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Ontologia e acontecimento no pensamento de Alain Badiou

ROSSI, A. M. 31 August 2015 (has links)
Made available in DSpace on 2016-08-29T15:08:30Z (GMT). No. of bitstreams: 1 tese_9091_DISSERTACAO DE MESTRADO - Adelmo Marcos Rossi.pdf: 712401 bytes, checksum: 618c6634a22318266ca8bec29031fec3 (MD5) Previous issue date: 2015-08-31 / O nosso propósito nesta dissertação é fazer uma leitura da filosofia de Alain Badiou a partir de um viés fundador: o enunciado lacaniano il y a de lun. Esse enunciado, lido pelo psicanalista Jacques Lacan na filosofia de Platão, é o termo proferido no instante em que o ser humano se depara com o súbito, um acontecimento imprevisto. Nesse instante inaugural o ser humano passa para a condição de sujeito. Alain Badiou parte do princípio de que todo ser humano é, no início, um mortal comum condicionado a repetir o saber instituído. O sujeito surge quando esse mortal comum se depara com a ausência de saber para se relacionar com o imprevisto e enuncia um novo pensamento. Nesse sentido, o sujeito é raro. Esse modo de pensar permite compreender a própria ontologia como um acontecimento: o acontecimento do Ser. Esse será para nós o acontecimento ontológico. É o instante inaugural do surgimento do primeiro nome. Para Alain Badiou, o vazio é o nome próprio do Ser. O matemático Georg Cantor foi quem criou as condições para essa nomeação. Badiou considera o vazio como ontológico e iguala esse vazio ao conjunto vazio da teoria matemática dos conjuntos. Essa teoria enquanto teoria do múltiplo puro encontra-se no fundamento da multiplicidade que reina no mundo empírico. Partindo dessa concepção é possível retomar o conceito filosófico de sujeito instituído por Descartes: o sujeito cartesiano é aquele que operou uma recusa de todo saber vindo a deparar-se com o vazio que ronda a estrutura do saber, e inventa um fundamento primeiro, o Cogito. Jacques Lacan promove a operação cartesiana de deposição do saber para a condição de método de tratamento psicanalítico. A psicanálise lacaniana apropria-se do conceito de acontecimento imprevisto para pensar a teoria do ato analítico. O psicanalista se coloca na escuta do paciente na expectativa de que o excedente de sentido que inflaciona o seu discurso seja gradualmente reduzido até que se alcance um zero de sentido, momento propício para o ato analítico. O ato analítico, sendo um acontecimento imprevisto para o próprio psicanalista, é algo da ordem de um horror: o psicanalista lacaniano tem horror ao seu ato. Pensado desse modo, o acontecimento imprevisto em geral, e o ato analítico em particular, tem função ontológica: é quando o ser humano comum advém sujeito ao encontrar o seu fundamento, a sua fórmula: o seu nome próprio. Jacques Lacan propõe o conceito de matema como aquilo que se situa no fundamento de um novo sujeito. Badiou pensa esse matema como sendo o axioma do sujeito.

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