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Compaixao em processos sociais e mudancas institucionais : o caso do vicariato episcopal do povo da rua em Sao PauloJunior, Fernando Altemeyer 11 October 2006 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-25T20:21:41Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Fernando Altemeyer Jr.pdf: 12259291 bytes, checksum: fb57df185112acef9388696acec59ae9 (MD5)
Previous issue date: 2006-10-11 / The main hypothesis of this thesis is that compassion can be a methodological and interpretive
guide for the social work developed by the S. Paulo Archdiocesan Vicariate for Street People.
The thesis is divided into three parts: memories, theoretical approaches and practical paradoxes.
In the first part, I have collected the remembrances of four people over the last thirteen years [1993
2005]. I trace the face and the shape of São Paulo City and situate the street people in this context. I have
chose an epistemology of compassion as the axis to overcome invisibility and social exclusion.
In the second part, I confront the Vicariate s discourses with its practical history in the context of the
São Paulo metropolis. Thus I verify that there were changes both in the aid programs and in the Church s
political action methods. I also verified a maturation process present in the streets that began with beingwith-
the-other. This action began with OAF [The Organization of Fraternal Aid], the popular missions and
the soup kitchens. The second influence was the House of Prayer and the spaces for reflection and
articulation. This process led to the Contestation Days, to political demonstrations in the streets of
downtown São Paulo and to municipal legislation for street people.
Recently, temporary shelters and jobs have been offered and above all, there was the creation of a
Cooperative for recyclable materials, organized and run by the Street People themselves. These
inhabitants of our streets have passed from being thousands of solitary individuals to being active
participants in the struggle for a public policy and an autonomous exercise of citizenship. The use of
compassion as an analytic and hermeneutical category, according to the thought of Michel Henry, shows
itself to be prolific as an explanation of the whole process. To do this it was necessary to enlarge our
semantic map to include some operative concepts: subjectivity, autonomy, inclusion and exclusion,
solidarity and liberation. Also it was necessary to include liberty, democracy, resistance, active nonviolence
and witness.
I accomplished this methodological research in flux, trying to guarantee the necessary sociological
rigor. Those who inhabit the streets were gradually involved in the fundamental task of constructing their
own social history. The record of this progression was preserved in the pages of the newspaper O
Trecheiro that was a helpful source in this study.
In the third part of this thesis I show that the public organs and services have actually changed their
policies destined to serve this population. This has created serious contradictions and possibilities. I
conclude that these institutional and social changes have altered the Church s vocabulary and methods of
pastoral activity, anticipating utopias and active solidarity.
The Vicariate is one part of number of social forces that make up the whole of civil society. There are
differences in methodology, but there is a common effort among the groups that deal with the problem to
seek solidarity and to articulate together.
The attitudes of Archbishop Luciano Mendes de Almeida, Monsignor Julio Renato Lancellotti, Sister
Dalva Ivete de Jesus, Cardinal Paulo Evaristo Arns and Sister Regina Maria Manoel, together with the
exemplary lives of Nenuca, Alfredinho and dom Bagaço , have become signs of a new way of pastoral
action for a significant part of the Church in São Paulo. This action is compassion s born and open to
collective and utopian horizons. / A hipótese central desta tese é a de que a compaixão pode ser uma guia
metodológica e interpretativa dos trabalhos sociais desenvolvidos pelo Vicariato
Episcopal do Povo de Rua.
A tese se divide em três partes: memórias, abordagem teórica e
paradoxos.
Na primeira parte, recolho as memórias de quatro personagens nos
últimos treze anos (1993-2005). Traço o rosto e a moldura da cidade de São
Paulo e situo a população de Rua nesse contexto. Assumo uma epistemologia
da compaixão como princípio de superação da invisibilidade e da exclusão
social.
