographic heterogeneity, fire spread and seed dispersal. The model aims at fulfilling the need for a more realistic representation of biophysical, physiological and demographical processes using an individualbased approach as it adapts these processes to environmental variations and disturbance regimes. In addition, the model includes important spatial ecological processes that have gained less attention by such models adopting a landscape-scale approach. Therefore, we evaluated the effect of topographic variations in incoming solar radiation on positive and on negative feedbacks that rise from those individual-based processes, and which in turns define the limiting thresholds upon which woody and grassy forms coexist. Additionally, the effects of increasing temperature, rainfall and atmospheric CO2 levels on the performance of distinct physiologies (C3-tree and C4-grass) were analyzed, as well as the sensitivity of forestgrassland mosaics to changes in climate from the preindustrial period to the next decades. Results showed that a relatively stable coexistence of forests and grasslands in the same landscape was observed with more frequent fires under the present climatic conditions. This was due to strong positive feedbacks of the huge accumulation of flammable grass biomass on fire intensity promoted by the high productivity of the present mesic conditions. On the other hand, spatio-temporal density dependent processes linked to fire and enhanced by slope at the patch scale, as well as the initial spatial arrangement of vegetation patches affected the rate of forest expansion at the landscape scale. The persistence of coexisting vegetation formations with an inherent asymmetry of competitive interactions was possible when the higher connectivity of the fire-prone patches (grassland) affected negatively the performance of the entire fire-sensitive system (forest). This was possible by overcoming its local densitydependent advantage, or by maintaining it with a low connectivity, which is expected to reduce the rate of coalescence of forest patches in a scenario of predominantly short distance dispersal. Despite the increments in biomass production, stem growth and fecundity that were observed in both grassland and forest, climate change increased the rates of forest expansion over grasslands even in presence of fire, and mainly over the next 90 years. This was attributed to a high photosynthetic advantage of C3-trees over C4-grasses in presence of fire under higher atmospheric CO2 levels. Finally, in the face of the general observed tendency of forest expansion over grasslands, the ancient grasslands have persisted as alternative ecosystem states in forest-grassland mosaics. In this sense, exploring this dynamic coexistence under the concept of alternative stable states have showed to be the most appropriate approach, and the outcomes of this novel perspective may highlight the understanding of the mechanisms behind the long-term coexistence.

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