Na segunda parte, confronto os discursos com a prática histórica do
Vicariato no contexto da metrópole paulistana. Constato que houve mudanças
das práticas assistenciais e uma alteração significativa do método de ação
política da Igreja. Verifico o processo de amadurecimento da presença nas
Ruas, iniciado com o estar-com-o-outro. No princípio da ação estão a OAF, as
missões populares e as sopas comunitárias. Em uma segunda fase a Casa de
Oração e espaços de reflexão e articulação. Daí os Dias de Luta e a
manifestação política pelas Ruas do centro da cidade, e a conquista da lei
municipal do povo da Rua. Em etapa recente, a constituição de abrigos
provisórios, dos projetos alternativos de renda e, sobretudo, a criação das
cooperativas de papel e material reciclável, organizadas e geridas pelos
próprios catadores. Da uma individualidade solitária, passa-se para a
participação ativa das pessoas de Rua, na luta por políticas públicas e pelo
exercício autônomo da cidadania. O uso da compaixão, como categoria
analítica e hermenêutica, à luz do pensamento de Michel Henry, se mostrou
fecundo para explicar o processo. Foi preciso construir um mapa semântico
mais amplo, que incluiu alguns conceitos operativos: subjetividade, autonomia,
inclusão e exclusão, solidariedade e libertação. E temas como liberdade,
democracia, resistência, passividade ativa e, testemunho. Realizei a pesquisa
metodológica in flux , procurando garantir o rigor sociológico essencial. Os
moradores de Rua foram envolvidos gradualmente na tarefa fundamental de
produção de sua própria história social. O registro desta trajetória foi guardado
nas páginas do jornal O Trecheiro que serviu de fonte auxiliar.
Na terceira parte, busco comprovar que os órgãos e serviços do poder
público de fato alteraram as políticas públicas destinadas a atender esta
população e que isto gerou contradições e possibilidades reais. Constato que
as mudanças institucionais e sociais alteraram vocabulários e modos de ação
pastoral, antecipando utopias e solidariedade ativa.
O Vicariato faz parte de um conjunto de forças sociais, que compõem a
sociedade civil. Há grandes diferenças na questão metodológica do trabalho,
mas um empenho comum em trabalhar a solidariedade e a articulação dos
grupos que lidam com a questão da Rua.
Os gestos de dom Luciano Mendes de Almeida; do padre Julio Renato
Lancellotti, da irmã Dalva Ivete de Jesus, de dom Paulo Evaristo Cardeal Arns
e da irmã Regina Maria Manoel, além das vidas paradigmáticas de Nenuca,
Alfredinho e dom Bagaço, tornam-se exemplos de ação de parcela da Igreja
paulistana, inspirada na compaixão e aberta a horizontes utópicos coletivos
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Compaixão em processos sociais e mudanças institucionais : o caso do vicariato episcopal do povo da rua em São PauloAltemeyer Junior, Fernando 11 October 2006 (has links)
Made available in DSpace on 2016-04-26T14:56:00Z (GMT). No. of bitstreams: 1
Fernando Altemeyer Jr.pdf: 12259291 bytes, checksum: fb57df185112acef9388696acec59ae9 (MD5)
Previous issue date: 2006-10-11 / The main hypothesis of this thesis is that compassion can be a methodological and interpretive
guide for the social work developed by the S. Paulo Archdiocesan Vicariate for Street People.
The thesis is divided into three parts: memories, theoretical approaches and practical paradoxes.
In the first part, I have collected the remembrances of four people over the last thirteen years [1993
2005]. I trace the face and the shape of São Paulo City and situate the street people in this context. I have
chose an epistemology of compassion as the axis to overcome invisibility and social exclusion.
In the second part, I confront the Vicariate s discourses with its practical history in the context of the
São Paulo metropolis. Thus I verify that there were changes both in the aid programs and in the Church s
political action methods. I also verified a maturation process present in the streets that began with beingwith-
the-other. This action began with OAF [The Organization of Fraternal Aid], the popular missions and
the soup kitchens. The second influence was the House of Prayer and the spaces for reflection and
articulation. This process led to the Contestation Days, to political demonstrations in the streets of
downtown São Paulo and to municipal legislation for street people.
Recently, temporary shelters and jobs have been offered and above all, there was the creation of a
Cooperative for recyclable materials, organized and run by the Street People themselves. These
inhabitants of our streets have passed from being thousands of solitary individuals to being active
participants in the struggle for a public policy and an autonomous exercise of citizenship. The use of
compassion as an analytic and hermeneutical category, according to the thought of Michel Henry, shows
itself to be prolific as an explanation of the whole process. To do this it was necessary to enlarge our
semantic map to include some operative concepts: subjectivity, autonomy, inclusion and exclusion,
solidarity and liberation. Also it was necessary to include liberty, democracy, resistance, active nonviolence
and witness.
I accomplished this methodological research in flux, trying to guarantee the necessary sociological
rigor. Those who inhabit the streets were gradually involved in the fundamental task of constructing their
own social history. The record of this progression was preserved in the pages of the newspaper O
Trecheiro that was a helpful source in this study.
In the third part of this thesis I show that the public organs and services have actually changed their
policies destined to serve this population. This has created serious contradictions and possibilities. I
conclude that these institutional and social changes have altered the Church s vocabulary and methods of
pastoral activity, anticipating utopias and active solidarity.
The Vicariate is one part of number of social forces that make up the whole of civil society. There are
differences in methodology, but there is a common effort among the groups that deal with the problem to
seek solidarity and to articulate together.
The attitudes of Archbishop Luciano Mendes de Almeida, Monsignor Julio Renato Lancellotti, Sister
Dalva Ivete de Jesus, Cardinal Paulo Evaristo Arns and Sister Regina Maria Manoel, together with the
exemplary lives of Nenuca, Alfredinho and dom Bagaço , have become signs of a new way of pastoral
action for a significant part of the Church in São Paulo. This action is compassion s born and open to
collective and utopian horizons. / A hipótese central desta tese é a de que a compaixão pode ser uma guia
metodológica e interpretativa dos trabalhos sociais desenvolvidos pelo Vicariato
Episcopal do Povo de Rua.
A tese se divide em três partes: memórias, abordagem teórica e
paradoxos.
Na primeira parte, recolho as memórias de quatro personagens nos
últimos treze anos (1993-2005). Traço o rosto e a moldura da cidade de São
Paulo e situo a população de Rua nesse contexto. Assumo uma epistemologia
da compaixão como princípio de superação da invisibilidade e da exclusão
social.
Na segunda parte, confronto os discursos com a prática histórica do
Vicariato no contexto da metrópole paulistana. Constato que houve mudanças
das práticas assistenciais e uma alteração significativa do método de ação
política da Igreja. Verifico o processo de amadurecimento da presença nas
Ruas, iniciado com o estar-com-o-outro. No princípio da ação estão a OAF, as
missões populares e as sopas comunitárias. Em uma segunda fase a Casa de
Oração e espaços de reflexão e articulação. Daí os Dias de Luta e a
manifestação política pelas Ruas do centro da cidade, e a conquista da lei
municipal do povo da Rua. Em etapa recente, a constituição de abrigos
provisórios, dos projetos alternativos de renda e, sobretudo, a criação das
cooperativas de papel e material reciclável, organizadas e geridas pelos
próprios catadores. Da uma individualidade solitária, passa-se para a
participação ativa das pessoas de Rua, na luta por políticas públicas e pelo
exercício autônomo da cidadania. O uso da compaixão, como categoria
analítica e hermenêutica, à luz do pensamento de Michel Henry, se mostrou
fecundo para explicar o processo. Foi preciso construir um mapa semântico
mais amplo, que incluiu alguns conceitos operativos: subjetividade, autonomia,
inclusão e exclusão, solidariedade e libertação. E temas como liberdade,
democracia, resistência, passividade ativa e, testemunho. Realizei a pesquisa
metodológica in flux , procurando garantir o rigor sociológico essencial. Os
moradores de Rua foram envolvidos gradualmente na tarefa fundamental de
produção de sua própria história social. O registro desta trajetória foi guardado
nas páginas do jornal O Trecheiro que serviu de fonte auxiliar.
Na terceira parte, busco comprovar que os órgãos e serviços do poder
público de fato alteraram as políticas públicas destinadas a atender esta
população e que isto gerou contradições e possibilidades reais. Constato que
as mudanças institucionais e sociais alteraram vocabulários e modos de ação
pastoral, antecipando utopias e solidariedade ativa.
O Vicariato faz parte de um conjunto de forças sociais, que compõem a
sociedade civil. Há grandes diferenças na questão metodológica do trabalho,
mas um empenho comum em trabalhar a solidariedade e a articulação dos
grupos que lidam com a questão da Rua.
Os gestos de dom Luciano Mendes de Almeida; do padre Julio Renato
Lancellotti, da irmã Dalva Ivete de Jesus, de dom Paulo Evaristo Cardeal Arns
e da irmã Regina Maria Manoel, além das vidas paradigmáticas de Nenuca,
Alfredinho e dom Bagaço, tornam-se exemplos de ação de parcela da Igreja
paulistana, inspirada na compaixão e aberta a horizontes utópicos coletivos
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